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'Ser jovem e bonita pesava’, diz freira brasileira que foi afastada de comando de mosteiro na Itália

Irmã Aline entrou na Justiça conta decisão

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 30 de junho de 2025 às 08:15

Irmã Aline Ghammachi
Irmã Aline Ghammachi Crédito: Reprodução

A freira brasileira que foi afastada da liderança de mosteiros na Itália acionou a Justiça alegando ter sido vítima de calúnia e difamação. A decisão da Igreja veio na esteira de uma carta anônima, que a acusava de abuso de poder e má gestão de recursos.

Em 2018, quando tinha 34 anos, Irmã Aline foi designada como abadessa, assumindo a responsabilidade por quatro mosteiros em distintas regiões da Itália. O posto elevado, segundo a própria religiosa, causou desconforto dentro da hierarquia eclesiástica, especialmente com o abade geral Mauro Giuseppe Lépori.

“Desde sempre, a questão de ser jovem, de ser bonita, tudo isso já pesava. E só foi somando. ‘A tua beleza não ajuda, não é boa...’. Era um contexto mais para ridicularizar”, relatou Aline, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

Denúncia anônima

A virada no caso ocorreu em janeiro de 2023, quando uma denúncia anônima foi encaminhada ao Papa Francisco. A carta acusava a freira de manipular e maltratar outras monjas. A denúncia levou a uma série de investigações e inspeções no mosteiro de Vittorio Veneto, onde Aline residia com 18 outras religiosas em regime de clausura.

Companheiras da ex-abadessa, no entanto, rechaçam as alegações. “Para mim, Madre Aline é uma mãe da igreja, é equilibrada, não é manipuladora”, declarou a religiosa Gabriela.

Outra suspeita levantada dizia respeito ao uso de recursos financeiros do mosteiro. Contudo, uma perícia determinada pelo próprio abade geral não encontrou nenhuma falha. “O perito deu os parabéns pela transparência das contas dos nossos mosteiros”, afirmou Aline.

Entre os pontos que podem ter causado incômodo à liderança eclesiástica está a comercialização de uvas cultivadas no mosteiro, que eram vendidas para a produção de prosecco - uma estratégia, segundo a irmã, para garantir sustentabilidade financeira. “Tudo o que fizemos foi para buscar a autonomia do mosteiro”, explicou.

Após a morte do Papa Francisco, em abril, Irmã Aline deixou o convento. No dia seguinte, cinco freiras saíram da clausura para acompanhá-la. “Nós nos sentimos tratadas como se fôssemos mafiosas, vigiadas como num campo de concentração”, relatou uma delas.

Atualmente, Irmã Aline e suas companheiras contestam as decisões da Igreja no Tribunal Eclesiástico, em instância superior, no Vaticano. “Lutar pela verdade é algo cristão. Pretendo ir adiante até provar que essas acusações não são verdadeiras”, declarou a religiosa.

A defesa da freira argumenta que as medidas contra ela não têm base legal sólida. “Tem que ter uma decisão que comprove esses fundamentos com base em fatos, documentos e testemunhas e é isso não tem”, afirma a advogada Esraíta Delaias.