Autoridades lamentam e cobram investigação sobre a morte de Mãe Bernadete

Líder quilombola foi assassinada a tiros em Simões Filho

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  • Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2023 às 08:43

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Mãe Bernadete Crédito: Divulgação

A morte da líder quilombola Mãe Bernadete causou comoção entre autoridades e a comunidade quilombola. Bernadete Pacífico, 72 anos, foi morta a tiros dentro de casa, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, na noite dessa quinta-feira (17).

O ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, lamentou a morte e informou que equipes do ministério vão vir à Bahia para acompanhar o caso. "Determinei o imediato deslocamento das equipes do @mdhcbrasil até Simões Filho, na Bahia. Expresso minha solidariedade aos familiares e à comunidade", escreveu no X, antigo Twitter.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, emitiu uma nota sobre o caso e cobrou o governador Jerônimo Rodrigues sobre a investigação. "Expresso o meu pesar pelo assassinato brutal de Mãe Bernadete, Mestra da Comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares, liderança reconhecida internacionalmente, que acaba de ser executada, em uma ação que traz semelhanças com o fato que tirou a vida do seu filho, Binho do Quilombo. Meus sentimentos sinceros a todos e todas da comunidade. Peço ao governador @jeronimorodriguesba apoio à comunidade nesse momento de dor. A intolerância religiosa e o racismo precisam ser combatidos com rigor!", escreveu, no Instagram.

O ex-prefeito de Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto (União Brasil), prestou solidariedade pela perda. "Conhecida em todo país pela dedicação às causas quilombolas, Bernadete Pacífico foi assassinada dentro de um templo sagrado. Minha solidariedade aos amigos, familiares e à comunidade. Que os responsáveis por esse crime cruel sejam urgentemente identificados e punidos".

João Jorge, presidente da Fundação Palmares, expressou pesar. "A Fundação Cultural Palmares expressa profundo pesar pela morte da Líder quilombola Mãe Bernadete. Mãe Bernadete foi assassinada a tiros dentro do terreiro, na Comunidade Remanescente de Quilombo Pitanga de Palmares, em Simões Filho, no estado da Bahia, nesta quinta-feira".

Mãe Bernadete estava à frente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A entidade emitiu uma nota de pesar pela morte da coordenadora nacional e cobrou que o Estado garanta proteção às lideranças quilombolas.

"A Conaq exige que o Estado brasileiro tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares. É dever do Estado garantir que haja uma investigação célere e eficaz e que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças desse Quilombo sejam devidamente responsabilizados. É crucial que a justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida, mas também para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados", diz um trecho da nota.

O governador Jerônimo Rodrigues afirmou, também pelas redes sociais, que determinou que as polícias Civil e Militar fossem de imediato ao local e "que sejam firmes na investigação". Ele disse ainda que outras secretarias do governo devem atuar no caso. "Deixo aqui meu compromisso na apuração das circunstâncias e um abraço, tanto de minha parte, quanto de Tatiana, à família e à comunidade. Não permitiremos que defensores de direitos humanos sejam vítimas de violência em nosso estado", escreveu.

A deputada estadual Olívia Santana também usou as redes sociais para pedir uma investigação rigorosa do crime. "Não podem ficar impunes. Uma perda dolorosa e irreparável! Minha solidariedade aos familiares e à comunidade", escreveu.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) também prestou condolências à família de Mãe Bernadete e afirmou que vai atuar no caso. "O MP presta seu compromisso de que atuará de forma firme, em parceria com as forças policiais, na apuração, identificação e responsabilização criminal dos autores", diz a nota.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos emitiu uma nota afirmando que está dando assistência à família e à comunidade do Quilombo Comunidade de Pitanga de Palmares. "Em conjunto com as secretarias de Promoção da Igualdade Racial, de Assistência e Desenvolvimento Social e de Segurança Pública, estamos unindo esforços para garantir toda assistência e solidariedade aos familiares e à comunidade de Mãe Bernadete, nossa companheira na defesa dos direitos humanos".

O deputado Hilton Coelho (PSOL) registrou na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), moção de pesar pelo assassinato. “Sua ausência será profundamente sentida. Seu espírito inspirador, sua história de vida, suas palavras de guia continuarão a orientar-nos e às gerações futuras. Uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos. Foi EXECUTADA na noite desta quinta-feira (17). Era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), liderança quilombola da comunidade Pitanga dos Palmares, também assassinado há 6 anos. O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça”, destaca o parlamentar.

A comunidade do Terreiro São Jorge Filho da Goméia cobrou punição aos responsáveis pelo crime. "Imprescindível, nesse momento de dor e de solidariedade que se cobre das autoridades civis e militares a efetiva investigação e punição dos responsáveis pelas execuções de Iyá Bernadete e de seu filho Binho do Quilombo, ocorrido seis anos atrás nos mesmos moldes do ontem ocorrido com ela. É preciso que a solidariedade e compreensão da importância do combate ao racismo em todas as suas perversas formas, saiam do papel e das redes sociais e entrem efetivamente no campo das ações práticas governamentais e jurídicas penais. Punição aos mandantes e executores de Iyá Bernadete e Binho do Quilombo!".

A Universidade Federal da Bahia expressou, por meio de nota, "indignação e pesar" pelo assassinato. "A crueldade com que Mãe Bernadete, de 72 anos, teve sua vida ceifada, com disparos à queima-roupa, torna o crime ainda mais bárbaro e exige rápida e firme resposta das autoridades, na identificação e punição aos responsáveis; mas também da sociedade, em forma de mobilização e reafirmação da luta por paz e pelo direito à terra, contra o racismo e a intolerância religiosa", diz um trecho do texto.