Cultura, esporte e ritmo: Biblioteca dos Barris vira Cidade da Capoeira para festival

Confira a programação completa

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  • Raquel Brito

Publicado em 3 de maio de 2024 às 22:39

Cultura, esporte e ritmo: Biblioteca dos Barris vira Cidade da Capoeira para festival
Festival acontece até domingo (5) Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Com muita dança, artesanato e gastronomia, o conhecimento dos livros encontra a sabedoria da oralidade popular no Festival de Capoeira Ancestralidade e Resistência, realizado na Biblioteca Central do Estado da Bahia, nos Barris. O movimento, que teve início em 2022, chegou à sua segunda edição na última quinta-feira (2). Nesta sexta (3), a programação, que segue ate domingo (5), incluiu apresentações de dança, oficinas e um show da cantora de samba Juliana Ribeiro.

Cultura, esporte e ritmo: Biblioteca dos Barris vira Cidade da Capoeira para festival
Juliana Ribeiro se apresentou nesta sexta-feira (3) Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Para o mestre Jurandir Santana, conhecido como Jacaré do Alabama, coordenador do Capoeira em Movimento Bahia e idealizador do festival, a semana de festividades é mais que um evento, mas um movimento em celebração e luta por reconhecimento do esporte.

“Nós dizemos que é preciso ter reconhecimento efetivo, porque somos Patrimônio Imaterial da Humanidade e Patrimônio Brasileiro, mas nossos mestres e nossas mestras continuam morrendo da mesma forma que morreram Mestre Bimba e Mestre Pastinha. E hoje esse festival, portanto, reúne os diversos estilos de capoeira e dialoga com suas variadas dimensões: a dimensão pedagógica, o empreendedorismo na capoeira, a musicalidade e o esporte”, afirmou.

O evento aborda sete eixos temáticos transversais, abrangendo desde a resistência histórica da Capoeira até questões contemporâneas de inclusão e diversidade. São eles: Capoeira tem Resistência (dedicado a debates e pesquisas), Capoeira tem Erê (com atividades específicas para o público infantojuvenil), Capoeira tem Magia (que contempla um concurso de cantigas autorais), Capoeira tem Criatividade (voltado para o empreendedorismo e a economia criativa), Capoeira tem Ancestralidade (em valorização aos grandes Mestres griôs), Capoeira tem Diversidade (que discute os segmentos minoritários, como pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIAPN+, pessoas idosas 60+), e ainda o eixo temático Capoeira tem Ginga pelo Mundo (voltado para a valorização da Capoeira em outros países).

A dimensão do festival chamou a atenção de Laura Fernandes, costureira de 35 anos. Turista de São Paulo, ela passeava pela região quando viu a movimentação em frente à biblioteca e parou para ver. Não demorou muito para cair no samba ao som de Juliana.

“Eu não estava sabendo do evento, me surpreendi. Entrei e de cara vi as roupas lindas, coloridas, e aqui dentro essa música maravilhosa com a energia que só a Bahia tem”, celebrou.

A cerimônia de abertura do festival foi realizada na Igreja Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Na solenidade, os Mestres griôs, mais velhos, entregaram os instrumentos para serem abençoados na missa. A partir desta sexta, a programação segue somente na biblioteca. A expectativa é que, até o dia 5, mais de duas mil pessoas, entre capoeiristas e amantes da cultura afro-brasileira da Bahia e de outros estados, passem pela “Cidade da Capoeira” construída no local.

Luciano Azevedo, 48, mora na região e levou a filha Ayla, de nove anos, para ver de perto o festival. Acostumados a viver com a capoeira, o autônomo e a família frequentam o grupo Angoleiros do Mar, na Ilha de Itaparica, mas ainda não conheciam o evento.

“Nós chegamos, demos uma volta, ela brincou no espaço Erê e vamos ver a apresentação aqui do lado. Amanhã vou trazer a família para curtirmos um pouco mais, está show de bola”, disse.

Camisetas, vestidos e objetos de crochê são alguns dos itens que integram a ala de economia criativa do Festival, voltada para a valorização dos pequenos empreendedores. Foi a oportunidade para Aline Reis, 32, lançar oficialmente sua marca de roupas, a Vest Ginga. Com foco na classe capoeirista, as camisas e bermudas têm frases em referência à prática e começaram a ser produzidas por ela há três meses.

“Eu acho importante a gente mostrar o nosso esporte independente de onde estejamos. Sou professora de capoeira e criei a marca pensando em como o pessoal gosta de mostrar ser capoeirista, de levar a nossa origem para outros ambientes, então é uma maravilha começar divulgando a minha marca aqui entre outras pessoas do meio”, revelou.

Com programação que vai desde encontro de pesquisadores a sessão de cinema, a agenda do Festival de Capoeira Ancestralidade e Resistência ainda tem muito pela frente. Confira:

Sábado (4):

  • 8h às 13h: Torneio Infato-juvenil de capoeira (Ubuntu)
  • 8h às 17h – Encontro de Pesquisadores (as) da capoeira
  • 9h às 12h / 14h as 18h - Espaço Consciência Corporal
  • 10h às 20h – Feira de Artesanato e produtos da capoeira
  • 13h às 15h – Encontro “Capoeira tem Diversidade”
  • 14h às 17h – Oficinas e vivências
  • 17h: Capoeira tem estilo - Desfile manifesto
  • 18h30: Homenagem aos Mestres Griôs
  • 19h30: Shows e intervenções artísticas

Domingo (5):

  • 9h às 12h – Encontro de pesquisadores (as) da capoeira
  • 10h às 15h - Feira de Artesanato e produtos da capoeira
  • 10h – Roda de conversa
  • 15h – Roda do Século
  • 16h – Sessão de cinema: Moa do Katendê

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela