Entenda por que é inseguro pedalar nos acostamentos

Estruturas são descuidadas nas rodovias baianas, apontam especialistas

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  • Larissa Almeida

Publicado em 16 de abril de 2024 às 06:00

De bike, a pista se torna escorregadia. é preciso
null Crédito: Junior Damasceno/ tríade images

No Dia Mundial do Ciclista, comemorado nesta segunda-feira (15), a família e os amigos do engenheiro civil e ciclista Phillipe Appio Chaves Mafra, 35 anos, não tinham o que comemorar. Pelo contrário, centenas de entes queridos do rapaz compareceram ao seu enterro, no Cemitério Jardim da Saudade, no fim da tarde de ontem, enlutados. Isso porque, Phillipe foi vítima fatal de um atropelamento enquanto treinava no km 01 da BA-524, no trecho que liga as cidades de Candeias e Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

O acidente ocorreu enquanto o engenheiro civil passava por um acostamento. A estrutura é vista como insegura por demais ciclistas, porque quase sempre está em más condições. “Normalmente, quando tem o acostamento, muitas vezes nós precisamos pedalar na pista porque o acostamento não está em bom estado. Então, teoricamente, o risco é o mesmo, estando no acostamento ou na estrada. O risco é de o carro passar muito perto e não dar o espaço mínimo que precisa ter. Ainda, é preciso ter atenção para não sofrer uma queda com o desnível do acostamento para o asfalto”, destaca o educador físico e ciclista Rodrigo Albuquerque.

Para Orlando Schmidt, vice-presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo, a insegurança que os ciclistas estão sujeitos ao pedalar nos acostamentos se deve à falta de educação no trânsito, falta de campanhas voltadas para o segmento e faltas de sinalização. Segundo ele, apesar de a entidade não computar os dados relativos a acidentes com ciclistas, pelo menos duas pessoas – contando com Phillipe – já foram vítimas de fatais de acidentes com atropelamento enquanto andavam de bicicleta.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi procurada para informar quantos acidentes e quantas mortes de ciclistas foram contabilizadas nas rodovias baianas neste ano e no ano de 2023. A pasta não respondeu até o fechamento desta matéria.

Dado Galvão, ciclista e idealizador do Movimento Ciclo-olhar, que defende maior segurança aos ciclistas no trânsito, aponta que os caminhos para promover melhorias nos acostamentos envolve um trabalho conjunto da sociedade e autoridades. “O que deveria acontecer, nesse sentido, são campanhas educativas, legislação, placas educativas e preventivas que indiquem o fluxo de ciclistas. Se você tem uma legislação que diz ‘em trechos que tem número de ciclistas devem ser colocadas placas para avisar aos motoristas que existe fluxo de ciclistas’, isso é lei e os trechos privatizados devem cumprir. Então, falta da parte dos coletivos de ciclistas uma pressão social para que isso aconteça”, diz.

Enquanto essas medidas não são possíveis, Dado indica como os ciclistas devem se proteger ao se deparar com um acostamento em mau estado. “Se o fluxo de carros está grande, o ciclista deve esperar. Também deve ir devagarzinho mesmo se o acostamento estiver esburacado. São cuidados que precisam ser tomados”, aconselha.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro