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Carol Neves
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 09:30
A União Africana oficializou na apoio à campanha "Correct The Map" (Corrija o mapa, em tradução livre), que pede o fim do uso da projeção de Mercator em mapas-múndi. O movimento afirma que a representação distorce o tamanho real dos continentes, reduzindo visualmente a África e inflando regiões do Norte global, como Europa e América do Norte.>
"Pode parecer que é só um mapa, mas, na verdade, não é", afirmou Selma Malika Haddadi, vice-presidente da Comissão da União Africana, à agência Reuters.>
A projeção de Mercator foi criada no século XVI pelo cartógrafo europeu Gerardus Mercator. Seu mapa foi desenvolvido para atender às necessidades da navegação marítima: ele permite traçar rotas em linha reta a partir de uma bússola. No entanto, esse modelo projeta os meridianos como linhas paralelas equidistantes, o que distorce o tamanho dos territórios à medida que se afastam do Equador.>
Como resultado, continentes como África e América do Sul parecem menores do que realmente são, enquanto regiões mais próximas dos polos, como Groenlândia e Alasca, ganham proporções exageradas. Para efeito de comparação, a Groenlândia e a África aparecem do mesmo tamanho na projeção de Mercator, embora o continente africano seja cerca de 14 vezes maior. Já o Brasil, que tem área cinco vezes superior à do Alasca, surge com dimensões semelhantes.>
A campanha "Correct The Map" propõe a adoção da projeção "Equal Earth", que busca representar com maior precisão as proporções dos continentes. Em seu site oficial, o movimento afirma que a representação equivocada da África "é uma questão de poder e percepção" e critica a popularização de um mapa que "há mais de 450 anos molda nossa compreensão do mundo de forma distorcida".>
Especialistas lembram que não existe forma perfeita de representar a superfície esférica da Terra em uma tela ou papel plano. Toda projeção gera algum tipo de distorção, seja de forma, área ou distância. O modelo a ser adotado depende do objetivo do mapa. Para a navegação, a precisão direcional da projeção de Mercator foi útil. Para fins educacionais e geopolíticos, no entanto, críticos afirmam que ela reforça desigualdades simbólicas entre o Norte e o Sul global.>
Mapas baseados na projeção de Mercator ainda são amplamente utilizados em salas de aula, empresas e, principalmente, em plataformas digitais como Google Maps, o que amplia sua influência na maneira como as pessoas visualizam o mundo.>