65,8% das cidades com ônibus não têm veículos adaptados a deficientes na BA

Só cinco cidades informaram ter frota toda adaptada; van é o modal mais comum

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  • Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2018 às 13:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Câmara de Rolândia

A Bahia é o estado do Brasil com segundo maior percentual de ônibus municipais sem acessibilidade, segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (5). Segundo o levantamento, referente ao ano de 2017, 65,8% dos municípios baianos onde há ônibus municipais (79 de 120) não têm nenhum veículo com acessibilidade adequada para quem tem deficiência ou mobilidade reduzida.

A lei brasileira determina desde 2014 que toda a frota de transporte coletivo deve ser adaptada. O estado aparece atrás apenas de Roraima, onde 75% dos municípios que têm ônibus não tinham nenhuma adaptação na frota.

Em todo país, 39,4% dos municípios com ônibus não tinham nenhum veículo adaptado em 2017.O estado com índice mais baixo é Tocantins, em que apenas 14,3% dos municípios que têm frota de ônibus não têm nenhum veículo adaptado. São Paulo é o segundo, com 14,9%.

Em toda Bahia, somente cinco municípios informaram em 2017 que toda a frota de ônibus estava adaptada: Feira de Santana, Irecê, Itabuna, Jacobina e Maragogipe. 

Em Feira de Santana, a 108 km de Salvador, toda a frota de 250 ônibus municipais possui a plataforma elevatória, segundo a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT). A cidade é atendida pelas concessionárias paulistas de transporte urbano Rosa e São João.“Em janeiro de 2016, Feira de Santana passou a oferecer aos usuários de transporte coletivo urbano toda a frota com plataforma elevatória de acessibilidade. Além de 100% acessível, toda a frota é monitorada em tempo real por Sistema de Gestão de Frota via GPS e câmeras de segurança”, explica Saulo Figueiredo, titular da SMTT. Segundo o secretário, todos os veículos são fiscalizados por técnicos da SMTT semanalmente, e o sistema eletro-hidráulico dos elevadores também segue um esquema de revisões e manutenções.

Outras 36 cidades do estado, incluindo Salvador, têm apenas parte da frota adaptada. A plataforma elevatória para acesso ao ônibus é a adaptação mais comum - 27 municípios, incluindo a capital, informaram que utilizam o mecanismo. 

Em Salvador, 95% dos 2.600 ônibus são acessíveis, de acordo com a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob). A previsão é que toda a frota de ônibus urbano esteja adaptada até o final de 2018.

A pasta explica que mais de 80 veículos adaptados tiveram que ser substituídos. “A substituição de ônibus novos por outros da frota reserva, devido incêndio na garagem, fez com que Salvador ficasse fora das cidades que possuem 100% de acessibilidade nos veículos”. Todas as 530 linhas da capital contam com ônibus acessíveis. 

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) recomenda que a plataforma elevatória seja usada somente se não houver como usar duas outras soluções: piso baixo nos ônibus (10 municípios baianos informaram que têm ônibus assim) ou plataforma de embarque e desembarque para acesso a ônibus com piso alto (informada por 11 municípios). A plataforma elevatória é a adaptação mais comum em todo Brasil - 627 municípios brasileiros a utilizam.

Segundo a Superintendência dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Sudef) do estado, a fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas cabe aos municípios.  

"Sempre dialogamos com o municípios para falar de acessibilidade de forma geral.  É um processo de conquista, faz parte da luta da pessoa com deficiência e está sendo conseguida aos poucos", diz Adson Ribeiro, assessor da Sudef.Vans são mais comuns na Bahia Os dados também revelam que na Bahia o transporte coletivo municipal mais comum é a van, presente em quase 9 de 10 cidades baianas. Em 2017, 85,1% dos municípios baianos (355) utilizam o sistema. Com isso, a Bahia é o quarto estado brasileiro que mais usa vans, ficando bem acima da média nacional, que é de 53,5%. 

Nacionalmente, os táxis são o meio de transporte mais presente - estão em 73,8% das cidades. Na Bahia, os táxis têm operação em 73,6% dos municípios, sendo o segundo modal mais frequente. O mototáxi aparece em terceiro - tanto na Bahia quanto no Brasil. Na Bahia, são 71,5% das cidades que utilizam o serviço. No país, os mototaxistas estão em 46% das cidades. Os ônibus municipais (transitam apenas dentro da própria cidade) estão somente em quarto lugar - na Bahia, a presença é em 28,8% das cidades e no Brasil em 30,1%.

No transporte público brasileiro, o metrô é o menos comum - em todo Brasil, apenas 20 cidades têm o modal, incluindo Salvador.

Ciclovias Quando se fala em ciclovia, a Bahia também aparece com números baixos. De todos os 417 municípios baianos, só 34 reportaram que possuem ciclovias no ano passado. O número representa apenas 8,2% do total. O estado com maior percentual é o Rio, no qual 41,3% das cidades têm alguma ciclovia, o Acre, com 40,9%, e Santa Catarina, com 31,2%. Em todo o Brasil, 817 cidades informaram que têm ciclovia (total de 14,3%).

Na Bahia, são sete cidades que que no ano passado tinham ciclovia e bicicletário público: Alcobaça, Canavieiras, Dias D'Ávila, Mata de São João, Prado, São Francisco do Conde e Salvador.