22 mil perícias foram canceladas durante greve do INSS; saiba como remarcar

Acordo determina que a situação seja regularizada em até oito meses

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  • Gil Santos

Publicado em 24 de maio de 2022 às 06:00

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

Os médicos peritos do INSS retomaram nesta segunda-feira as atividades após 52 dias de greve em todo o país. Na Bahia, cerca de 22 mil consultas de perícia terão que ser reagendadas após a paralisação. Os pacientes precisam entrar em contato com o órgão para remarcar através do telefone 135 ou do aplicativo e site Meu INSS. Os profissionais prometeram fazer mutirões para atender a demanda reprimida.

A greve começou pela reivindicação de melhores condições de trabalho, reajuste salarial e sobrecarga por conta da defasagem no quadro de servidores. Na semana passada, a categoria conseguiu fechar um acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência. Segundo Rosileide Tavares, coordenadora da Perícia Região Nordeste e representante da Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP), os resultados da greve foram satisfatórios para a categoria.

“Ainda não foi concedido reajuste, a gente fez um acordo de greve, porque o reajuste depende do Ministério da Economia. No documento, ficou acordado que se o governo for conceder 5% de reajuste para todas as categorias, nós também vamos aceitar. Mas se o governo resolver diferenciar as categorias, vamos querer o reajuste da inflação, que é 19,9%”, explicou. 

De acordo com a associação, atualmente o Brasil tem um déficit de 3 mil peritos médicos e o Ministério se comprometeu a fazer novo concurso para preencher as vagas. No estado, os profissionais atuam em 140 postos e agências do INSS.

A reposição dos atendimentos deverá ocorrer de forma presencial, exceto nos casos em que isso não seja possível. O governo concordou em devolver os valores cortados dos contracheques durante a greve de forma integral, desde que os médicos cumpram a meta de atender a demanda reprimida nos próximos oito meses. 

O Ministério do Trabalho e Previdência divulgou uma nota, na semana passada, informando sobre o fim da greve. Ficou definido que cada perito poderá realizar, no máximo, 12 atendimentos diários (ordinários) e que eles receberão R$ 61,72 por perícia extraordinária, que exceda essa quantidade máxima de atendimentos por dia.

A perícia médica é exigida para todos aqueles que desejam dar entrada no auxílio-acidente, auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), e aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez). A avaliação é obrigatória também para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), aposentadoria da pessoa com deficiência e aposentadoria especial.

Movimento tranquilo

O primeiro dia de retomada das perícias teve movimento tranquilo em Salvador. Na segunda-feira (23), as agências da Avenida Sete de Setembro, do Comércio e do Bonfim não apresentaram filas durante a manhã. Em Brotas, houve movimentação intensa, mas sem grandes aglomerações. O atendimento ainda é exclusivo para quem já estava agendado.

Márcio Nascimento, 59 anos, trabalhou 28 anos como vigilante até sentir uma dor no peito ao subir uma ladeira e passar mal. No hospital, os médicos descobriram que ele tinha um problema cardíaco grave. O paciente precisou fazer cirurgias, colocou uma ponte de safena, ficou impedido de trabalhar e conseguiu receber um auxílio do governo. Ele procurou a agência do Bonfim, na Cidade Baixa, ontem.

“Quando vi que a perícia tinha sido retomada, vim logo, porque pensei que a minha era para maio, mas na verdade é para julho, errei nas contas. Vou voltar para casa, marcar logo a data e aguardar”, contou.

Já a cozinheira Maria Helena Sousa, 66 anos, conseguiu fazer o procedimento no mesmo dia. “Ainda bem que a greve acabou bem na época da minha perícia. Estava com medo de não conseguir fazer, mas foi tranquilo, a agência está vazia”.