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Estadão
Publicado em 22 de outubro de 2023 às 09:13
Um comboio de 20 caminhões transportando ajuda humanitária cruzou a fronteira do Egito com a Faixa de Gaza nesta sábado, 21, pela primeira vez após dias de negociação diplomática para levar alimentos, água e remédios ao enclave. Com o bloqueio total de Israel ao território palestino, os suprimentos estão acabando e os hospitais se aproximam cada vez mais do colapso. >
O lote de ajuda é o primeiro a ser fornecido aos moradores desde os ataques terroristas do Hamas contra Israel, no dia 7. Ele foi possível após um acordo entre EUA, Israel e Egito.>
Organizações que atuam na região como ONU e Médicos Sem Fronteira saudaram o avanço, mas dizem que a chegada é insuficiente. A ONU diz serem necessários ao menos 100 caminhões diários para ajudar os 2,4 milhões de moradores de Gaza.>
A principal preocupação é com a falta de combustíveis em hospitais, que impede a manutenção de UTIs e necrotérios, bem como de aparelhos vitais.>
Segundo a agência da ONU para refugiados, a Acnur, o governo de Israel vetou a entrada de combustível, com o temor de que o insumo pudesse ser desviado pelos terroristas do Hamas. As próximas remessas de ajuda, assim como a primeira, devem entrar em Gaza após uma inspeção conjunta de israelenses, egípcios e da ONU, mas, por enquanto, não há previsão de entrega de combustível.>
O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, alertou o Hamas para não tentar desviar a ajuda humanitária sob pena de que ela seja suspensa.>
A passagem de fronteira de Rafah, que liga a Península do Sinai, no norte do Egito, à Faixa de Gaza abriu seus portões brevemente ontem pela primeira vez durante o atual conflito. Centenas de voluntários e mais de 200 caminhões carregando cerca de 3 mil toneladas de ajuda estão em fila para ter acesso à passagem há dias, mas apenas uma pequena parte foi liberada ontem.>
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na quarta-feira um acordo com o Egito para permitir um primeiro comboio, mas ele demorou a ser posto em prática.>
Centenas de portadores de passaportes estrangeiros - incluindo um grupo de 30 brasileiros - também esperam para atravessar de Gaza para o Egito e escapar do conflito. Mas não estava claro quando isso poderia ocorrer. Segundo o jornal The New York Times, Cairo continua extremamente relutante em permitir a entrada de qualquer pessoa vinda de Gaza no seu território.>
Cerco>
Israel impôs, no dia 9, um cerco total à Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, que dois dias antes lançou uma incursão sem precedentes em solo israelense, matando 1,4 mil e fazendo 210 reféns, segundo número atualizado ontem pelo Exército.>
Dentro de Gaza, mais de 4,3 mil palestinos foram mortos em bombardeios da retaliação israelense, segundo o Ministério da Saúde do território. A abertura da fronteira ocorreu horas depois que o Hamas libertou uma mulher americana e sua filha adolescente - as duas também com cidadania israelense -, as primeiras do grupo de reféns a serem soltas.>
'Cúpula da Paz'>
Países europeus, africanos, entre outros, reuniram-se no Cairo ontem para uma "cúpula da paz", mas depois de horas de discursos, não houve nenhum consenso. A reunião expôs divisões, com líderes árabes criticando os ocidentais pelo seu silêncio sobre os ataques aéreos de Israel contra civis palestinos em Gaza.>
"A mensagem que o mundo árabe ouve é alta e clara", disse o rei da Jordânia, Abdullah II. "As vidas dos palestinos importam menos que as de Israel. Nossas vidas importam menos do que outras vidas. A aplicação do direito internacional é opcional e os direitos humanos têm limites - eles param nas fronteiras, param nas raças e param nas religiões.">
O Brasil também participou e, em seu discurso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu uma negociação para uma pausa humanitária no conflito em Gaza.>
Um dos objetivos da reunião era uma declaração conjunta. Mas líderes europeus se opuseram a assinar um projeto apresentado pelo Egito que não mencionava o direito de Israel de se defender contra o Hamas, segundo fontes citadas pelo New York Times. No final, nenhuma declaração foi emitida. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)>