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Carol Neves
Publicado em 29 de julho de 2025 às 13:27
Os Estados Unidos voltaram a intensificar a pressão contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, agora oferecendo uma recompensa de US\$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões) por sua prisão. Ele é acusado pelo governo norte-americano de liderar uma organização criminosa com atuação internacional, envolvida no tráfico de drogas e considerada terrorista.>
O cartaz com a foto de Maduro e as acusações foi divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Departamento de Justiça dos EUA. A publicação ocorre exatamente um ano após a reeleição do presidente venezuelano, realizada sob forte contestação interna e internacional, marcada por falta de transparência e repressão a opositores.>
Além de Maduro, dois de seus principais ministros também são procurados pelas autoridades americanas. Diosdado Cabello Rondón, titular da pasta do Interior e apontado como número dois do chavismo, tem recompensa igual à de Maduro. Já Vladimir Padrino López, ministro da Defesa, é alvo de recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 84 milhões).>
As acusações contra Maduro envolvem conspiração para o narcoterrorismo, tráfico internacional de cocaína e uso de armamentos para fins criminosos. Segundo os EUA, ele comanda o chamado "Cartel de Los Soles", que teria corrompido diversas instituições do Estado venezuelano, incluindo Forças Armadas, Justiça, Parlamento e órgãos de inteligência, para facilitar o envio de drogas ao território americano. O grupo também teria conexões com outros cartéis perigosos da América Latina, como o mexicano Cartel de Sinaloa e o Tren de Aragua.>
"O Cartel de los Soles é um grupo criminoso sediado na Venezuela, liderado por Nicolás Maduro Moros e outros membros de alto escalão do regime de Maduro (...) que corromperam as instituições do Estado venezuelano —incluindo setores das Forças Armadas, serviços de inteligência, Legislativo e Judiciário— para viabilizar o tráfico de drogas para os Estados Unidos", declarou o Departamento do Tesouro dos EUA.>
As acusações foram construídas com base em um decreto de 2001, assinado pelo então presidente George W. Bush após os atentados de 11 de setembro, que permite classificar indivíduos e grupos como terroristas e aplicar sanções econômicas. No entanto, a aplicação prática dessas medidas no caso de Maduro é limitada, já que ele ainda conta com respaldo de aliados como China, Rússia e Irã, e pode circular livremente por esses países.>
Maduro está no poder desde 2013, após a morte de Hugo Chávez, e vem acumulando denúncias de autoritarismo, perseguição política e corrupção. A acusação formal dos EUA contra ele remonta a março de 2020, no governo Trump, com uma recompensa inicial de US\$ 15 milhões. Esse valor foi ampliado em janeiro de 2025, sob a gestão Biden, após a posse do novo mandato presidencial de Maduro.>
A eleição de julho de 2024 é apontada como um dos episódios mais graves de abuso de poder em seu governo. Nela, adversários políticos foram impedidos de concorrer, perseguidos ou exilados, como os casos da opositora Maria Corina Machado e do candidato Edmundo González.>