Polícia tem 30 dias para explicar fuga de bandido preso no Carnaval

Jeferson Santos Conceição, mais conhecido como Gel Burro, se entregou à polícia após conseguir escapar

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  • Gil Santos

Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 10:24

Jeferson Santos Conceição
Jeferson Santos Conceição Crédito: Reprodução

A Polícia Civil tem 30 dias para concluir a investigação interna que apura como um bandido considerado de alta periculosidade conseguiu fugir de um posto policial no Carnaval. Jeferson Santos Conceição, mais conhecido como Gel Burro, tem 27 anos e é suspeito de envolvimento em cerca de 10 homicídios. Ele foi preso na madrugada de domingo para segunda-feira de Carnaval, em Ondina.

O coordenador do Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Guilherme Machado, explicou que a equipe que estava de plantão está sendo ouvida e que os fatos estão sendo apurados. Jeferson foi preso após ter sido identificado pelas câmeras de segurança instaladas no circuito. Ele estava desfilando em um bloco quando foi abordado pelos policiais.

"Essa questão da fuga está sendo investigada de forma administrativa, pelo setor responsável, Corregedoria [da Polícia Civil]. Temos um prazo para concluir essas investigações. 30 dias é o prazo de praxe, eu sei que foi solicitada uma perícia de imediato", afirmou o delegado. Jeferson se entregou à polícia nessa quarta-feira (14).

Prisão

No domingo (11), Jeferson foi até o circuito Dodô (Barra/ Ondina) para desfilar em um bloco de Carnaval. Ele não usou maquiagem ou nenhum outro disfarce, apenas o abadá do bloco e adereços. O homem estava sendo procurado por conta de um homicídio realizado em 2023. As câmeras de reconhecimento fácil identificaram o suspeito e o Comitê Integrado de Inteligência e Análise (CIIA) avisou às patrulhas da Polícia Militar que estavam no circuito.

Jeferson foi abordado quando chegava em Ondina. Segundo a polícia, ele não resistiu a prisão, entregou os pertences e foi conduzido até o posto policial na Avenida Milton Santos, também em Ondina, onde a Central de Flagrantes estava temporariamente instalada. Porém, algumas horas depois o homem conseguiu fugir. A polícia ainda não sabe como ele escapou. O coordenador de operações do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), delegado Adriano Lobo, contou que cerca de 50 policiais foram acionados para procurar pelo suspeito nos últimos dois dias.

"As equipes do Deic e da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) estiveram em diversos locais de Salvador, em especial na região de Pirajá e do Parque São Bartolomeu, que são redutos dele. Foram checadas residências e áreas de mata, onde havia suspeita de que ele poderia estar. Encontramos acampamentos e alguns indivíduos que já estavam sendo investigados", contou. Ninguém foi preso.

O delegado acredita que o cerco montado pela polícia levou Jeferson a se entregar. Na tarde de quarta-feira (14), portanto, cerca de 48h após a fuga, o suspeito procurou a Coordenação de Polícia Interestadual (Polinter), nos Barris, acompanhado por um advogado, e se apresentou. Ele está preso.

Alta periculosidade

Jeferson é suspeito de ter envolvimento em cerca de dez homicídios na região de Pirajá e do Parque São Bartolomeu. O coordenador do Denarc, delegado Guilherme Machado, contou que os assassinatos foram praticados nessas regiões e motivados por disputas pelo tráfico de drogas, crime pelo qual o suspeito também está sendo investigado.

"Jeferson é de extrema periculosidade, operando não só em Pirajá, mas em outros bairros da capital. Foi uma prisão muito importante, porque ele é um alvo sensível. São mais de uma dezena de homicídios atribuídos a ele e ao bando, cometidos sob as ordens dele, que exerce essa liderança. Agora, com a prisão dele, vamos ter a oportunidade de avançar nas investigações", explica.

O delegado contou que comparsas do criminoso já foram identificados. Ele não soube informar há quanto tempo Jeferson atua na região, mas frisou que, pela posição de liderança que o homem ocupava na quadrilha, o envolvimento ocorre há anos.

Sistema

O Sistema de Reconhecimento Facial da Secretaria da Segurança Pública (SSP) que identificou Jeferson ajudou a prender durante o Carnaval 36 foragidos da Justiça. Eles possuíam mandados de prisão pelos crimes de homicídio, roubo, furto, tráfico de drogas, estupro, associação criminosa e dívida de pensão alimentícia. Em Salvador, ocorreram 34 prisões.

Não houve registro de morte violenta (homicídio, latrocínio, feminicídio e lesão dolosa seguida de morte). O circuito com o maior número de foragidos localizados foi o Dodô (Barra/Ondina). Vinte pessoas com mandados de prisão foram capturadas pela Polícia.

No Osmar (Campo Grande), 10 procurados foram alcançados e, no Batatinha (Centro Histórico de Salvador), três acabaram presos. Fechando a lista, um foragido foi localizado no Carnaval de Cajazeiras, outro no evento em Porto Seguro e o último na folia em Barreiras. A ferramenta contabilizou também 11 milhões de foliões nas ruas, em Salvador.

As tentativas de homicídio tiveram queda de 50%, com dois casos registrados. Foram contabilizadas ainda 91 ocorrências de lesões corporais. O número de roubos teve queda de 23,4%, em relação à folia de 2023. Já os furtos registraram alta de 12,5%. Durante toda a folia, aconteceram sete casos de racismo, 23 casos de violência contra a mulher e um de LGBTQIAPN+fobia.