Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Lucas Maia foi encontrado morto no sábado (25), dentro de casa, no Rio Vermelho
Maysa Polcri
Publicado em 27 de novembro de 2023 às 14:33
A segurança de Lucas Maia de Oliveira, 36, que foi assassinado em seu apartamento na Avenida Cardeal Silva, em Salvador, era motivo de preocupação para amigos próximos. O dentista tinha o hábito de levar homens desconhecidos para a residência, onde tinha encontros amorosos. Depois que foi dopado e vítima de roubo no ano passado, Lucas passou a enviar imagens das pessoas que se relacionava para os amigos.
“Já aconteceu de Lucas conhecer uma pessoa na rua e levar para casa. A gente puxava muito a orelha dele, eu briguei diversas vezes com ele por isso”, conta um amigo que preferiu não se identificar.
Ele chegou a receber a foto de um homem que ficou hospedado na casa do dentista entre sábado (18) e terça-feira (21), mas a imagem não ficou armazenada no celular porque foi do tipo visualização única. Amigos suspeitam que esse rapaz voltou ao apartamento para cometer o assassinato. O crime é investigado pela 1º Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).
“Há pouco tempo atrás eu mandei para ele a matéria de Jorge Pedra, que era apresentador e foi morto em um motel. Eu cansei de alertá-lo sobre os perigos que ele corria”, lamenta o amigo. Jorge Pedra era apresentador da TV Salvador e foi assassinado em 2009. No ano seguinte, Emerson Neves de Jesus, na época com 19 anos, confessou ter cometido o crime, mas foi absolvido pela Justiça por falta de provas.
Apesar de ter o costume de enviar as imagens dos homens com quem se relacionava para o amigo, isso não foi suficiente para evitar que Lucas fosse morto. Especialistas em segurança alertam para os cuidados que devem ser tomados ao convidar pessoas para casa. “É essencial verificar a identidade e estar, preferencialmente, acompanhado de alguém”, indica Alexandre Deminco, que trabalhou na Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) por dez anos e é dono da empresa OP Segurança.
Ele indica ainda que as pessoas comuniquem à portaria dos condomínios sobre visitas. Um vizinho de Lucas Maia ouviu um pedido de socorro vindo do apartamento do dentista e acionou a portaria. O porteiro tentou contato com a vítima e foi até a porta de sua residência. Mesmo sem respostas, o agente de portaria não chamou a polícia. O homem já foi intimado a prestar depoimento, segundo a Polícia Civil.
Para Alexandre Deminco, dono de uma empresa de segurança condominial, moradores e funcionários precisam ter comunicação eficiente. “Os funcionários devem seguir protocolos rígidos e sempre solicitar identificação dos visitantes”, indica. As câmeras de segurança do prédio que foram divulgadas mostram o momento que o suspeito sai do apartamento de Lucas e leva o carro e pertences do dentista. O homem roubou celular, televisão e notebook, mas as câmeras não captaram o rosto do suspeito, que usava um capuz.
O especialista em segurança analisa que o elevador deveria ter mais de uma câmera para evitar problemas de identificação. “A maioria das pessoas instalam câmeras sem projeto e qualquer tipo de estudo, que são fundamentais para que se obtenha resultados satisfatórios quando for necessário”, pontua Alexandre Deminco.
Segundo a Polícia Civil, familiares de Lucas estiveram na Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP), neste sábado (25), para registrar o desaparecimento do homem e foram orientados a procurá-lo em sua casa e hospitais de grande circulação.
O corpo do dentista estava em estado avançado de decomposição. Ainda de acordo com a polícia, o carro da vítima não estava na garagem e o imóvel havia sido revirado e saqueado.
A polícia não divulgou se o corpo de Lucas apresentava sinais de violência. As guias para remoção e perícia foram expedidas e os laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) devem esclarecer a causa da morte. O caso será apurado pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).