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Estúdio Correio
Gabriela Araújo
Publicado em 19 de junho de 2025 às 06:00
A busca por processos produtivos mais limpos e eficientes tem mobilizado grandes empresas baianas, que ampliam iniciativas voltadas à redução de emissões de gases de efeito estufa e ao uso mais inteligente dos recursos naturais. Além de reduzirem o impacto ambiental, essas ações posicionam a indústria local para participar do mercado de créditos de carbono, segmento que avança no país.>
Na Bahia, um dos exemplos de ações sustentáveis na indústria é o projeto desenvolvido pela Tronox, líder mundial na produção de pigmento de Dióxido de Titânio (TiO2), que reaproveita o Minério Não Reagido (MNR), resíduo antes descartado em aterros, como insumo para a construção civil. A iniciativa da empresa, instalada no Polo Industrial de Camaçari, evita o descarte inadequado e contribui para a redução das emissões associadas ao transporte e à decomposição desses materiais, além de reduzir a demanda por matéria-prima natural.>
A aplicação do MNR como subproduto na indústria da construção civil surgiu a partir de pesquisas realizadas em parceria com o Departamento de Engenharia de Materiais (LEDMA) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2018. Em 2022, o material passou também a ser utilizado na produção de artefatos de concreto. A iniciativa se conecta diretamente com a principal meta do plano de sustentabilidade da Tronox, de zero envio de resíduos para aterros sanitários até 2050. >
Gabriel Medina Ataíde,
líder de Meio Ambiente da Tronox.Hoje, a empresa é responsável pelo envio de cerca de 10% da geração mensal do subproduto para uma empresa de produção dos artefatos de concreto. O material é aplicado na produção de tijolos e pisos intertravados, que serão usados na construção civil.>
Outro exemplo de empresa que tem se destacado por meio de ações sustentáveis é a Unipar, líder na produção de cloro e soda e a segunda maior de PVC na América do Sul. Toda a energia elétrica utilizada na fábrica instalada no Polo Industrial de Camaçari é proveniente de fonte 100% renovável, gerada no Parque Eólico de Tucano, na Bahia. >
De acordo com a empresa, a unidade foi concebida dentro dos princípios da transição energética, adotando, desde o início, a tecnologia de eletrólise por membrana zero gap, que reduz em cerca de 10% o consumo de energia elétrica em comparação a tecnologias tradicionais, com toda a energia utilizada na operação vinda do Campo Eólico de Tucano, com fornecimento assegurado por meio do modelo de autoprodução da Unipar. Essa escolha reforça o compromisso da empresa com uma operação eficiente, sustentável e de baixo carbono desde sua concepção.
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Ainda segundo a companhia, por se tratar de uma planta recém-inaugurada, com operação iniciada no final de 2024, os resultados operacionais e ambientais da unidade de Camaçari ainda estão em fase de consolidação. No entanto, a expectativa é "altamente positiva, considerando que a fábrica já nasceu alinhada às melhores práticas de ecoeficiência". >
Em dezembro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que regulamenta o setor e cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) (Lei 15.042/2024). A partir desse sistema, empresas podem compensar emissões excedentes por meio de créditos gerados por projetos de redução ou remoção de carbono, como iniciativas que visam a recuperação de florestas, o reaproveitamento de resíduos e a transição energética, ampliando os benefícios ambientais e climáticos.>
Assim, além de reduzir seu impacto ambiental, as empresas passam a ter a possibilidade de comercializar esses créditos ou utilizá-los para compensar emissões próprias, integrando-se a um mercado que valoriza e recompensa financeiramente práticas responsáveis e alinhadas às metas climáticas do planeta.>
Nesse contexto, ao CORREIO, Arlinda Negreiros, gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), destacou que o território baiano vem se consolidando como líder na produção de energia limpa, contribuindo efetivamente no processo de descarbonização.>
"A integração entre os diferentes atores da cadeia produtiva e a parceria entre empresas, governo e academia são importantes para criar um ambiente favorável à inovação e ao desenvolvimento sustentável. Por fim, a conscientização da população e das indústrias sobre a importância da transição energética será fundamental para garantir o sucesso dessas iniciativas", pontuou.>
A Unipar traçou uma jornada rumo à neutralidade de carbono, que inclui ações estruturadas em eficiência energética, inovação tecnológica e uso de fontes renováveis. A meta é operar com 100% de energia elétrica limpa no Brasil até 2025, sendo 80% por meio de autoprodução. Além disso, a companhia assumiu compromissos públicos de reduzir 10% das emissões de CO₂ (escopos 1 e 2) até este ano, 30% até 2030, e eliminar completamente o uso de mercúrio em suas operações até o mesmo ano, reforçando o caminho progressivo até o Net Zero em 2050.>
A FIEB tem desenvolvido uma série de ações para incentivar a sustentabilidade entre as empresas associadas. Entre elas, destacam-se a realização de seminários voltados à sensibilização do setor quanto às demandas ambientais que agregam valor aos negócios, o estímulo à adoção de práticas de gestão de resíduos — como reciclagem e reutilização — que ajudam a reduzir a pegada de carbono, além da articulação com instituições e órgãos públicos para ampliar o compromisso ambiental da indústria. A entidade também promove premiações que reconhecem e divulgam os exemplos mais relevantes de responsabilidade socioambiental entre as indústrias baianas.>
Arlinda Negreiros,
gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB).O Projeto Mundo Sustentável é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Tronox e da Unipar. >