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'Desafetos' do papa Francisco tentam influenciar conclave, diz jornal

Campanhas virtuais e dossiês anônimos buscam influenciar escolha

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 25 de abril de 2025 às 07:12

Mãos do Papa Francisco com terço
Mãos do Papa Francisco com terço Crédito: Reprodução

Entre duas e três semanas após a morte do Papa Francisco, mais de 130 cardeais vão se reunir na Capela Sistina, em Roma, para iniciar o conclave que definirá o novo líder da Igreja Católica. A sessão será realizada a portas fechadas e, conforme o antigo ritual, será precedida pela ordem “extra omnes” — expressão em latim que exige a saída de todos que não participam da votação. A ideia é isolar os eleitores de influências externas, mas o intervalo entre o falecimento do pontífice e o início do conclave acaba abrindo espaço para especulações e tentativas de interferência.

De acordo com o jornal italiano Corriere della Sera, opositores de Francisco já atuam há anos para influenciar os rumos da sucessão. Com a expansão das redes sociais, essas iniciativas ganharam novas formas, mais discretas e difíceis de rastrear. Boatos, conteúdos anônimos e campanhas organizadas têm como alvo possíveis candidatos ao trono de Pedro.

O jornal relembra que, em 2013, quando Jorge Mario Bergoglio era cotado para assumir o posto após a renúncia de Bento XVI, circulou entre cardeais a informação de que o argentino teria apenas um pulmão. Durante o conclave, ele precisou explicar que, aos 21 anos, havia perdido apenas parte do pulmão direito por causa de cistos, mas que isso não comprometia sua saúde.

Atualmente, as estratégias vão além. Mentiras envolvendo doenças, acusações de corrupção ou omissão em casos de abusos sexuais têm sido usadas para enfraquecer determinados nomes. O Corriere aponta que o pontificado de Francisco enfrentou uma resistência organizada, principalmente vinda de alas conservadoras da Igreja nos Estados Unidos.

Um livro do jornalista Nicolas Senèze, publicado em 2019, detalha ações coordenadas para influenciar futuras eleições papais. Intitulada "Como a América quis mudar o Papa", a obra revela a criação de um projeto chamado "Red Hat Report", que previa a produção de dossiês detalhados sobre cada cardeal eleitor. A operação teria sido financiada por doadores ligados à direita católica americana.

O jornal italiano relata ainda que parte dessas campanhas tentou alterar perfis de cardeais na Wikipédia. “Se tivéssemos feito isso antes, talvez não tivéssemos o Papa Francisco”, teria sido uma conclusão entre os organizadores, segundo a reportagem.

Outro exemplo citado é o caso de Carlo Maria Viganò, ex-arcebispo que distribuiu um dossiê com acusações contra Francisco e chegou a chamá-lo de “servo de Satanás”. Ele foi excomungado em 2024 por cisma. O material foi amplamente divulgado por canais ligados à rede conservadora americana EWTN, como o National Catholic Register.

Em resposta, o Vaticano tem fortalecido seus próprios canais de comunicação, como os sites Vaticannews.va e Vatican.va, com o objetivo de combater a desinformação. As ações também consideram o risco de ataques cibernéticos nos dias que antecedem o conclave.

Durante as votações na Capela Sistina, os cardeais não podem utilizar celulares ou computadores. No entanto, até o início do processo, continuam expostos às pressões e ruídos externos.