Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 13 de setembro de 2024 às 05:45
A regra parece ser clara: as placas na estrada delimitam onde uma cidade acaba e a outra, vizinha, começa. Mas a prática não é tão simples assim. Desde 2007, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trava uma batalha para conseguir delimitar, com precisão, os municípios do país. Os desafios do órgão para representar as linhas divisórias brasileiras foram debatidos durante a 13º edição do Geopublica, realizado em Salvador. >
Desde que um acordo de cooperação técnica foi firmado entre o IBGE e o Estado da Bahia, as cidades baianas começaram a ser mapeadas com mais precisão tecnológica. Desde então, cerca de 390 municípios foram catalogados. “Cabe aos estados organizar as estruturas político-administrativas, por isso, o IBGE se aproximou dos estados, repassou a tecnologia e vem trabalhando para que eles possam melhorar suas delimitações territoriais”, explica José Henrique da Silva, gerente de divisão territorial do IBGE. >
Ele explica que muitos prefeitos ainda têm dificuldades para definir precisamente os limites de seus municípios. Nesse contexto, as novas tecnologias de georreferenciamento, com satélites e drones, ajudam a detalhar os territórios. Na Chapada Diamantina, por exemplo, uma iniciativa inédita está mapeando 23 municípios em uma escala inédita. >
“A atualização é fundamental para que os gestores possam gerir seus territórios. Muitos prefeitos não sabem onde termina e começa seu município. Não é incomum que gestores apliquem recursos fora dos seus municípios, o que pode acarretar em improbidade administrativa”, diz José Henrique. A sensação de incertezas também é acompanhada pelos moradores. O diretor do IBGE exemplifica o que acontece em Salvador e Lauro de Freitas, divisão territorial ainda cercada de incertezas. >
"Existem populações instaladas em áreas de dúvidas entre os municípios A e B e que, por isso, não são assistidas por ambos [...] No caso de Salvador e Lauro de Freitas, existe uma briga e não conseguimos, até agora, editar uma nova legislação. É um problema histórico, que precisa de negociação política. Como as demarcações são muito antigas, os gestores foram atendendo as populações sem delimitação devidamente respeitada", completa José Henrique. >
Geopublica 2024>
Os desafios para compreender as delimitações territoriais brasileiras foram apresentados na quinta-feira (12), durante a 13º edição do Geopublica, realizado no Fiesta Convention Center, em Salvador. O evento reúne diversas iniciativas a partir de trabalhos que envolvem geoinformação. Cada vez mais utilizada em serviços públicos e privados, informações sobre territórios mapeados baseiam soluções para questões socioambientais. >
Neste ano, o tema do Geopublica é 'Gestão pública: geoinformações e compromissos de governo'. Mais de 300 pessoas se inscreveram para participar do evento que teve início na quarta-feira (11). Ao longo de três dias de programação, palestrantes apresentam projetos que utilizam informações georreferenciadas em setores ambientais, territoriais e de saúde.>