Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Águas da bacia do Velho Chico sofrem com poluição e tratamento inadequado do esgoto, aponta especialista
Larissa Almeida
Publicado em 8 de maio de 2024 às 21:26
A campanha "Eu viro Carranca para defender o Velho Chico", que tem como intuito dar visibilidade à necessidade de proteção e revitalização do Rio São Francisco, foi lançada na tarde desta quarta-feira (8) no Hotel Bahia Mar, no Jardim de Alah, em Salvador. Desenvolvida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a iniciativa, que já está em sua 11ª edição, conta com programação em quatro municípios cuja importância do rio é central para seu desenvolvimento. Entre eles, está o município de Cariranha, localizado no Oeste da Bahia.
O evento contou com a presença do vice-presidente do Comitê Marcus Vinícius Polignano, dos quatro representantes das regiões fisiográficas do Rio São Francisco, do secretário da instituição, da diretora-geral da Agência Peixe Vivo Elba Alves e dos representantes das prefeituras de São Francisco (MG), Cariranha (BA), Delmiro Gouveia (AL) e Lagoa Grande (PE).
Durante a apresentação da campanha, foi divulgado que o CBHSF investe o recurso da cobrança pelo uso da água em estudos, ações, programas, projetos e obras que têm como objetivo a melhoria da qualidade e quantidade da água, além da revitalização da bacia. Atualmente, o Comitê tem 51 projetos em execução, 17 projetos em licitação e 33 projetos diversos a serem iniciados em 2024, que abrangem saneamento, recuperação hidroambiental, educação ambiental, segurança hídrica, entre outras vertentes.
Dessa forma, a campanha tem como intuito popularizar as ações que têm sido feitas e chamar aqueles que se beneficiam do Velho Chico para apoiar a luta pela sua melhoria. “É uma campanha para fortalecer o sentimento de pertencimento à uma bacia que tem uma riqueza absolutamente diversa, tanto em biodiversidade quanto em recursos hídricos e de energia. Estamos, primeiro, saudando todas as riquezas, mas também mandando um recado de que essas riquezas precisam ser preservadas. Para isso acontecer, para o São Francisco continuar tendo vida e nos dando vida, é fundamental que ele se revitalize”, defendeu Marcus Vinícius Polignano, vice-presidente do CBHSF.
Além de mobilizar a sociedade que depende do rio, a iniciativa também tem entre seus objetivos apresentar os principais fatores de pressão que têm impactado a bacia, reinserir a necessidade de revitalização dela na política nacional, bem como destacar sua importância tanto na formação histórica quanto nos seus usos. No que diz respeito aos fatores de pressão, os principais problemas enfrentados pelo Velho Chico são a poluição e falta de tratamento adequado dos esgotos.
“A água no Baixo São Franciso, a jusante de Paulo Afonso, por exemplo, tem problemas sérios de poluição por conta da destruição da mata ciliar, dos processos de erosão, da falta de tratamento correto dos esgotos. Todos esses fatores somados à questão das vazões faz um coquetel de problemas, que eu coloco como principais. A questão das vazões também está ligada ao processo do aquecimento global. Quando o nível de água das vazões abaixa, a qualidade do rio fica pior, com mais esgoto e menos água. Esse é um problema sério”, ressaltou Anivaldo de Miranda Pinto, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco.
De acordo com dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 20 milhões de brasileiros vivem em toda a bacia do Rio São Francisco, que engloba 505 municípios, sendo que 155 deles estão situados na Bahia. O São Francisco também é o maior rio brasileiro, com bacia que corresponde a 8% do território nacional e abriga os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
É por conta dessa importância central do Velho Chico para a meio ambiente que Ednaldo de Castro Campos, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, que compreende dez cidades baianas, entende a campanha como essencial para chamar atenção das autoridades. “A campanha é para lembrar aos governantes e gestores do estado, município e da União que o rio precisa ser revitalizado. É o nosso grito de socorro. O Comitê tem dinheiro, mas é pouco, então precisamos que façam alguma coisa”, finalizou.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo