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Wendel de Novais
Publicado em 27 de junho de 2024 às 07:15
Colisões como a que acabou na morte de duas pessoas na segunda-feira (24), na Avenida Suburbana, não são incomuns na via. A avenida, uma das maiores de Salvador, vive uma alta de registros com 49 acidentes em 2024. No ano passado, esse número chegou a 142. Entre as justificativas, motoristas, moradores e comerciantes que vivem na região citam uma série de fatores. Os principais deles são o grande fluxo de veículos e pedestres, imprudência de quem dirige e quem caminha e a estrutura. >
Moradora do bairro de Periperi, Rosana Paz, 53 anos, dirige pela avenida cotidianamente e até já sofreu um acidente, quando um entregador bateu em seu carro. Ao falar sobre o motivo das ocorrências, ela fala que há uma série de fatores, como a falta de educação no trânsito, mas destaca a falta de espaço da via para um volume muito alto de veículos e pedestres que circulam por lá. >
“Falta educação, tanto do pedestre como de quem conduz os veículos. É um problema, acima de tudo, porque se trata de uma avenida muito movimentada, com gente rodando o tempo todo. A Suburbana serve de trajeto para algumas empresas e cresceu de maneira desordenada, com comércio às margens que não para de ampliar. Tudo isso aumenta o fluxo de pessoas e carros na região e isso influencia”, conta ela. >
Em 2023, a via liderou em número de acidentes com óbitos em Salvador, mesmo sendo a terceira em acidentes com pessoas feridas, atrás das avenidas Luís Viana (285 acidentes com feridos, quatro com vítimas fatais) e Antônio Carlos Magalhães (178 acidentes com feridos, dez com vítimas fatais). >
Segundo o titular da Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), Décio Martins, os acidentes na Avenida Suburbana não se restringem a um ponto específico. Ele afirma que costumava ser assim, mas depois da implantação das faixas elevadas e com ações fiscalizatórias, esse cenário tem mudado. >
“Nós tomamos diversas medidas, como a instalação de radares e a implantação de faixas elevadas por sentido, e estamos fazendo a requalificação completa da Avenida Suburbana neste momento, inclusive com a construção dessas faixas elevadas que reduzem a velocidade naquela região”, diz. Ainda segundo o superintendente, não há planos de instalar mais radares na avenida no momento.>
Nelson Oliveira, 51 anos, que mora em Praia Grande, também dirige rotineiramente na avenida. Além de destacar o fluxo de carros, ele chama a atenção para a falta de cuidado com a própria segurança por parte dos pedestres. Segundo ele, muitas pessoas atravessam de maneira inadequada, fora da faixa de pedestre, e acabam causando acidentes. >
“Há muita imprudência dos pedestres, que atravessam em qualquer lugar. Eles não atravessam somente nas sinaleiras. Claro que não pode ter sinaleira em todos os lugares e sei que existem moradias próximas da pista ao longo de todo o percurso. No entanto, essas ações dos pedestres contribuem muito para os acidentes”, pontua ele. >
Uma questão que é endereçada por Rosana é o papel das motos, que são, em geral, as principais envolvidas em acidentes. Tanto é que a via já chegou a liderar a capital em colisões que envolvessem motocicletas. Para a moradora, é importante uma política direcionada para os motociclistas, que pilotam em condições irregulares. >
“O fluxo de motos é muito grande e precisa de uma política específica para isso. Há muitas pessoas que só pegam a moto, sem qualquer condição e andam sem capacete, de chinelo e que se expõem a um risco até por acelerarem demais e não respeitarem o limite de velocidade. Toda hora a gente fica sabendo de uma batida”, completa ela. >
Marcos Sampaio, 63 anos, dirige diariamente há 30 anos na via por morar em Paripe. Ele reclama dos mesmos pontos citados por Rosana e Nelson, mas acrescenta um. “Acredito que a via ficou pequena, principalmente, com o canteiro largo instalado ali. Então, com muita gente rodando, imprudência e uma pista de tamanho aquém do que é necessário, fica mais fácil que ocorra acidentes. Eu mesmo dirijo sempre tenso, esperando qualquer coisa acontecer. É muito difícil rodar na Suburbana”, lamenta ele.>