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Ritual do Lava-pés é replicado no Bonfim e Vaticano trocando homens por grupos sociais diversos

Papa Francisco lavou os pés de presidiárias italianas, enquanto em Salvador, padre Edson Menezes acolheu mulher trans

  • Foto do(a) author(a) Da Redação
  • Da Redação

Publicado em 30 de março de 2024 às 05:00

Papa Francisco na cerimônia do Lava-pés em presídio Crédito: Vatican Media/Divulgação

A tradição cristã sempre seguiu o que está descrito no Evangelho de João: Jesus, na noite da Última Ceia, lavou os pés de seus 12 discípulos e os beijou, em sinal de humildade. Mais de dois mil anos depois da cena bíblica, é de se imaginar, diante de tudo o que se diz de Jesus nos escritos sagrados, que se o filho de Deus vivesse hoje, olharia com o mesmo afeto para os grupos mais discriminados e respeitaria a diversidade.

No Vaticano e na Basílica do Bonfim, o papa Francisco e o padre Edson Menezes seguiram essa premissa de acolhimento e alteraram a tradição: em vez de 12 homens, como sempre acontece, as 12 pessoas que tiveram os pés lavados e beijados pelos religiosos representam as categorias sociais diversas e que ainda sofrem discriminação, como mulheres cis e transgênero, pessoas negras e idosos.

No Vaticano, Francisco, papa que adotou o nome do santo católico que fez voto de pobreza e esta sempre à serviço dos mais humildes, lavou os pés de 12 presidiárias da Penitenciária Feminina de Rebibbia, em Roma (Itália), no rito de quinta-feira (28).

As mulheres que se encontram em situação de cárcere eram oriundas de países diversos e ficaram bastante emocionadas com o gesto do pontífice. Francisco, inclusive, repete a tradição de realizar o Lava-pés em cadeias e penitenciárias italianas desde o começo de seu pontificado.

Francisco, de 87 anos, devido aos problemas de locomoção, realizou a cerimônia com adaptações. Em vez de ajoelhar-se, permaneceu sentado na cadeira de rodas que vem utilizando em eventos públicos. Após o Lava-pés, o papa celebrou a homilia In coena Domini, tradicional na missa rezada após o ritual e lembrou que essa cerimônia remete à vocação de servir.

"Com o Lava-pés, Jesus se humilha e nos faz entender o que ele disse: 'Eu não vim para ser servido, mas sim para servir'", afirmou o papa.

Padre Edson e a ativista trans Brenda Souza Crédito: Luanne Ribeiro/Divulgação

Bonfim da diversidade

Na Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada, pela primeira vez uma mulher trans participou da cerimônia do Lava-pés. O momento aconteceu na noite de quinta-feira (28), durante a Santa Missa da Ceia do Senhor, que faz parte da programação da Semana Santa.

A cerimônia do Lava-pés contou com a presença de 12 pessoas que representaram a diversidade étnica, religiosa, social e racial presentes na sociedade. Segundo a Igreja, a escolha dos participantes se deu a partir da motivação da Campanha da Fraternidade 2024, mediante o lema ‘Vós sois todos irmãos e irmãs’.

Participaram do momento a ativista e empreendedora Brenda Souza; o jornalista e motivador cultural, Clarindo Silva, e Vitor, refugiado da Venezuela que foi acolhido pela Obra Social do Projeto Bom Samaritano, realizado pela Basílica Santuário do Bonfim.

A santa missa foi encerrada com a Procissão da Transladação do Santíssimo Sacramento, que tem como finalidade esvaziar o sacrário principal da Basílica em preparação para a Paixão de Cristo, na Sexta-feira Santa.

Arquediocese

A programação da Arqueciocese seguiu a tradição das escrituras. Na noite de quinta-feira, 12 homens, todos fiéis de igrejas localizadas no Centro Histórico de Salvador, representaram os discípulos que têm os pés lavados na Última Ceia. O ato de Jesus foi repetido pelo Arcebispo de São Salvador e Primaz do Brasil, o Cardeal Dom Sergio da Rocha, e pelo bispo auxiliar, Dom Dorival Barreto. A missa do Lava-pés teve início às 18h, e reuniu centenas de fiéis.

Na homilia, o arcebispo lembrou dos três grandes momentos do Mistério Pascal, em especial do lava-pés: “Hoje, recordamos a Última Ceia, narrada por São João, que destaca um gesto especial de Jesus que é o lava-pés e que, primeiramente, é, sem dúvida, um sinal de humildade. Jesus assume a missão de servo fiel e generoso”, afirmou.

O cardeal destacou, ainda, que “Jesus está nos recordando que Ele espera de nós esse gesto como sinal de amor, precisamos amar como Jesus: Ele ama servindo; Ele ama dando a vida na cruz. Só pode servir quem se dispõe a amar”, acrecentou.

Ao final da missa aconteceu ainda a transladação do Santíssimo Sacramento e a desnudação do altar, quando as toalhas e as flores são retiradas para dar lugar a um grande e respeitoso silêncio em memória à noite em que Jesus foi entregue para sofrer até a morte na cruz.

O que é o rito do Lava-pés

Nas religiões cristãs, o ato de lavar os pés dos fiéis remonda a uma passagem bíblica, do Evangelho de João, que diz que Jesus lavou os pés dos apóstolos durante a Última Ceia. O ato significa humildade e também está ligado aos costumes de hospitalidade