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Raquel Brito
Publicado em 19 de junho de 2023 às 05:01
Moradores da Rua dos Reis Católicos, no Vale do Canela, viveram momentos de pavor na manhã desse domingo (18). Após o rompimento de uma tubulação de água da linha de distribuição do bairro, uma vila com sete casas foi alagada, com a água chegando a quase um metro de altura. >
A dona de casa Neide Maria de Almeida, 67 anos, chegou a levar um choque ao tentar diminuir os danos e salvar um aparelho de som. Por conta da água, a estante de sua sala se partiu e derrubou tudo o que tinha - de caixas de remédios a eletrodomésticos. >
"Eu estava tomando banho quando a água começou a cair. O pessoal gritava ‘acorda, acorda’, e eu respondia que estava tomando banho, e nessa hora a água já estava entrando na casa. Eu quase escorreguei e caí quando vi", diz Neide. A idosa teve todos os cômodos alagados, e as suas roupas, que guarda dentro de caixas, também foram atingidas pela água.>
Ainda assim, ela conseguiu salvar os animais que vivem com ela: dois cachorros de grande porte e um cágado, que foram seu primeiro pensamento ao ver a água entrar em sua casa. Todos os moradores desta rua são parentes. As crianças que moram na vila estão viajando, o que trouxe um alívio para os mais velhos em meio a tanta preocupação.>
“Eu liguei para o meu filho, Gustavo, e falei ‘ainda bem que você não está aqui’, e ele disse ‘Eu estou indo para Salvador, mãe, salvar minha avó para ela não morrer afogada’. Ele tem sete anos”, disse Maria Francisca, nora de Neide, que também mora em uma das casas alagadas.>
O presidente da Embasa, Leonardo Góes, acompanhou os trabalhos no local do vazamento e detalhou que havia um rasgo de cerca de 1,20 metro e a presença de oxidação na tubulação. Esse material foi retirado, substituído e enviado para estudo no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para análise também junto ao fabricante, explicou a Embasa, em nota.>
Ana Maria Menezes, 67, estava comprando pão quando o rompimento aconteceu. Quando chegou em casa, se deparou com a água descendo pelas escadas e já atingindo cerca de um metro de altura no andar de baixo. A aposentada precisou esperar o nível baixar para conseguir entrar em casa e retirar, junto com as filhas, os móveis molhados.>
“Eu cheguei aqui e vi meu armário, que comprei com sacrifício, minha geladeira, todos danificados. No armário da sala, a gaveta não está mais fechando”, disse Ana Maria, que precisou tomar calmantes e remédio de pressão ao se deparar com o estado de sua casa.>
De acordo com a Embasa, os moradores das sete casas que foram alagadas durante o vazamento estão sendo assistidos pelo serviço social da empresa, e os prejuízos serão ressarcidos. À tarde, eles enviaram técnicos para retirar a água das casas. >
A empresa afirmou, em nota, que a previsão de conclusão dos trabalhos era até a meia-noite, quando será iniciada a retomada gradativa do abastecimento na área afetada, dentro de um prazo de 12 horas. >
Para a realização do trabalho, foi preciso interromper totalmente o abastecimento nos bairros do Garcia, Corredor da Vitória, Canela e Alto das Pombas, e houve ainda interrupção em partes dos bairros da Graça, Barra, Ondina, Calabar, Federação, Engenho Velho da Federação e Rio Vermelho.>
Em 16 de fevereiro deste ano, outra tubulação rompeu na Avenida Miguel Calmon, próximo ao Vale do Canela. Na ocasião, um carro ficou submerso na rua alagada e diversos bairros da região tiveram o abastecimento de água afetado. Dois dias depois, em Ondina, outro caso de rompimento de tubulação foi notificado, desta vez na Avenida Milton Santos, no fim do Circuito Dodô.>
O rompimento que ocorreu no Vale do Canela nesse domingo (18) aconteceu em um ponto distinto do vazamento que ocorreu em fevereiro, mas trata-se da mesma tubulação. De acordo com a Embasa, desde o rompimento do Carnaval, a tubulação vem sendo investigada por técnicos especializados. >
“O laudo ainda não foi emitido, mas estudos preliminares apontam que essa tubulação está em interferência com uma rede de 69kv, alta tensão, da Coelba subterrânea, com tubulação da Bahiagás e tubulações de fibra ótica de várias prestadoras de telefonia. Independentemente do resultado do laudo técnico, a Embasa também está estudando o remanejamento ou substituição do material dessa tubulação”, afirmou, em nota, a empresa.>
*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.>