Motéis baianos investem em chefs de cozinha e variedade para conquistar clientela

Estabelecimentos visam agradar público-alvo na Bahia, que é composto por casais estáveis que querem sair da rotina

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  • Larissa Almeida

Publicado em 8 de junho de 2024 às 11:00

Motéis baianos apostam em diferencial gastronômico em novo momento do setor Crédito: Marina Silva/CORREIO

Tradicionalmente considerado o destino dos amantes e frequentado por apaixonados de todas as idades, os motéis baianos hoje vivem um novo momento. Em vez de serem apenas o lugar de saciedade do desejo, parte desses empreendimentos tem se lançado na proposta de envolver casais em experiências completas que começam pela boca. Primeiro, com foco nas entradas, na degustação de bebidas de diversos tipos e, posteriormente, no oferecimento de refeições completas que elevam a experiência para além da cama.

Na corrida para proporcionar o melhor da gastronomia, houve investimento de parte do setor moteleiro baiano em contratação de chefs de cozinha. Isso tudo para se adequarem ao conceito de Nova Motelaria, movimento que nasceu durante a pandemia de Covid-19 com proposta de modernizar e alavancar as taxas de ocupação e o faturamento dos motéis que sobreviveram ao declínio registrado desde a primeira década do século 21.

No motel Scala, no bairro do Comércio, em Salvador, o destaque do cardápio são os pratos gourmets, preparados por um chef de cozinha do motel. A proprietária Cristiana Neves conta que há predominância da comida regional entre as opções, mas também é possível encontrar pratos diversos.

“A cozinha é um ponto muito importante para nós, porque a grande maioria das pessoas que se hospedam está propensa a comer e beber alguma coisa, então temos uma culinária regionalizada. Temos muitos pratos com carne do sol e frutos do mar. Nosso restaurante funciona 24h, então temos sanduíches e hambúrgueres gourmet, que saem muito na madrugada. Em geral, os carros-chefes são o bife à parmeggiana, escondidinho de carne seca e salmão com risoto”, relata.

O casal que tiver uma reserva no motel e quiser matar a fome por comida pode pedir o bife à parmeggiana de frango por R$ 34,90, escondidinho de carne seca por R$ 41 e filé de frango grelhado por R$ 42. Se optar por um prato mais refinado, tem como opção o salmão ao molho de maracujá com risoto, que custa R$ 84.

De acordo com Nelson Campos, diretor de marketing do motel Scala, as porções dos pratos não costumam ser grandes, justamente por levar em conta a ocasião que leva os casais até o estabelecimento, mas também não são modestas. “Os pratos são individuais, ficando no limiar entre o médio e o grande. Cada um tem aproximadamente entre 350 g e 500 g. No horário de meio-dia, os pratos saem mais, assim como nos finais de semana. À noite, os clientes optam por algo mais leve”, detalha.

Pensando em atender aqueles que vão ao motel depois de uma noite de farra regada a festa, o hambúrguer Scala com batata frita sai por R$ 39. Segundo Cristiana Neves, é ele a grande atração gastronômica nas madrugadas, que não à toa foi batizado com o nome do empreendimento por ter preparação personalizada pelo chef.

Segundo Adroaldo Neiva, um dos diretores da Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis) e sócio-diretor do motel soteropolitano Fantasy, o investimento nos profissionais de cozinha ocorre justamente para agradar o público-alvo dos motéis, que atualmente são os casais estáveis. “Esse público normalmente fica mais tempo no motel e busca uma experiência mais completa com refeições e bebidas de qualidade. Foi preciso buscar especialistas nessas áreas para podermos aprimorar nossos cardápios e atender de forma satisfatória por essas demandas”, destaca.

O cardápio dos motéis que aderiram ao movimento se diferencia pelo número de opções. “Normalmente oferecem um cardápio completo, com opções de entradas, prato principal, sobremesas, sanduíches e ainda uma diversidade de bebidas. A aposta é oferecer refeições e bebidas de qualidade por preços acessíveis. É possível, em alguns casos, passar um pernoite em uma boa suíte com jantar, bebida e café da manhã e pagar menos do que pagaria num jantar em um bom restaurante”, aponta Adroaldo.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo