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Angela Davis lota auditório da Faculdade de Direito da Ufba

Escritora está em Salvador para lançamento de livro e para participar de congresso

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 11 de julho de 2023 às 15:17

Escritora comenta sobre o lançamento do livro em congresso
Escritora comenta sobre o lançamento do livro em congresso Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

O auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, no Canela, ficou lotado para assistir a palestra da ativista negra norte-americana, escritora e professora emérita da Universidade da Califórnia, Angela Davis, 79 anos, nesta terça-feira (11). No encontro ela falou sobre racismo, feminismo, encarceramento, abolicionismo e capitalismo, entre outros pontos.

Davis é considerada uma referência em debates raciais e feministas e esteve na universidade para participar do XVIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic), que acontece até 14 de julho. Quase 1h antes do evento, uma fila enorme se formou na porta do auditório. A maioria era estudantes de diversos cursos de graduação e pós-graduação, além de docentes da universidade.

A convidada começou o discurso com um ‘bom dia’, em português, em seguida, falou da relação especial com o Brasil, onde ela já esteve em outras ocasiões, e do lançamento do livro 'Abolicionismo. Feminismo. Já’ (Companhia das Letras), que ela escreveu com as coautoras Gina Dent, que também estava na mesa, Erica R. Meiners e Beth E. Richie.

“Pensamos que escrever esse livro seria fácil, porque somos feministas, abolicionistas e estamos nos mesmos círculos [de pesquisa] há anos, mas foi muito difícil. Descobrimos que tínhamos muitas diferenças e que elas podem ser produtivas. Eu já escrevi uns 12 livros e esse foi o mais difícil”, contou.

A produção da obra aconteceu durante a pandemia, em reuniões on-line, e o livro discute feminismo interseccional, internacionalista e abolicionista, e aborda as problemáticas que envolvem o processo de encarceramento. Angela citou a música I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free, da cantora negra norte-americana Nina Simone, para comentar sobre o enfretamento ao racismo e outros tipos de crimes e preconceitos.

“A música diz ‘eu gostaria de saber como é a sensação de ser livre’. Nosso desafio é passar para as demais gerações esse impulso de luta pela liberdade de forma que a gente consiga um dia saber o que é ser livre”, afirmou.

Sentada ao lado dela, a também professora na universidade da Califórnia e pesquisadora de literatura, Gina Dent, lembrou as palavras do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que afirmou que para conhecer uma sociedade é preciso conhecer as prisões dessa sociedade. Ela disse que o fato de a população carcerária ser formada em grande maioria por pessoas negras não é por acaso.

“As pessoas de pele mais escuras são aquelas que estão encarceradas e isso acontece em qualquer lugar do mundo. Em prisões da Escandinávia, onde a gente imaginava que a maioria seria branca, não é. O cárcere não é uma reunião de pessoas que cometeram crimes, mas um conjunto de pessoas que foram criminalizadas”, afirmou.

A mediação da mesa ficou sob a responsabilidade da advogada e professora de Literatura da Ufba Denise Carrascosa, que assina o prefácio de Abolicionismo. Feminismo. Já. Ela lembrou que o pai foi um advogado negro em Salvador e que a família tem origens em bairros periféricos, como a Liberdade, e cobrou mais compromisso da universidade com as questões identitárias.

A especialista em relações étnico-raciais e estudante de Gênero e Diversidade, Tainara Ferreira, 31, disse que estava ansiosa. “Ver uma pessoa que a gente lê, estuda e pesquisa, assim, ao vivo e a cores, uma lenda viva, é uma oportunidade única”, afirmou.

Já a estudante de mestrado em Filosofia, Milena Cruz, 23, destacou a importância da pesquisadora. “Ela é uma figura emblemática em ralação ao conhecimento, porque é uma mulher preta e uma espécie de exemplo para outras mulheres pretas estarem nesse ambiente acadêmico que historicamente nos foi negligenciado”, disse.

As inscrições estavam esgotadas e todas as cadeiras do auditório foram ocupadas, mas a organização ouviu os apelos dos estudantes que não conseguiram fazer o cadastro e aguardavam do lado de fora, e permitiu que eles entrassem e ocupassem os corredores. Muitos assistiram a mesa de pé. O evento teve apresentações artísticas, entrega de placas de honraria e a presença da ministra da Igualdade Racial e fundadora do Instituto Marielle Franco, Aniele Franco, além de outras autoridades.

Livro

• Abolicionismo. Feminismo. Já. Angela Y. Davis, Gina Dent, Erica R. Meiners, Beth E. Richie

• Tradução: Raquel de Souza

• Número de páginas: 288

• Preço: R$ 59,90 | E-book: R$: 34,90