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Millena Marques
Publicado em 7 de novembro de 2023 às 05:00
O aumento do número de casos de Covid-19 na Bahia reflete na alta demanda por testes ofertados nas farmácias. Segundo levantamento do Sindicato dos Farmacêuticos do estado (Sindifarma), a procura pelos exames, rápidos e PCRs, cresceu em 30% nos últimos 15 dias. >
De 23 de outubro a 5 de novembro, o número de casos confirmados chegou a marca de 1.519, o que configura um aumento de aproximadamente 194% em comparação aos quinze dias anteriores, de acordo com Central Integrada de Comando e Controle da Saúde, da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). De 9 a 23 de outubro, o estado havia registrado 516 casos. >
Esse aumento é um reflexo do crescimento na procura por testes da Covid no estado. É o que aponta o diretor e secretário de Imprensa do Sindifarma, Gibran Sousa. "A procura pelos testes aumentou em 30%. Em geral, as pessoas não especificam qual é o tipo de teste, mas os mais vendidos nas farmácias são, geralmente, os testes rápidos", explica. >
A alta demanda também é confirmada pelo diretor comercial da rede de farmácias Boa Farma, Cleiton Vieira. "Houve um aumento entre 20 a 30% na rede como um todo diante desse surto de Covid, apesar da nova variante ter um nível de letalidade um pouco mais baixa", pontua. >
Distante do auge da pandemia, os sintomas similares aos de um simples resfriado dificultaram o diagnóstico da doença, que tem se espalhado com maior facilidade na Bahia nos últimos dias. Por isso, a necessidade de realizar testes é importante para evitar a disseminação do vírus, que pode agravar quadros de pacientes com imunodeficiências, idosos e recém-nascidos. >
Além de auxiliar no monitoramento das Secretarias de Saúde e evitar a disseminação do vírus em maior escala, a realização dos teste cumpre papel essencial na descoberta de novas cepas da Covid-19. É o que aponta a médica infectologista Áurea Paste, >
"O vírus é muito mutável. Volta e meia, novas variantes são descobertas e isso precisa ser monitorado. A testagem é importante para que haja conhecimento das cepas que estão circulando, para que as vacinas sejam produzidas", aponta a infectologista, salientando que a situação da Covid pode, futuramente, ser similar à gripe, com vacinas anuais", explica a especialista, coordenadora da residência de Infectologia do Instituto Couto Maia (Icom). >
A reportagem solicitou à Sesab quais cepas da Covid foram detectadas no estado até momento, mas não obteve respostas até o fechamento desta matéria. >
Ainda conforme dados da Sesab, o mês de outubro registrou cinco mortes por Covid-19 e dez casos foram notificados de períodos anteriores. Nos primeiros cinco dias de novembro, três pessoas morreram por causa da doença.>
Novos casos de Covid também influenciam na alta demanda por antigripais. Segundo Gibran Sousa, a busca por antigripais cresceu em até 60% nas farmácias do estado. O motivo é um tanto óbvio: os sintomas causados pelos vírus da gripe são muito similares aos da Covid-19. >
"Muitas pessoas acabam tratando a Covid como uma gripe, não procuram postos de saúde, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais, para realizar os exames. Quando os sintomas gripais aparecem, acabam buscando a automedicação", pontua Sousa. >
Segundo o infectologista Adriano Oliveira, é praticamente impossível distinguir gripe, resfriado e Covid nas fases iniciais, mas salienta que as chances de ser uma gripe são mínimas, porque não vivemos uma onda de Influenza nesta época do ano. >
"O que temos é uma onda de Ômicron. Então, se a pessoa apresenta febre, nariz entupido e espirro é Covid até que se prove o contrário", afirma.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >