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Larissa Almeida
Publicado em 7 de maio de 2025 às 05:00
A síndrome respiratória aguda grave (SRAG) matou uma pessoa por dia na Bahia em 2025. De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), entre os dias 1º de janeiro e 3 de maio, foram 2.916 casos confirmados e 123 mortes. Os indicadores apontam uma redução de 37,1% no número de casos e de 60,2 % no número de óbitos, já que, no mesmo período do ano passado, 4.637 casos com 309 óbitos tinham sido registrados no estado. Mesmo com a diminuição, especialistas alertam para a necessidade de atenção com a condição grave. >
Antes de tudo, a infectologista Giovanna Orrico explica que a síndrome respiratória aguda grave nada mais é do que uma condição agravada de dois tipos de doenças respiratórias: gripe (Influenza) e Covid-19. “Ela é caracterizada por uma insuficiência respiratória decorrente de um quadro infeccioso. É uma síndrome que implica no comprometimento de microvasos e micro bronquíolos respiratórios, atingindo a árvore respiratória inferior, diminuindo a oxigenação”, esclarece. >
Inicialmente, o paciente começa a apresentar sintomas de coriza e obstrução nasal, dor de garganta e tosse. Depois, esse quadro evolui e acomete as vias aéreas inferiores, o que leva aos sintomas mais graves, como falta de ar, escurecimento dos lábios, dor torácica, dificuldade para falar e respirar, podendo chegar a situações mais extremas, como insuficiência respiratória – que é quando ele não consegue mais respirar sem ajuda mecânica – e afundamento das costelas, em crianças, pelo esforço feito para manter a respiração. >
A nível nacional, desde o início de março, tem sido registrado um crescimento quase constante dos agentes infecciosos. Até abril, mais da metade do país (16 das 27 unidades federativas) apresentou incidência de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em nível de alerta, risco ou alto risco. Os dados são do relatório divulgado no último dia 22 de abril pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que monitora a circulação de patógenos respiratórios a partir de registros de laboratórios privados, e do boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado no dia 30 daquele mês. >
O vírus influenza A, que causa gripe, vem aumentando desde dezembro em todas as faixas etárias, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, levando a grande número de hospitalizações e casos de SRAG, conforme informações veiculadas pela Agência Einstein. >
Segundo o Infogripe, a maior circulação do VSR, além do rinovírus, tem gerado aumento da incidência de SRAG em crianças pequenas. Há alta de registros da síndrome nas regiões Centro-Sul e em alguns estados do Norte e Nordeste, principalmente, entre crianças e adolescentes de até 14 anos. >
Para a infectologista Clarissa Cerqueira, os números da mortalidade do SRAG na Bahia refletem essa alta de agentes infecciosos da Influenza, que é comum nos períodos mais frios do ano. “Nós estamos tendo a circulação da Influenza, que tem esse potencial de gravidade. Aliado a isso, pacientes com comorbidade, com idade avançada ou crianças menores de dois anos são mais suscetíveis. Ainda, há atraso no diagnóstico e no tratamento, que também podem explicar essa mortalidade”, afirma. >
A queda no número de óbitos em relação ao ano passado, por sua vez, é vista por ambas as especialistas como possível consequência do aumento da cobertura vacinal. Elas destacam a importância da vacinação para prevenção de surto, como o que ocorre em Santa Catarina, onde a cobertura vacinal ainda está abaixo da meta, o que tem favorecido a proliferação de casos de Influenza. >
“Se as pessoas não se vacinam, mesmo tendo uma população mais idosa, pessoas com imunossupressão, crianças menores de dois anos e pacientes com outras comorbidades, o risco é maior de complicação. Com a vacinação, há um risco muito menor de agravamento. Isso não isenta o indivíduo de ter Influenza, mas diminui as chances de casos mais sérios”, ressalta Giovanna Orrico. >
A vacina contra influenza deve ser aplicada anualmente, porque o vírus sofre mutações e os imunizantes são atualizados conforme as cepas em circulação. “Além disso, a imunidade resultante da vacina dura, em média, de seis a 12 meses. Por isso é preciso se vacinar todo ano, no outono”, enfatiza a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein. >
A campanha nacional de vacinação do Ministério da Saúde começou no dia 7 de abril, voltada para grupos prioritários, que incluem crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes, puérperas até 45 dias após o parto, idosos com 60 anos ou mais, povos indígenas, população quilombola e pessoas em situação de rua. A pasta adquiriu 73,6 milhões de doses. No primeiro semestre, está prevista a distribuição de 67,6 milhões doses para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. >