Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 08:00
Em 30 anos, a publicitária Luana Santos, 38, viu muita coisa mudar no bairro onde vive desde criança. Pernambués ganhou asfalto, coleta de lixo diária e o número de moradores explodiu ao longo das décadas. Por essas e outras, Luana defende que o termo ‘favela’ não é o correto para caracterizar a localidade, que fica em uma das áreas mais movimentadas de Salvador. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por outro lado, voltou a utilizar a nomenclatura depois de 50 anos. >
Na lista das 15 maiores favelas do Brasil, a capital baiana aparece na sétima e última posição, com as localidades de Pernambués e Valéria. De acordo com dados prévios do Censo 2022, disponibilizados no ano passado, a primeira tem 18.662 habitantes e a segunda, 12.072. Em primeiro lugar, com uma população de 32 mil pessoas, aparece Sol Nascente, em Brasília. >
O abandono da nomenclatura “aglomerados subnormais” e o retorno do termo “favela” é uma tentativa de aproximar as pesquisas do IBGE da população. Mas nem todo mundo concorda com a retomada. Luana Santos, por exemplo, acredita que a nomenclatura é depreciativa. >
“A definição de favela, por mais que tentem glamourizar o termo hoje em dia, não passa de um local caótico e sem estrutura, e aqui temos estrutura, ruas, avenidas e muitas vilas”, pontua a publicitária. “Vejo que temos cada vez mais moradores. Acredito que a proximidade do coração financeiro de Salvador, shoppings e metrô atraem as pessoas”, pontua. >
Por outro lado, Paulo de Almeida Filho, morador do Bairro da Paz e secretário-executivo da Agência de Notícias das Favelas, considera que a mudança foi acertada. “Nós produzimos e difundimos uma narrativa contrária à habitual, com informações sobre as favelas que mostram que existem coisas positivas nesses espaços. A mudança reflete a luta da população em resignificar o termo que já foi considerado pejorativo”, defende. >
Maiores favelas do Brasil em números de domicílio, segundo o IBGE>