VIVENDO NO CAOS

'Usando água da piscina para lavar as coisas', conta baiano que vive no Rio Grande do Sul

Estado registrou 85 mortos, e mais de 201 mil pessoas fora de casa

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  • Esther Morais

Publicado em 7 de maio de 2024 às 10:58

Família foi afetada pela chuva e precisou comprar suprimentos
Família foi afetada pela chuva e precisou comprar suprimentos Crédito: Acervo pessoal

O soteropolitano Vladson Freire, 40, mora há cerca de 10 anos no Rio Grande do Sul. Atualmente ele e a família, incluindo a esposa e o filho de 1 ano, vivem em Canoas, uma das cidades mais atingidas pela chuva no estado. "Onde a gente mora está sem água, inclusive potável. Estamos usando água da piscina para lavar as coisas", conta. 

Ele lembra que a situação piorou na sexta-feira (3) e, desde então, o nível da água chegou a bater 5 metros. O plano é que parte dos parentes fiquem temporariamente em uma casa alugada numa região menos afetada pela chuva, no litoral. Enquanto isso, Vladson vai permanecer na cidade para ajudar os desabrigados. No domingo (5), ele conseguiu ir ao supermercado em outra cidade para comprar suprimentos. 

"Nunca vi nada nessa dimensão. Eu sou do Alto do Peru e quando era pequeno a Avenida San Martin caiu um pedaço e me lembro de ver essa comoção, essa energia de solidariedade no meu bairro. Mas nessa dimensão, de mais de 170 mil pessoas impactadas, nunca tinha visto. Vejo gente morando em caminhão, carro, posto de gasolina, qualquer garagem que funcione está abrigando pessoas", afirma. 

O número de mortes causadas pelas chuvas no RS subiu para 90, sendo que 32 pessoas estão desaparecidas e mais de 155 mil estão desalojadas. A informação é da Defesa Civil do Estado, em balanço divulgado na manhã desta terça-feira (7).

Apesar das dificuldades, Vladson ressalta que o sofrimento é pouco perto do que outras pessoas estão passando, uma vez que a região em que mora não foi tão atingida. Em outros locais, há diversos vídeos que registram alagamentos e inundações. 

Na esteira disso, o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado por tempo indeterminado, assim como há bloqueios em 102 pontos de rodovias estaduais e 61 federais. O governo decretou estado de calamidade, e a situação já foi reconhecida pelo governo federal. A Defesa Civil alertou que parte das bacias hidrográficas do estado têm risco de elevação das águas.