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Carol Neves
Publicado em 9 de julho de 2025 às 16:12
Uma declaração da Embaixada dos Estados Unidos, divulgada nesta quarta-feira (9), acentuou a tensão diplomática entre Brasília e Washington. Em nota, a representação americana no Brasil endossou as críticas feitas pelo presidente Donald Trump contra o Judiciário brasileiro e afirmou que há uma "perseguição política" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sua família e apoiadores. O texto gerou forte reação do governo brasileiro, que decidiu convocar o encarregado de negócios da embaixada para prestar esclarecimentos. >
A manifestação da embaixada segue linha semelhante à de Trump, que, no início da semana, havia publicado críticas nas redes sociais. O republicano classificou as investigações contra Bolsonaro como antidemocráticas. A embaixada, ao reafirmar o posicionamento do presidente dos EUA, afirmou: “Reforçamos a declaração do presidente Trump. Estamos acompanhando de perto a situação. A perseguição política contra Bolsonaro, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil.”>
A resposta brasileira veio de forma diplomática, mas firme. Segundo O Globo, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada, posto que responde interinamente pela representação dos EUA no Brasil, já que o país está sem embaixador desde a posse de Trump em janeiro. A convocação, um gesto tradicional de descontentamento entre nações, foi interpretada como sinal claro de que o teor da nota causou desconforto.>
No campo político, a reação também não tardou. Em nota oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o que classificou como tentativa de ingerência nos assuntos internos do país. “Somos um país soberano e não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Temos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei - sobretudo aqueles que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”, disse.>
Durante um evento no Rio de Janeiro, Lula voltou ao tema em tom mais direto: “Esse país tem leis, regras e um dono chamado povo brasileiro, portanto dê palpite na sua vida, e não na nossa.”>
Apesar da irritação com o conteúdo da nota, o governo brasileiro avalia que, por ter partido da representação diplomática e não diretamente da Casa Branca, o episódio não exigirá resposta presidencial formal.>
Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu não se pronunciar sobre o caso, mesmo sendo alvo das críticas feitas por Trump e ecoadas pela embaixada americana. Também não há definição sobre eventual retorno da embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, a Brasília.>