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Carol Neves
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 12:28
O presidente da França, Emmanuel Macron, e sua esposa, Brigitte, decidiram enfrentar na Justiça dos Estados Unidos acusações feitas pela influenciadora conservadora Candace Owens, que afirma acreditar que a primeira-dama teria nascido homem. O casal entrou com uma ação por difamação em julho, após Owens repetir a teoria em seu podcast e nas redes sociais. >
De acordo com Tom Clare, advogado responsável pelo processo, Brigitte apresentará laudos médicos, fotos e outros registros como forma de encerrar a polêmica. "É profundamente perturbador pensar que alguém precisa se submeter a esse tipo de prova. Mas (Brigitte) está disposta a fazê-lo. Ela está decidida a fazer o que for preciso para esclarecer os fatos", afirmou em entrevista ao podcast Fame Under Fire, da BBC.>
Casal Macron
Clare disse ainda que as acusações atingiram não apenas Brigitte, mas também o presidente francês. "Como qualquer pessoa que concilia carreira e vida familiar, quando sua família está sob ataque, isso desgasta. E ele não está imune a isso por ser um presidente de um país", observou. Segundo o advogado, o casal está preparado para apresentar "testemunhos de especialistas de natureza científica" e evidências "de forma genérica e específica" para comprovar que as alegações são falsas.>
Owens, que já trabalhou no Daily Wire e na organização Turning Point, tem milhões de seguidores e costuma disseminar teorias conspiratórias envolvendo temas como vacinas e Holocausto. Ela investiu pesado no tema da primeira-dama francesa. Em 2024, declarou que apostaria "toda a sua reputação profissional" na tese de que Brigitte Macron seria homem. Em 2025, lançou no YouTube a série de vídeos "Becoming Brigitte".>
A origem do boato remonta a 2021, quando as blogueiras francesas Amandine Roy e Natacha Rey divulgaram a teoria da conspiração em um vídeo. O casal Macron chegou a vencer um processo contra elas na França em 2024, mas a decisão foi revertida no ano seguinte, sob o argumento de liberdade de expressão.>
Nos Estados Unidos, as regras são diferentes. Para condenar alguém em um caso de difamação contra figuras públicas, é necessário provar "malícia real", isto é, que a pessoa divulgou algo falso de forma consciente ou com desprezo pela verdade. Os advogados dos Macron sustentam que Owens "ignorou todas as evidências confiáveis" em favor de narrativas conspiratórias.>
Em entrevista à revista Paris Match, Emmanuel Macron explicou a motivação do processo: "É uma questão de defender minha honra! Porque isso é um absurdo. Trata-se de alguém que sabia perfeitamente que tinha informações falsas e agiu com o objetivo de causar dano, a serviço de uma ideologia e com elos comprovados com líderes da extrema direita", disse.>
A defesa de Owens pediu que a ação seja rejeitada, alegando que o caso não deveria ter sido ajuizado em Delaware, onde ela não tem atividades diretas, e que obrigá-la a se defender no estado causaria "prejuízos financeiros e operacionais substanciais".>