Projeto ‘Todas por Uma’ vai acolher vítimas de violência doméstica

Objetivo é formar uma rede de sociabilidade, solidariedade e reconstrução dessas mulheres

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Publicado em 27 de março de 2024 às 17:59

Projeto vai acolher vítimas de violência doméstica
Projeto vai acolher vítimas de violência doméstica Crédito: Divulgação/DPE-BA

Enquanto passava pela sala de espera de atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE), um aspecto chamou a atenção da defensora Viviane Luchini. Ela percebeu que, ali, as mulheres compartilhavam suas histórias de violência doméstica umas com as outras e se apoiavam. Essa imagem serviu de inspiração para que a própria DPE criasse um espaço de escuta entre elas. Assim nasceu o projeto ‘Todas por Uma’, que a Defensoria lançou nesta quarta-feira (28), na Casa da Mulher Brasileira, em Salvador.

"A ideia surgiu, ali mesmo, no atendimento às usuárias. Esse compartilhamento seguido de fortalecimento inspirou a gente a fazer as rodas de conversa”, explicou Viviane Luchini, que coordena a iniciativa. Ela explica que, ao ouvir outros relatos, essas mulheres percebem que não estão sozinhas e tendem a se sentir mais fortalecidas no enfrentamento da situação. O objetivo do projeto é servir como um espaço de acolhimento e desconstrução do julgamento a mulheres em situação de violência doméstica, formando uma rede de sociabilidade, solidariedade e reconstrução. A previsão é que os encontros sejam quinzenais e reúnam diferentes grupos de mulheres.

A coordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos e do Núcleo de Defesa das Mulheres (Nudem), Livia Almeida, falou da importância de se romper o ciclo da violência de gênero e o quanto é fundamental fortalecer as mulheres nessa situação. “Realmente, precisamos de um projeto como esse, porque precisamos fortalecer as mulheres. Eu acredito que a diminuição da violência de gênero está muito ligada ao fortalecimento das mulheres. É importante que as mulheres saibam que juntas somos imbatíveis”, afirmou.

A convidada especial e palestrante Clara Martins falou um pouco da sua história de violência doméstica e frisou o quanto o acolhimento foi decisivo para sua recuperação e superação. “O difícil para a vítima, que já está machucada, é se sentir segura, respeitada. Nesse momento, o acolhimento é imprescindível. Ser ouvida sem ser julgada, viver sem medo, precisamos disso para tentar seguir em frente”, relatou.

A assistente-social da DPE Thágila Rodrigues, que ajudou na construção do projeto, contou que as rodas de conversas preveem falas horizontalizadas, de modo que cada história possa ressoar no coletivo. Também idealizadora do projeto, a psicóloga da Defensoria, Cátia Santos, explicou que o isolamento é uma das fases mais cruéis da violência de gênero, de modo que o grupo pode servir como um espaço de reconstrução de laços a essas pessoas.

Após os relatos, as participantes deram um abraço coletivo, simbolizando que nenhuma delas está sozinha. Além de usuárias do sistema de justiça, lideranças comunitárias, organizações não governamentais e entidades que lutam contra a violência de gênero participaram do lançamento.