Racismo estrutural e reparação social são temas de mesa redonda em Salvador

Evento no Parque da Cidade celebrou o Julho das Pretas

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 5 de agosto de 2023 às 14:07

Mesa foi realizada no auditório do Parque Social
Mesa foi realizada no auditório do Parque Social Crédito: Gil Santos/ CORREIO

O racismo estrutural e a reparação das mulheres negras nos negócios e nas instituições foram alguns dos temas debatidos durante o Afro Parque: Empoderamento Feminino, evento promovido pelo Parque Social, e em celebração ao 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. O local teve também apresentações culturais e oficinas de turbantes.

A diretora do Parque Social, Sandra Paranhos, explicou que o evento, realizado neste sábado (5), teve como objetivo fomentar o debate sobre racismo e feminismo, e afirmou que essa discussão precisa estimular a reflexão da sociedade sobre os preconceitos.

“Precisamos nos engajar em causas que venham a transformar essa sociedade racista e acabar com a diferença entre pessoas, por elas serem de pele e etnia diferentes. São pessoas. Queremos fomentar a discussão de que a mulher negra pode estar no lugar que ela quiser, porque o lugar é para todos”, afirmou.

No mês passado, o Parque Social exibiu um documentário sobre a guerreira Zeferina para mulheres que são atendidas pela instituição. Neste sábado, a advogada e titular da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordelo, foi uma das convidadas da mesa redonda e apresentou alguns números.

“A gente teve um aumento significativo de feminicídio, 6% a mais em todo o Brasil. Quando a gente olha Salvador, tivemos um aumento de mais de 200% nos casos de importunação sexual. Os últimos dados que temos referentes a mulher no país mostram que as mulheres negras estão nos mais altos índices de violência. São números que chamam a atenção e que envolvem todas essas pautas”, explicou.

O evento começou com uma roda de samba comandada pelo professor de capoeira Mascote e pelo mestre Nico e com a participação de pessoas assistidas pelo Parque Social e de curiosos que pararam para acompanhar a apresentação. A mesa redonda teve participação também da especialista em Letramento Racial, Gênero e Diversidade, Taiana Ferreira, e da designer de moda e Empreendedora da Odò Moda Afrobaiana, Itana Cruz.

A psicóloga, especialista em prevenção a violência, segurança pública e cidadania e policial militar, capitã Sheyla, destacou a importância da participação popular. “Para que as leis sejam efetivadas a gente precisa cobrar e participar. Temos que cobrar de quem é de direito, escrever, procurar, denunciar e exigir que a lei seja cumprida”, disse.

No espaço foi realizada também uma oficina de turbante, com Aurelina Oliveira, mais conhecida como Nana África, mentora de trancistas e idealizadora do Projeto Baobá das Pretas, e tiveram apresentações artísticas do grupo de Idosas beneficiárias do Projeto Convivendo e Aprendendo - Unidade Nordeste de Amaralina, e do Coral Quabales, Projeto Socioeducativo Cultural que acontece no Nordeste de Amaralina.

O Parque Social é uma instituição sem fins lucrativos com atuação nas comunidades do Nordeste de Amaralina, Plataforma, Pau da Lima, Castelo Branco e Cajazeiras. Segundo a direção, outros 12 bairros serão incluídos ao Convivendo e Aprendendo até o final do ano. Através dessa iniciativa são oferecidas atividades artísticas e esportivas para crianças, adultos e idosos das comunidades.