Confira seis influenciadores digitais que discutem as causas indígenas

Bahia é o segundo estado com a maior população desses povos originários, diz IBGE

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  • Gil Santos

Publicado em 8 de agosto de 2023 às 05:30

Segundo o Censo 2022, 229 mil pessoas se autodeclararam indígenas na Bahia Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Os resultados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelou que o número de indígenas na Bahia quase quadruplicou, saindo de 60 mil para 229 mil, na comparação entre 2010 e 2022. O CORREIO separou algumas lideranças que dialogam sobre a culturas, os costumes e as questões que afligem os povos originários no Brasil nas redes sociais e que vale seguir. Confira:

Ailton Krenak (_ailtonkrenak) – Ele é um líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia crenaque, em Minas Gerais. Ele tem reconhecimento internacional e é considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro.

Maria Gomez (cunhaporanga_oficial) – Ela é mais conhecida como Cunhaporanga nas plataformas e se define como “amante da natureza”. De etnia Tatuyo, no Amazonas, ela usa o espaço para mostrar pintura e compartilhar a vida.

Alice Pataxó (alice_pataxo) - Ela foi indicada a premiação de ‘100 mulheres mais inspiradoras e influentes do mundo em 2022’ pela BBC. Baiana, Alice ganhou projeção nacional e internacional ao participar da COP26 em Glasgow, onde foi porta-voz da defesa do meio ambiente e dos direitos indígenas.

Katu Mirim (katumirim) – É uma rapper, cantora, compositora, atriz e ativista da causa indígena. Da etnia Boe Bororo, em São Paulo, ela ganhou notoriedade na internet quando publicou um vídeo levantando a hashtag "#indionaoefantasia. Nas letras, ela aborda a colonização sob o olhar do indígena.

Tukumã Pataxó (tukuma_pataxo) – Baiano de Coroa Vermelha, em Porto Seguro, ele é é humorista, chef de cozinha, comunicador e palestrante. Ele usa as redes sociais para disseminar a cultura indígena, fazer uma releitura da história e apontar questões relacionadas com a causa.

Sonia Guajajara (guajajarasonia) – Atual ministra dos Povos Indígenas, ela é reconhecida internacionalmente na luta pelos direitos dos povos originários e foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes de 2022 pela revista TIME. É indígena do Povo Guajajara/Tentehar, no Maranhão.

Violência

Especialistas acreditam que o crescimento da população indígena vai exigir do estado novas demandas, como o enfrentamento a violência praticada contra esses povos. No mês passado, o Pataxó Dênis Kawhã Santos da Cruz, 16 anos, foi encontrado morto com sinais de espancamento em uma praia em Santa Cruz Cabrália. Ele foi retirado de uma festa e assassinado. A polícia suspeita de rixa entre bairros.

Em abril, o Pataxós-hã-hã-hães Daniel de Sousa Santos, 17 anos, foi morto dentro de uma área de reserva, em Pau Brasil. O caso está sendo investigado. Em janeiro, os Pataxós Samuel Cristiano do Amor Divino, 21, e Nauí Brito de Jesus, 16, foram mortos a tiros no km 787, quando estavam a caminho de uma das fazendas ocupadas por um grupo indígena no processo de retomada de território pelos povos Pataxós, em Itabela.

Em setembro de 2022, o Pataxó Gustavo Silva da Conceição, 14, foi assassinado com um tiro na cabeça após ataque de pistoleiros a uma aldeia no território indígena Comexatiba, em Prado. Segundo testemunhas, pelo menos cinco homens armados com armas calibre 12, 32, fuzil ponto 40 e bomba de gás lacrimogêneo invadiram o local. Outro adolescente foi atingido com um tiro no braço e outro de raspão.

O coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da Sepromi, Jerry Matalawê, é integrante do povo Pataxó, em Santa Cruz Cabrália, e trabalhou junto com o IBGE no contato com as comunidades para facilitar a inserção dos recenseadores. Ele acredita que o aumento da autodeclaração pode ter efeito sobre a violência.

“Na grande maioria as pessoas que têm conflitos com os povos indígenas não é conflito étnico, é conflito econômico. Existe o interesse em negar a existências das pessoas indígenas para que elas não tenham direitos. Cada vez que tenhamos mais pessoas se autodeclarando e apoiando as causas indígenas, teremos menos conflitos e mais posicionamentos contrários ao extermínio desses povos”, afirma.

Glossário:

• Indígena - Para designar o indivíduo, prefira o termo indígena a índio. Indígena significa "originário, aquele que está ali antes dos outros" e valoriza a diversidade de cada povo.

• Aldeia - A aldeia é a unidade política característica dos povos indígenas, refletindo sua forma de organização social e mantendo uma dinâmica que é própria de cada comunidade.

• Etnia ou povo – Para grupo de indígenas. Recomenda-se também o uso dos termos aldeia, terra ou território indígena, em vez de tribo.

• Cacique ou pajé – Os dois estão ligados às tradições indígenas, mas com significados diferentes. Enquanto o cacique tem uma função mais ligada à organização e comando da aldeia, o pajé é considerado um sacerdote religioso.

• Oguassu, maioca ou maloca (casa grande) - Cada maloca é dividida internamente em espaços menores, de mais ou menos 36 metros quadrados, onde reside uma família. Esse pequeno espaço recebe o nome de oca.