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Maysa Polcri
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 15:43
Servidores baianos que dependem do Planserv (Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais) estão apreensivos diante das falas sobre a reestruturação do plano. Em entrevistas recentes, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) confirmou que reajustes serão divulgados em breve. Os beneficiários temem o aumento das mensalidades de uma assistência cada vez mais precária.>
Na última segunda-feira (3), diretores do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sinpojud) e outras entidades sindicais se reuniram para debater o tema. Em nota divulgada nesta semana, o grupo afirma que tem avaliado estratégias em caso de projeto de reestruturação que fragilize o plano de saúde.>
Audiência pública por melhorias no Planserv
"As entidades defendem que qualquer reestruturação priorize recomposição da cota patronal, melhoria da assistência e ampliação/qualificação dos serviços no interior — em vez de transferir mais custos ao trabalhador", afirma a nota. Em reunião recente, o novo coordenador-geral do Planserv, Luiz Perez, afirmou aos beneficiários que o anúncio de reajuste das mensalidades dos servidores será feito até novembro deste ano.>
O receio é que o aumento do valor pago pelos trabalhadores não seja acompanhado de melhorias efetivas na assistência. O descredenciamento de unidades de saúde e a dificuldade em achar vagas para exames e consultas são algumas das principais reclamações dos servidores. >
"Nos últimos anos houve episódios de suspensão ou restrição de atendimentos em grandes hospitais, além de relatos de diminuição de cobertura, situações que impactam diretamente quem está no interior e precisa se deslocar para centros maiores. É inadiável reverter esse quadro com contratos estáveis, atratividade aos prestadores e regulação que garanta acesso real", afirmam os sindicatos. >
O coordenador-geral, que assumiu o cargo em setembro de 2025, não deu detalhes do valor do reajuste, mas disse aos servidores que a medida é essencial para o equilíbrio das contas do Planserv. As contas do plano fecharam em 2024 no vermelho pelo segundo ano consecutivo. De acordo com os dados do Portal da Transparência da Bahia, o rombo no ano passado foi de R$ 198 milhões (veja os detalhes aqui). >
Na semana passada, Jerônimo Rodrigues disse, em coletiva de imprensa, que o plano de reestruturação seria divulgado em dez dias - prazo que não foi cumprido. O governador afirmou ainda que o Estado dialoga com entidades sindicais para elaborar as novas medidas. Jerônimo adiantou que a contribuição estatal - atualmente em 2,5% - será reajustada. >
Os sindicatos cobram que a contribuição do Estado seja de 5%. "A defesa sindical é pela recomposição da cota patronal ao patamar historicamente praticado quando da implantação do Planserv (5%), e não por novas elevações de contribuição do servidor", dizem. >
Beneficiários apontam como um dos principais pontos do histórico de crises do Planserv o ano de 2018, quando o então governador Rui Costa (PT) reduziu o repasse de verba do Estado de 4% para 2%. Na época, o governo defendeu que a mudança traria economia de R$ 200 milhões por ano nas transferências ao plano.>
Neste mês, uma decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) declarou inconstitucional a cobrança da chamada “parcela de risco” nas contribuições do Planserv. A sentença foi proferida no dia 13 de outubro e determina a suspensão da cobrança pelo Estado da Bahia. Ainda cabe recurso. >