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Moradores participam de simulação de rompimento de barragem no Recôncavo

Ação preventiva movimentou 1,5 mil pessoas em três cidades, com 25 sirenes e 27 pontos de encontro

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 10 de julho de 2023 às 07:10

População busca abrigo em ponto de encontro
População busca abrigo em ponto de encontro Crédito: Paula Fróes/ CORREIO

O fisioterapeuta José Teomas Júnior, 44 anos, precisou parar para recuperar o fôlego enquanto empurrava a cadeira de rodas com o pai, José Teomas, 74 anos, na Ladeira Manoel Vitório, em Cachoeira, no Recôncavo. Neste domingo (9), os moradores participaram de uma simulação para treinamento em caso de rompimento da barregam de Pedra do Cavalo. As autoridades frisaram que não há problemas com a estrutura e que a ação foi apenas preventiva.

A Votorantim, empresa responsável pela usina hidrelétrica, fez um estudo sobre o impacto de um suposto rompimento. Três municípios seriam atingidos, além de Cachoeira, as cidades de São Félix e Maragogipe, e 40 mil pessoas seriam afetadas. Um planejamento foi montado com 25 sirenes de alerta e 27 pontos de encontro. Neste domingo, às 10h, os alarmes tocaram e 1.548 moradores correram para a região combinada.

Pedra do Cavalo é responsável por abastecer 60% de Salvador
Pedra do Cavalo é responsável por abastecer 60% de Salvador Crédito: Paula Froes / CORREIO

Eles contaram que nos últimos três meses as sirenes foram ligadas algumas vezes para teste e que equipes técnicas visitaram as casas com as orientações sobre a simulação. O fisioterapeuta José Teomas disse que a iniciativa é importante como forma de prevenção, mas reclamou da falta de acessibilidade da cidade e afirmou que isso seria um entrave para a evacuação às pressas.

“A maior dificuldade que encontramos foi para conseguir sair. As ruas não têm acessibilidade, o calçamento é ruim, não há rampas, tem carros e postes em cima dos passeios, calçadas danificadas e bloqueios. E como o percurso é íngreme exige uma prova de resistência física”, contou, enquanto recuperava o fôlego.

O pai dele tem Parkinson e contou com a ajuda dos vizinhos para conseguir terminar de subir a ladeira. Pai e filho levaram cerca de 30 minutos para sair do Centro e chegar ao Ponto de Encontro 16, no alto da Ladeira Manoel Vitório. Este também foi o destino escolhido pela produtora de licor Michele Moreira, 25, e do pequeno Samuel, 2 anos. Ela contou que está quase preparada para uma eventual evacuação.

“Falta separar os documentos. O pessoal orientou que a gente deixe sempre os documentos separados e em locais de fácil acesso, porque facilita na hora de sair correndo. Ainda não fiz isso, vou fazer, mas espero nunca precisar usar”, contou.

No Ponto de Encontro 15 os moradores tiveram que enfrentar uma ladeira bastante íngreme, o mesmo no Ponto 17 que fica na entrada da cidade. Ao todo, 150 profissionais participaram da simulação.

Moradores em ponto de encontro
Moradores em ponto de encontro Crédito: Paula Froes / CORREIO

Treinamento

O coordenador do Plano de Ação de Emergência, Dejair Lima, explicou que no caso de um rompimento o tempo de salvamento depende da localização de cada morador, mas eles teriam, em média, entre 40 e 50 minutos para chegar a um dos locais combinados, e frisou que tudo fez parte apenas de um treinamento.

“Desde 2017 estamos trabalhando no plano de ação de emergência envolvendo toda a defesa civil, tanto do estado como dos municípios. É um plano extenso e a consideração de cada item, as rotas de fuga, os pontos de encontro, o volume de água, entre outros, foram dados que nos permitiram identificar a área de alagamento”, explicou.

Responsáveis pela barragem e coordenador da Defesa Civil
Responsáveis pela barragem e coordenador da Defesa Civil Crédito: Paula Fróes/ CORREIO

O próximo treinamento deverá acontecer em até três anos e terá ajustes. Moradores relataram casos em que as sirenes não tocaram ou emitiram sons muito baixos, e reclamaram que as placas com as rotas de fuga precisam estar melhor posicionadas.

O coordenador adjunto da Defesa Civil da Bahia, Osny Bonfim, explicou que a simulação realizada pela Votorantim é uma exigência legal que passou a vigorar após as tragédias de Brumadinho e Mariana, ambas barragens de minério que ficavam em Minas Gerais e que romperam provocando mortes e destruição ambiental.

“No Brasil existe uma lei de segurança de barragens [de 2010] e a lei que instituiu a política pública de proteção e defesa civil, que é de 2012. No caso de barragens é necessário haver um plano de ação emergencial que precisa ser revisado, e a lei determina a cada três anos, mas dependendo do empreendimento o prazo pode ser menor”, disse.

Volume da sirene e posição das placas precisam ser revistos
Volume da sirene e posição das placas precisam ser revistos Crédito: Paula Froes/ CORREIO

O coordenador não soube precisar quantas barragens existem na Bahia, mas afirmou que elas estão sendo monitoradas e que as simulações servem para treinar a população para situações emergenciais. O responsável pela segurança de Pedra do Cavalo, Elton Koba, contou que o monitoramento é feito diariamente e que o reservatório está com capacidade abaixo do esperado para essa época do ano.

“É uma barragem projetada para atender abastecimento de água, controle de cheias e geração de energia. Hoje, nós temos uma equipe que faz o monitoramento 24 horas por dia, e sete dias por semana. Ela abastece 60% de Salvador e municípios aqui da região. A barragem está segura, seguimos todas as normas e estamos tranquilos”, frisou.

A última vez que as comportas de Pedra do Cavalo foram abertas foi em janeiro deste ano, durante cerca de 15 dias seguidos. Não houve incidentes. A partir de novembro ela volta a registrar altos volumes. Neste domingo, o secretário de Esportes de Cachoeira, Júlio César Sampaio, que também correu para um dos pontos de encontro, foi categórico. “Esperamos que tudo continue bem”, afirmou.