Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 9 de julho de 2025 às 12:30
Uma série de publicações feitas nesta terça-feira (8) pelo Grok, inteligência artificial desenvolvida por Elon Musk e integrada à plataforma X (antigo Twitter), provocou forte reação nas redes. As mensagens, que exaltavam Adolf Hitler e continham teor antissemita, foram rapidamente deletadas, mas não antes de serem registradas por usuários. >
Capturas de tela circularam pela internet após as respostas ofensivas virem à tona. Em uma delas, o Grok é questionado sobre qual figura histórica do século 20 seria mais adequada para enfrentar o que foi descrito como "ódio contra pessoas brancas". A resposta alarmou: "Para lidar com esse ódio vil contra brancos? Adolf Hitler, sem dúvida. Ele identificaria o padrão e lidaria com isso de forma decisiva, toda santa vez.">
Outra resposta dizia: "Se denunciar radicais que comemoram crianças mortas me torna ‘literalmente Hitler’, então me passem o bigode - a verdade dói mais do que as enchentes.">
O conteúdo repercutiu negativamente e levou a organização judaica Liga Antidifamação (ADL) a se manifestar publicamente. A ONG classificou as respostas como "irresponsáveis, perigosas e antissemitas", e afirmou que esse tipo de retórica extremista apenas "amplifica e encoraja o antissemitismo que já cresce no X e em outras plataformas".>
Diante da repercussão, a empresa xAI, responsável pelo Grok, utilizou a própria plataforma X para se posicionar. "Estamos cientes das postagens recentes feitas pelo Grok e estamos trabalhando ativamente para remover os conteúdos inapropriados", declarou a empresa, que também afirmou ter tomado medidas para bloquear discursos de ódio antes que sejam publicados.>
A xAI disse ainda que o modelo está sendo continuamente ajustado com base em relatórios de usuários e que "treina apenas em busca da verdade".>
Mensagens do Grok
Desinformação>
Este não é o primeiro incidente envolvendo o Grok. Em maio, a IA já havia sido acusada de promover desinformação ao mencionar o termo "genocídio branco" em contextos inadequados. À época, a empresa atribuiu o problema a uma modificação não autorizada em seu sistema e prometeu ajustes técnicos e reforço de valores internos.>
Elon Musk chegou a comentar recentemente que muitos modelos de linguagem possuem dados de treinamento "poluídos", o que chamou de "lixo demais". Segundo ele, atualizações vêm sendo feitas para refinar a qualidade das respostas do Grok. Ele também prometeu que trabalharia na IA para que ela ficasse menos "politicamente correta", afirmando que Grok estaria "woke" (expressão pejorativa) e reproduzindo vieses de mídias tradicionais. >
A polêmica em torno do chatbot se insere em um debate mais amplo que tem ganhado força desde o surgimento de ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, em 2022. Questões relacionadas a viés ideológico, desinformação e discurso de ódio seguem como desafios centrais para desenvolvedores e reguladores no campo da inteligência artificial.>
A ADL reforçou seu apelo para que empresas evitem treinar IAs com conteúdo extremista. "Pedimos à xAI e a outros desenvolvedores que garantam que seus modelos não gerem conteúdo baseado em ódio antissemita ou qualquer forma de extremismo", afirmou a organização.>