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Millena Marques
Publicado em 3 de novembro de 2023 às 07:00
Muita gente se pergunta se crianças podem ser submetidas à dietas. A resposta, por mais que surpreenda boa parte da população, é sim! Meninos e meninas podem ter algumas adequações na alimentação, sob prescrição de nutricionistas infantis, como aponta a médica nutróloga pediatra Junaura Barretto, professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). >
"Crianças fazem dietas calculadas e adaptadas, dificilmente restritivas, prescrita por nutricionista infantil, que fará os cálculos das necessidades com foco em objetivos específicos e sem riscos de causar deficiências nutricionais", explica. >
As dietas um pouco mais rigorosas são aplicadas em casos mais graves de obesidade, quando os pacientes são diagnosticados com diabetes, gorduta no fígado, hipertensão, dislipidemia (colesterol elevado), mas sempre calculadas. "Nesta fase da vida do ser humano, os órgãos e sistemas estão em desenvolvimento, e dietas restritivas podem, inclusive, prejudicar o crescimento", pontua.>
A dieta infantil possui especificidades para cada idade, com orientações individualizadas. Portanto, cada caso deve ser avaliado pelo profissional de saúde especializado. >
A nutricionista Renata Alves prefere utilizar o termo reeducação alimentar para dietas infantis adaptadas. Os hábitos, não só das crianças, mas de toda a família, são avaliados, para que os pacientes tenham benefícios. >
"A família está contribuindo para uma alimentação saudável das crianças? É importante que toda a família apoie neste processo, com mudanças de hábitos e consumo de alimentos saudáveis e saborosos. Também é importante que a criança participe do processo de fazer a comida saudável, para se sentir útil nesse projeto", pontua. >
Ambiente de maior socialização da criança, as escolas são lugares que podem propiciar uma mudança na forma de se alimentar passada em casa. Os alunos passam ao menos um turno nas unidades escolares, cinco vezes na semana. Se as cantinas não ofertam lanches saudáveis ou os pais não se preocupam com o preparo de uma lancheira saudável, a tendência é o aumento de consumo de alimentos obeso gênicos por parte dos pequenos.>
O contato com outras realidades de alimentação pode ser positivo ou negativo. No caso das escolas, a maioria dos casos é de uma influência negativa, em detrimento a curiosidade dos pequenos. "A criança vai querer experimentar um alimento com embalagens divertidas, que chamem atenção. Essa realidade deve ser pensada nas escolas, com atividades lúdicas, palestras, para que haja compreensão da importância de se alimentar bem", diz Renata. >
Refrigerantes, salgadinhos, frituras são alimentos que devem ser excluídos dos cardápios, pois possuem alto teor de sódio e açúcar. "Muitas vezes, em uma determinada idade as crianças preferem comprar, até por uma questão de pertencimento a grupos de colegas, e ai onde mora o perigo para uma desconstrução de um hábito saudável ou para a manutenção de maus hábitos alimentares, no caso daqueles que já possuem", explica Barretto.>
Nesse sentido, uma orientação da nutricionista Renata Alves é a criação de uma lancheira saudável, que pode ser levada para os ambientes escolares. >
As dicas são muito simples: basta priorizar frutas, proteínas, sucos naturais e comidas caseiras, além de evitar ao máximo o consumo de industrializados. "Precisamos priorizar os alimentos que descascamos, não os embalados. Quanto mais escolhemos produtos industrializados, o risco à saúde é maior. A prioridade é alimentos in natura", explica. >
Ter a ajuda da criança na composição da lancheira é uma forma de incentivar a alimentação saudável, como aponta a especialista. "Pedir o auxílio da criança na hora de preparar os alimentos e de guardá-los na bolsa aproxima os filhos de uma educação alimentar saudável." >