Fiéis pegam fila de 2h e lotam igreja em homenagem a Santa Luzia

Como é de costume, a fila para fonte, a parte de fora e o interior da Igreja Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia, no bairro do Comércio, em Salvador, amanheceram cheios nesta sexta-feira (13). A data, que marca a celebração do dia da padroeira e protetora da visão, é marcada pela presença de fiéis gratos a Santa Luzia que saem até do interior para homenageá-la.

É o caso de Raimundo Stelio, 80 anos, que sai de Alagoinhas para Salvador todo dia 13 de dezembro há 60 anos para o dia de Santa Luzia. A devoção começou quando, após um acidente que feriu e afetou a visão do seu olho direito, a mãe de Raimundo fez uma promessa para a santa pedindo que o olho do filho fosse recuperado e voltasse a ver.

“Regulando a correia de um ônibus, a espátula escapuliu e bateu no meu olho. Minha mãe, que já é falecida, chegou e me trouxe aqui para lavar o olho. Depois de cinco dias, eu voltei no médico e, quando ele tirou a proteção, o olho estava bom, eu enxergava e nem precisou operar”, conta.

Por conta da graça, além de vir no dia da protetora da visão para Salvador, Raimundo construiu uma capela para a santa em Alagoinhas e, todo 13 de dezembro, enche galões de água para levar aos que não podem vir para a capital. Não é só ele, inclusive, que saiu de outra cidade para a celebração.

Maria José da Silva, 77 anos, por exemplo, saiu da zona rural de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, para acompanhar a missa e as homenagens para a santa. Há 20 anos, ela foi acometida pela doença da catarata. Com a visão muito baixa e o medo do procedimento operatório difícil, prometeu que viria todos os dias de celebração caso ficasse boa.

“Achei que não ia enxergar nunca mais, a visão estava muito baixa, mas Santa Luzia intercedeu por mim e, hoje, mesmo com óculos, eu posso ver. No pouco que eu sei, precisamos ser gratos e cumprir com nossas promessas. Por isso, todo ano eu venho. No dia que não aparecer, é porque já não tenho mais condições”, diz.

Enquanto há pessoas que agradecem pela graça, existem fiéis que tomam a ida para o local como um cuidado preventivo. Manoel Oliveira, 68, tem o costume de lavar os olhos e beber a água da fonte de Santa Luzia para evitar doenças. “Sou fiel e creio no poder dela. Quanto mais velho, mais cuidado. Então lavo os olhos e bebo a água para que ela me projeta”, explica.

As celebrações do dia de Santa Luzia seguem até as 19h, com missas em sequência. Às 10h, porém, acontece a procissão para homenagear a protetora da visão e que costuma ser o auge da festa.