Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Emilly Oliveira
Publicado em 21 de setembro de 2023 às 18:49
O Espaço Cultural da Barroquinha já foi igreja católica, sede de confraria religiosa, terreiro de candomblé e, nesta quarta-feira (20), retomou a sua função mais recente como integrante do circuito de arte do Centro Antigo de Salvador, após três anos fechado por causa da pandemia. A reabertura foi embalada pelo lançamento da programação cultural da Fundação Gregório de Matos (FGM) para o Festival da Primavera 2023 e pela retomada da exposição ‘Orixás da Bahia’.>
Entre a próxima sexta-feira (22) e o próximo domingo (1°), quem visitar o espaço de cultura vai encontrar ações de música, teatro e exposição gratuitas, com destaque para o espetáculo Resistência Cabocla, uma montagem do Bando de Teatro Olodum; Sibí Dúdú - Roda de Samba; espetáculo Kaiala e a Ocupação Sound System [confira programação abaixo].>
No caminho para esses e outros eventos no espaço de cultura, uma “passadinha” na exposição 'Orixás da Bahia' é considerada indispensável pelo presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), responsável pela administração do equipamento, Fernando Guerreiro. "É uma exposição que a gente resgatou da década de 70, consagrada como uma das mais visitadas da prefeitura, por tanto, parada obrigatória", garantiu. >
A exposição tem 16 estátuas de divindades africanas em tamanho natural, esculpidas em papel marchê pelo artista plástico Alecy Azevedo, e ficará exposta permanentemente no Espaço Cultural Barroquinha, com visitação gratuita mesmo após o encerramento da programação do festival. Os trajes e adornos que enfeitam as imagens foram escolhidos na década de 80 pela própria Mãe Menininha de Gantois. >
Além de uma extensa programação gratuita, o Espaço Cultural da Barroquinha retorna com a parte elétrica reestruturada e a instalação física ampliada. O pátio externo, que deu palco para importantes projetos artísticos nos últimos anos, passa a integrar oficialmente o centro de cultura. O local foi batizado de Iyá Nassô, em homenagem a uma das fundadoras do Candomblé da Barroquinha - considerado o primeiro de origem Ketu a ser plantado na região.>
O espaço tem ainda a sala Mário Gusmão, em homenagem ao ator, escritor, compositor, dançarino e primeiro aluno negro da Escola de Teatro da Ufba, e a galeria Juarez Paraíso, onde a exposição está instalada. Para Chicco Assis, Gerente dos Espaços Culturais da FGM, a ancestralidade que marca a história do equipamento cultural faz dele ainda mais importante para os baianos. >
"Esse é um espaço especial pela nossa ancestralidade que passou por aqui, além de ter construído tudo. Reabrir esse espaço também é reafirmar o nosso compromisso na luta contra o racismo e todas as outras opressões que tentam sucumbir o povo negro, pois ele se abre para evidenciar e valorizar a cultura negra", destacou Chicco.>
Para dar um gostinho do que vem por aí ao público que compareceu à reabertura ontem, o Cortejo Afro realizou uma apresentação anunciando que “a Barroquinha está em combustão”, já que agora o circuito de arte do Centro Antigo de Salvador está completo, junto com o Teatro Gregório de Mattos, o Espaço Cultural Boca de Brasa – Centro, o Café-Teatro Nilda Spencer e a própria sede da FGM.>
“É fundamento puro na cidade e para a Barroquinha. Os principais terreiros de candomblé da cidade e do país nasceram aqui, [assim como] já passaram grandes artistas [...] é uma instituição cultural que estamos investindo muito para que tenha todo o potencial que merece”, ressaltou o secretário de Cultura de Salvador, Pedro Tourinho. >
O ator baiano Sullivan Bispo, que interpreta Kaiala no espetáculo que integra a programação da FGM, levou outra de suas personagens como mestre de cerimônias da inauguração, a baiana Koanza, que voltou para o estado após um tempo morando em África. Com um humor ácido, a personagem conduziu a apresentação destacando sua missão de combater os discursos que se voltam contra os cultos de matriz afro-brasileira. >
Homenagem >
Antes de Koanza subir ao palco, o ator e diretor Marcelo Flores, o diretor George Vladimir e a atriz Alethea Novaes prestaram uma homenagem ao também ator e diretor Harildo Déda, que faleceu na última terça-feira (19), mesma data em que é celebrado o Dia Nacional do Teatro. >
Foram recitados poemas que representam a trajetória de sucesso de Déda no mundo da arte, enquanto um telão apresentava fotos de momentos importantes vividos pelo sergipano de alma baiana. Marcelo finalizou a homenagem dizendo que Harildo se multiplicou e uma dezena de atores subiram no palco ilustrando as palavras. >
Programação>
Sexta (22)>
19h - Espetáculo "Resistência Cabocla" com o Bando de Teatro Olodum>
Sábado (23)>
17h e 19h - Espetáculo "Resistência Cabocla" com o Bando de Teatro Olodum>
Domingo (24)>
16h - Sibí Dúdú - Roda de Samba com Mãos no Couro, Gira D'elas e Geo da Viola>
Terça-feira (26) >
17h - Roda de conversa PATRIMÔNIO É...>
Quarta (27) >
17h - Cine Cafezinho- exibição de produtos audiovisuais contemplados pelo Prêmio Jaime Sodré>
Quinta (28) a sábado (30)>
19h - Espetáculo Kaiala.>
Sábado (30)>
10h às 17h - Projeto Ocupação Sound System - Arte Urbana na Comunidade.>
Domingo (01)>
10h às 17h - Projeto Ocupação Sound System - Arte Urbana na Comunidade.>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>