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Roberto Midlej
Publicado em 10 de março de 2015 às 11:07
- Atualizado há 2 anos
Admiradora de Rita Lee, a cantora paulista Andreia Dias, 42 anos, se apresentava em 2013 na noite paulistana. No repertório, estavam canções da fase psicodélica da rainha do rock brasileiro, gravadas no início dos anos 1970, extraídas principalmente de dois álbuns: Build Up (1970) e Hoje É o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida (1972), ambos sem Os Mutantes, a banda que revelou Rita Lee. Em Prisioneira do Amor, Andreia Dias interpreta dez canções de Rita, incluindo a rara Bad Trip, nunca lançada (Foto: Angelica Rodrigues/Divulgação)O DJ Zé Pedro, dono do selo Joia Moderna, encantou-se com uma daquelas apresentações. Animado, ligou para Marcus Preto, jornalista e produtor musical, que logo depois proporia a Andreia gravar um álbum de estúdio baseado no set list daqueles shows. O resultado é o disco Prisioneira do Amor (Joia Moderna/R$ 25), disponível em formato físico e também em streaming e download no Soundcloud.“Aquele show que deu origem ao disco começou por acaso. Eu estava num bar assistindo aos irmãos Beto e Rubens Nardo (que gravaram com Rita Lee nos anos 1970) e cantei Lança Perfume com eles. Foi daí que surgiu a ideia das apresentações cantando Rita Lee”, lembra-se Andreia Dias, que lança seu quarto álbum-solo. No anterior, Pelos Trópicos, a faixa que batizou o disco teve a participação do BaianaSystem.Psicodelismo A escolha do repertório de Prisioneira do Amor coube a Andreia junto com Marcus Preto, diretor artístico do álbum, e com Tim Bernardes, produtor do álbum. Tim, da banda O Terno, é o produtor responsável pelo tom psicodélico dos arranjos.As canções são extraídas principalmente daqueles mesmos álbuns que deram origem ao show, com alguns acréscimos, como a rara Bad Trip. Rita Lee chegou a gravar a faixa num LP que jamais foi lançado: Cilibrinas do Éden, que batizava também a banda formada por Rita e a guitarrista Lúcia Turnbull. “Ouvi essa música há uns 15 anos, em uma fita cassete na casa de uma amiga, Mathilda Kóvak, que já foi parceira musical de Rita Lee. Quando decidi fazer Prisioneira do Amor, a escutei novamente na internet”, lembra-se Andreia. Dos hits de Rita Lee, pouco se ouve no disco de Andreia. Talvez a única composição que tenha feito sucesso seja Ovelha Negra, do álbum Fruto Proibido (1975), em que a ex-Mutante era acompanhada pela banda Tutti Frutti. “Como a ‘ovelha negra’ da música, eu também fui amaldiçoada pelos meus pais quando saí de casa”, brinca.As outras nove canções do álbum são do ‘lado B’ de Rita Lee, como Marcus Preto faz questão de destacar no encarte do disco: “Teríamos que fugir por completo do clima ‘cover’. Proibido cair na armadilha da ‘releitura gostosinha’”.Desse lado B, surge um outro tesouro, Beija-me Amor (Arnaldo Baptista e Élcio Delcário), com a sua letra original, no lugar daquela que foi liberada pela censura. Os versos proibidos, agora resgatados, eram “Beije-me a boca/ Com tua boca vermelha/ Para que eu sinta a saliva/ E o gosto de cuspe/ Escorrendo entre os dentes meus”. E os irmãos Nardo, fundamentais no surgimento do álbum, estão na gravação de Precisamos de Irmãos. A faixa é, para os fãs de Rita Lee, uma chance de viajar até os anos 70, quando a dupla gravava com a cantora que simboliza o rock brasileiro.>