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CRIME
Moradores relatam interrupções recorrentes nos serviços por conta de furtos de cabos
Wendel de Novais
Publicado em 30 de abril de 2024 às 07:30
Os furtos a fiações do bairro do Canela, que são queimadas por suspeitos em áreas verdes do bairro, trazem um problema que vai além do medo de moradores e impactos na saúde de quem vive por lá: a queda em serviços de energia e telefonia. Moradores ouvidos pela reportagem apontam que, no bairro, é comum o registro de quedas na energia e em serviços de telefonia, como internet, por conta de furtos de fios.
Pedro Araújo, presidente da associação de moradores AMO Canela, relata que o problema ocorre porque usuários de drogas, que vivem nas imediações do Vale do Canela e na frente do antigo Colégio Odorico Tavares, atacam caixas referentes aos serviços de telefonia. "Constantemente, temos esses furtos de cabos de telefonia e até energia aqui no Canela. Um problema que faz com que, por diversas vezes, sejam registradas quedas de serviços ligados a isso, como a internet", aponta o presidente.
Um outro morador, que prefere não se identificar, diz que o fundo do seu prédio fica de frente para o Vale do Canela e a sua rotina, por conta da falta de luz, é prejudicada pelos furtos. “Por vezes, quando estava de home office, precisei ir para empresa porque falta luz. Eles mexem nas caixas de energia, roubam fios e acabam por interromper o serviço. Isso é muito recorrente e, mesmo de madrugada, dá para ouvir, pelo barulho do telefone ligando e desligando, a energia indo e retornando”, relata.
Do mesmo prédio, o morador relata que vê, com frequência, a fumaça da queima dos fios que os suspeitos retiram das caixas de energia. Em vídeos que a reportagem teve acesso, é possível ver ações de furto ainda no início da noite no bairro.
"Os vídeos são variados e em diversos pontos do Canela onde há esse furto e a queima de fios do local. Segurança não se faz apenas com polícia. Além do envolvimento das forças de segurança, é preciso entender o papel da prefeitura numa área que é muito escura e favorece essas situações de crime. Então, além da resposta na segurança, precisamos ter retorno da iluminação. Enquanto não temos isso, os problemas seguem", reclama Pedro Araújo.
A reportagem procurou a Neoenergia Coelba para ter os números de furtos de fio registrados no Canela. Em nota, a distribuidora informou que registrou seis ocorrências na região de janeiro a abril de 2024 no bairro.
A Neoenergia Coelba reforça ainda que "além de ilegal, o furto de cabos é realizado por pessoas não capacitadas e autorizadas, podendo ocasionar um grave acidente, tanto com quem pratica o ato, como com as pessoas ao redor. Existem, também, os prejuízos ao fornecimento de energia, interrompendo unidades consumidoras próximas ou até mesmo a iluminação pública".
Ainda em nota, foi informado que no primeiro trimestre de 2024, a Neoenergia Coelba registrou 237 ocorrências de furto de cabos e equipamentos da rede elétrica na Bahia.
A reportagem também procurou a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) para falar sobre o problema de iluminação no local e se há projetos para reduzir o problema. A pasta redirecionou a demanda para a Diretoria de Serviços de Iluminação Pública (DSIP), que informou que as ruas do Canela possuem o circuito de iluminação pública estimado, ou seja, ligado direto na rede Coelba, o que dificulta a ação dos vândalos.
A DSIP disse que, nas grandes vias do bairro, a exemplo da Avenida Reitor Miguel Calmon e os acessos dos Viadutos (Gabriela e do Canela) não há histórico de vandalismo. "Na mesma região, na Praça do Campo Grande, vândalos agem diariamente, furtando cabos e destruindo o patrimônio público. As ações, causam prejuízo ao erário e resultam em vias apagadas e cabos expostos, gerando transtorno e risco à população. A manutenção no local é realizada constantemente para a garantia do reestabelecimento da iluminação pública", continuou a nota.
Por fim, a Diretoria informou que disponibiliza canais de comunicação para denúncia de casos de furtos e informações sobre apagões. A população pode entrar em contato através do 156, e Fala Salvador (site e aplicativo). Em casos de urgência, o órgão também dispõe do WhatsApp (71) 99946-3923.