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O TCE apontou que, apesar da aplicação de 165 infrações pela fiscalização da Agerba em 2023, nenhum valor foi recebido em multas
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2024 às 21:30
A auditoria do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) constatou a omissão da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) em aplicar sanções à concessionária Internacional Travessias Salvador (ITS), responsável por operar o Sistema Ferryboat na Bahia.
Segundo o órgão, a fiscalização concluída em dezembro de 2023 apontou descumprimento de obrigações contratuais relacionadas à manutenção técnica e à limpeza das embarcações, além das longas filas de esperas, dos atrasos no embarque e da indisponibilidade dos canais de comunicação para informações e compra de bilhetes.
O TCE informou ainda que, apesar da aplicação de 165 autos de infração pela fiscalização da Agerba, entre janeiro e setembro de 2023, a autarquia não emitiu boletos para arrecadação de multas pela concessionária. Ou seja, nenhum valor foi recebido pelas infrações.
A demora na análise dos processos pelos setores responsáveis da Agerba seria o motivo das multas nunca terem sido aplicadas.
Os auditores concluíram que as irregularidades caracterizam erros grosseiros cometidos pela gestão da Agerba. O processo de auditoria ainda está em tramitação no TCE, aguardando julgamento.
Atualmente, os auditores estão analisando se as determinações emitidas em 2022 pelo TCE/BA à gestão da Agerba foram cumpridas. Estas determinações são consequência de um trabalho realizado em 2021 que constatou irregularidades relacionadas às reformas e à requalificação das edificações/instalações dos Terminais Hidroviários de Bom Despacho e São Joaquim; ao inadequado funcionamento da Ouvidoria da Agerba em receber, apurar e solucionar queixas/reclamações dos usuários; à ausência de Comissão de Fiscalização composta por representantes do poder público, da ITS e dos usuários; e à ausência de verificação do desempenho da Concessionária por meio dos indicadores definidos contratualmente.
O TCE alertou que os gestores da Agerba podem sofrer sanções caso seja concluído que as providências necessárias para o cumprimento das determinações não foram adotadas, seja com a desaprovação de prestação de contas, ou multas que podem chegar a R$ 33.376,05.
A Agerba foi procurada para esclarecimentos, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Em nota, a concessionária afirmou que realiza manutenções preventivas programadas nas embarcações e que apenas em casos excepcionais, que necessitam de importação de peças e nos casos em que as embarcações passam por docagens, o processo de manutenção leva mais tempo que o regular.
Sobre as longas filas de esperas, a ITS argumentou que a responsabilidade deve ser creditada ao período do verão, que incorre em um fluxo maior de passageiros e veículos em trânsito, chegando a atingir o triplo do fluxo normal, ao passo que afirmou não haver atrasos nos embarques.
Na última terça-feira (19), A Internacional Travessias foi notificada por suspensão de serviço sem aviso prévio, durante uma operação de fiscalização liderada pelo Ministério Público do Estado da Bahia.
A fiscalização foi iniciada após o cancelamento de uma viagem 10 minutos antes do horário previsto, sem justificativa. Segundo a Internacional Travessias, o cancelamento ocorreu pela falta de embarcações necessárias, havendo apenas três ferries disponíveis no momento da viagem.
A empresa já havia recebido uma multa de R$1 milhão da Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon). No entanto, a Internacional Travessias continuou enfrentando críticas dos consumidores devido a falhas na prestação de serviços.
Na inspeção do Ministério Público também foram encontradas outras irregularidades no Terminal Marítimo de São Joaquim e em embarcações que realizam a travessia Salvador-Itaparica, como a ausência de certificado de licença do Corpo de Bombeiros (CB) e projeto de incêndio e pânico, que chegou a ser apresentado pela Internacional Travessias, mas não foi aprovado pelo CB desde o ano de 2018. Além disso, o salão de passageiros não possui saída de emergência.
Também foram identificadas irregularidades quanto à acessibilidade e condições sanitárias dos ferries. Segundo a promotora Thelma Leal, o contrato de concessão firmado, em 2014, entre o Estado e Internacional Marítima, está sendo descumprido pelas duas partes.