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Conheça a história do Serial Killer que matou em Lençóis: “ele mesmo tirou a cabeça de minha filha do buraco”.

Mãe da vítima levou cinco anos procurando o paradeiro da filha, até ficar cara a cara com o assassino Corumbá, na Chapada Diamantina

  • M
  • Moyses Suzart

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 17:39

Serial Killer Corumbá
Serial Killer Corumbá Crédito: Reprodução

Na última semana, o baiano Rildo dos Santos foi preso acusado de ser um serial killer. Segundo a polícia, ele matou ao menos três mulheres. O tema sobre matadores em série voltou a ser assunto, mas você já se imaginou cara a cara com um serial killer que matou sua própria filha? Pois este caso aconteceu em Lençóis e envolveu um dos seriais mais conhecidos no país: Corumbá. Ele matou uma baiana na Chapada Diamantina e a própria mãe ficou cara a cara com o assassino da própria filha.

Era junho de 2000. Na época a internet era uma utopia e celular um artigo de luxo. Se falar, apenas pelos telefones públicos, na época conhecidos como orelhão. Simone Lima Pinho, na época com 26 anos, estava pronta para passar as festas juninas em Lençóis, na Chapada Diamantina. Até seu periquito de estimação ia junto. Na época, Simone conheceu diversas pessoas, entre elas José Vicente Matias, um homem cabeludo e alternativo, que vendia artesanato. O retorno dela para Salvador estava marcado para dia 28 daquele mesmo mês, mas ela nunca voltou. Sua mãe, Josenilda Ribeiro Lima, obstinada em achar sua filha, travou uma verdadeira batalha para saber o paradeiro dela.

"A busca foi muito dolorida e uma interrogação interminável. Fui pаra Lençóis sem saber onde ficar. Uma pousada me acolheu e não cobrou nada enquanto estive lá. Os hóspedes saíam pela mata me ajudando a procurar. Minha primeira decepção foi quando cheguei na delegacia para pedir socorro. O delegado disse que minha filha fugiu e foi para o Capão se drogar. Por acaso ele conhecia minha filha para falar algo assim?", lembra. No período da busca, Josa, como também é conhecida a professora, fundou uma ONG com o nome da filha onde auxiliava outras mães com filhos desapаrecidos.

"Enquanto procurava minha filha, ajudava outras pessoas a procurar a delas", lembra. Foram cinco anos sem saber o paradeiro da filha. Josa era um rosto conhecido nos programas televisivos para encontrar desaparecidos. Em 2005, Josenilda assistia O Fantástico e viu uma reportagem que falava sobre a prisão de um serial killer conhecido como Corumbá. O nome verdadeiro dele era José Vicente Matias. Ele havia violentado e matado seis jovens mulheres que gostavam de uma vida mais perto da natureza. Uma das vítimas ainda estava desaparecida e teria sido morta na Bahia. Tudo se encaixou como um roteiro de filme de terror.

Josenilda Ribeiro Lima e sua filha, Simone Lima, vítima de um serial killer na Bahia
Josenilda Ribeiro Lima e sua filha, Simone Lima, vítima de um serial killer na Bahia Crédito: Arquivo pessoal

"No final de quase seis anos de busca, descobri por meio de uma reportagem que um serial killer tinha matado seis mulheres, sendo uma na Bahia. O delegado Walter Seixas, que investigava o caso, fez uma ligação para onde ele estava preso e pediu mais informações sobre a vítima daqui. Corumbá disse que não sabia quem era, tampouco o nome, mas ela carregava um periquito. Eles mostraram a foto para ele e o assassino confessou. Ela foi assassinada por um serial killer ", lembra Josenilda.

É preciso muita coragem para encarar um assassino em série, principalmente como Corumbá. Nascido em Firminópolis, Goiás, José Vicente Matias era um artesão e andarilho. Não à toa suas vítimas se espalhavam entre Minas Gerais, Bahia, Goiás e Maranhão, quase sempre em lugares turísticos e com vasta natureza. Sua primeira vítima foi em Minas, uma garota de 15 anos, em 1999. Um ano depois, seu segundo assassinato foi justamente em Lençóis, aqui na Chapada Diamantina. Ele chegou a matar uma russa, espanhola e outra alemã. Ele violentava as vítimas, matava e esquartejava. Também praticava canibalismo. Apesar de ter sido a segunda vítima do serial killer, Simone Lima Pinho foi a última a ser localizada.

Encontro

Quando finalmente descobriu o paradeiro da filha, começou outro drama. Corumbá enviava mapas de possíveis localizações do corpo, mas nada. Até que resolveram trazer o assassino para Lençóis. Contudo, levou oito longos meses para que a Secretária de Segurança Pública da Bahia liberasse a verba para trazer o assassino em série. Até que o dia chegou.

A Polinter, Coordenação de Polícia Interestadual, não queria deixar que Josenilda fosse junto com o assassino à procura dos restos mortais de sua filha. Mas ela foi. Lá, colocaram um policial ao lado dela, mas não para protegê-la. "Colocaram para proteger ele de mim. Achavam que eu poderia fazer alguma loucura. Jamais me igualaria a ele desta forma", lembra.

Durante todo o caminho, Josa lembra de Corumbá sempre encarando ela, com olhar desconfiado. No local, os policiais começaram a cavar, enquanto o serial indicava com as mãos algemadas. Os agentes estavam sem conseguir encontrar, até que o próprio serial pediu a pá e foi no lugar certo.

"Ele sabia centímetro por centímetro tudo que estava ali. Ele mesmo, algemado, tirou a cabeça de minha filha do buraco. Ele mesmo que fez isso. Puxou e trouxe a cabeça. Nessa hora era para eu sentir um ódio dessa criatura, né? Aquilo era um bicho, não era um ser humano. Não sei explicar nem o que aconteceu. Ao invés de ficar com raiva, eu senti uma vontade de falar com ele incontrolável. Era sobrenatural. Sentia minha filha pedindo para perdoá-lo", lembra, emocionada.

Josenilda então se aproximou de Corumbá, pegou no seu ombro e surpreendeu a todos ali: "Disse a ele que queria que Deus o perdoasse, pois de minha parte eu perdoei. Não sei como, mas vi lágrimas caindo dos olhos dele. Era só o que queria. Saí leve, sabendo que finalmente a alma de minha filha descansou”, completou. Corumbá permanece preso no Maranhão. Aposentada, Josa se casou e vive em Salvador. Seu hobby é conhecer lugares novos, viajar. Ela não esconde que ainda sente muita saudade, mas segue em frente.

Simone Lima Pinho, na época lutando para encontrar sua filha por divulgação