EQUIPAMENTO CULTURAL

Com novo conceito, Casa Artesanato da Bahia é inaugurada no Porto da Barra

Antiga sede do Instituto Mauá, espaço funciona de segunda a sábado, das 9h às 17h30, com entrada gratuita

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  • Marcos Felipe

Publicado em 4 de agosto de 2023 às 23:18

Equipamento reúne loja com trabalhos de cerca de 300 artesãos, além de exposição e memorial
Equipamento reúne loja com trabalhos de cerca de 300 artesãos, além de exposição e memorial permanentes Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

O chamativo casarão amarelo no largo do Porto da Barra, em Salvador, ganhou, nesta sexta-feira (4), um novo conceito que abriga artesanato e equipamento cultural. Produtos de diversas regiões do estado passam a ocupar o espaço, que é a antiga sede do Instituto Mauá e atual Casa Artesanato da Bahia.

O equipamento terá ainda, em seu primeiro andar, a Exposição Memórias Afetivas — com referências à tradição do Recôncavo — e o Memorial do Artesanato Baiano, dois ambientes que reúnem, de forma permanente, um conjunto de peças de valor para a história do artesanato do estado, com tipologias diferentes, e produtos das rotas do artesanato da Bahia.

No térreo, se encontra o Centro de Comercialização, onde estão concentrados trabalhos de cerca de 300 artesãos. O funcionamento é de segunda a sábado, das 9h às 17h30, e a entrada é gratuita. 

Um dos artesãos é Tiago Porto, que, aos 39 anos, produz quadros a partir de cascas de ovo. “Eu comecei fazendo um quadro de São Francisco para mim. Esse quadro foi vendido, e a pessoa que o comprou mora em Brasília e, todo ano, compra dois ou três quadros”, relembrou ele. Assim, o que começou como uma brincadeira, diz Tiago, virou coisa séria: cada obra sai por, no mínimo, 100 reais.

“Hoje, eu vivo do artesanato, e estar no Artesanato da Bahia é uma oportunidade única, porque a gente está em shoppings, parques e eventos grandes, dos quais nós, como artesãos, individualmente não teríamos capacidade de participar”, ressaltou o profissional, que dedicou uma de suas obras com casca de ovo para homenagear Santa Dulce, cuja data litúrgica é celebrada no próximo dia 13.

Para o líder indígena Jacarandá Tupinambá, estar entre os artesãos na Casa Artesanato da Bahia significa propagar sua cultura por todo o estado. “Nós povos indígenas já nascemos com essa cultura, do artesanato, então, é muito importante que a gente divulgue e que a população conheça a cultura do povo Tupinambá de Olivença”, disse Jacarandá, que vende produtos a partir de 40 reais.

Aliás, as obras presentes no espaço são comercializadas a preços definidos pelos próprios artesãos. “A loja recebe, de forma consignada, produtos de todos os artesãos do estado que são cadastrados”, informou Weslen Moreira, da Coordenação de Fomento ao Artesanato da Bahia (CFA), vinculada à Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) e cuja estrutura administrativa também está localizada no icônico casarão.

No referido setor, os artesãos irão receber atendimento presencial com diversos serviços, como cadastro, renovação da Carteira Nacional do Artesanato e inscrição em feiras nacionais, entre outros. Interessados também podem obter mais informações por meio do perfil @ArtesanatoDaBahiaOficial no Instagram.

“Vez por outra, a CFA abre um edital, e as pessoas passam por uma curadoria, para a gente ver se, de fato, são artesãs. Elas podem trazer seus produtos e os expor de graça. Se cobram 100 reais, recebem [integralmente] 100 reais”, explicou Moreira. Segundo dados da Setre, há quase 1,05 milhão pessoas no estado vivendo do trabalho autônomo, que engloba o artesanato.

A Casa Artesanato da Bahia é uma iniciativa da Coordenação de Fomento ao Artesanato, da Setre, que tem o propósito de ampliar as potencialidades do setor, dando visibilidade e gerando renda por meio do Programa Artesanato da Bahia, em parceria com a Associação Fábrica Cultural.

Equipamento cultural ocupa antiga sede do Instituto Mauá, também voltado ao artesanato por Ana Albuquerque/CORREIO

Fomento ao turismo

A oferta de produtos de artesanato numa localização privilegiada como o Porto da Barra promete ser um prato cheio tanto para os artesãos como para visitantes. Prova disso é que o espaço tem um posto de Serviço de Atendimento ao Turista (SAT), sob responsabilidade da Secretaria de Turismo do Estado (Setur).

“Os turistas, aqui, têm a oportunidade de adquirir peças de qualidade que expressam a cultura dos baianos e, ao voltarem para as origens deles, levam um pedaço da Bahia, o que não deixa de ser também uma ação de promoção”, afirmou o secretário Maurício Bacellar. “A presença do SAT vai atrair mais turistas, por causa das informações que eles aqui encontram.”

Logo no primeiro dia, a movimentação no imóvel, rente à praia, logo fisgou banhistas e transeuntes, como o casal brasiliense Caroline Zampiron, 33, e Rodrigo Mady, 28, que estava de saída a passeio. “A gente veio do Museu de Arte Moderna da Bahia [MAM]. Foi total coincidência [a inauguração]. Está lindo. Viemos também comprar e ajudar os artesãos”, contou ela.