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Laura Fernades
Publicado em 13 de julho de 2016 às 13:14
- Atualizado há 2 anos
Estudo, respiração, responsabilidade e humildade, para se reciclar. Se não fosse essa fórmula, talvez a cantora baiana Rosa Passos, 64 anos, não estivesse tão tranquila com o resultado do seu novo álbum: Rosa Passos Ao Vivo (Biscoito Fino). Afinal, foi pega de surpresa durante o show em Carmelo, no Uruguai, pelo técnico de som que gravou tudo como se fosse um disco, sem combinar com ninguém.Resultado: surgiu ali o primeiro registro ao vivo de uma carreira que tem 35 anos de história e que já passou por 38 países nos cinco continentes. “Se fosse combinado, não ficaria tão bom! Agora está aí, o filhote na praça”, comemora Rosa Passos, sorridente, ao falar do seu primeiro registro ao vivo, fruto da turnê que fez pela América Latina, em 2014. Rosa Passos lança álbum gravado no Uruguai, com repertório que inclui canções de Gil, Caetano e Djavan (Foto: Mirna Modulo/ Divulgação)Constantemente comparada ao conterrâneo João Gilberto, a cantora, compositora e violonista apresenta um repertório “jazzisticamente brasileiro”, composto por grandes nomes da música nacional. Entre eles estão Gilberto Gil, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Djavan, Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980).“Também sou compositora, mas tenho uma ligação com os grandes da música brasileira. O cancioneiro é muito rico e você pode estar sempre variando. Se pudesse, faria um CD por mês!”, diverte-se Rosa Passos, enquanto enumera nomes como Caetano Veloso, Gonzaguinha (1945-1991)...Guiada pelo coração, a artista interpreta o clássico Emoções, de Roberto e Erasmo Carlos, com uma “levada fox”. Escolhido exclusivamente para o show, o hit divide espaço com algumas composições de Gilberto Gil como Ladeira da Preguiça e Preciso Aprender a Ser Só.“Esse registro veio mostrar a capacidade de variar, com um repertório vasto. Estou sempre buscando coisas novas para o show. Gosto de me desafiar e desafiar meus músicos. O público merece isso”, garante Rosa, que, na apresentação, é acompanhada pelos músicos Lula Galvão, Celso de Almeida, Paulo Paulelli e José Reinoso.O repertório da apresentação também inclui músicas já gravadas por Rosa em algum momento de sua carreira, como Só Danço Samba, de Tom e Vinicius; Meu Bem, Meu Mal, de Caetano; e três composições de Djavan: A Ilha, Maçã e Capim.SofridaAo ser questionada sobre um possível show em Salvador, sua terra natal, Rosa gargalha sem esperança. “Gostaria muito, mas é tão difícil. Vou para os EUA, para a Europa, mas meu país é muito difícil... Não depende de mim, depende dos contratantes. Minha agenda é muito mais internacional do que brasileira. É aquele compasso homeopático”, lamenta.Com andanças pela Europa, Estados Unidos e Ásia, que incluem turnês com o cantor francês Henri Salvador (1917- 2008) e o violoncelista franco- americano Yo Yo Ma, Rosa Passos acredita que “a música brasileira está sofrida”. “Não tenho nada contra estilos, mas acho que os espaços não são iguais. A qualidade da música brasileira fica em um espaço muito pequeno. A grande mídia só dá espaço para as coisas descartáveis”, alfineta. “As pessoas estão carentes de música boa”, garante.>