“A ESG precisa ser uma mudança de postura focada no futuro”, afirma Tramm em evento sobre a importância da ESG na mineração 

Evento foi realizado pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e pela Revista In The Mine e está disponível no canal do YouTube da empresa

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  • Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: reprodução

As ações de ESG, sigla em inglês para melhores práticas ambientais, sociais e de governança, vem ganhando atenção de empresas, investidores, e da sociedade em geral ao redor do mundo. No Brasil, o tema acompanha a discussão global, principalmente no que se refere ao meio ambiente e às questões sociais. Com o objetivo de contribuir para um maior esclarecimento sobre o assunto, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e a Revista In The Mine realizaram, na última quarta-feira (14), mais uma edição do evento CBPM Convida, que teve como tema: “A importância da ESG na mineração”. 

Mediado por Tébis Oliveira, editora da revista In the Mine, o evento levantou discussões quanto à aplicação prática de medidas sustentáveis na mineração e está disponível na íntegra no canal do YouTube da CBPM.

Para o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, a importância de ESG para uma empresa estatal e uma empresa privada deve ser a mesma.“Essa é uma preocupação com o futuro. Precisamos ter este cuidado com as pessoas e com o meio ambiente e pensar em qual legado vamos deixar para os nossos netos e bisnetos. É uma mudança de postura, de comportamento. É isso que temos que encarar e ter boa vontade para fazer. Você não muda cultura em um toque. É um processo de reeducação e de preparação. E é isso que estamos fazendo. É uma mudança de governança, no final da história”, diz.Tramm lembrou ainda a importância das empresas privadas no incentivo dessas mudanças. “Elas têm as ferramentas para puxar essas mudanças com mais força. Com essa mudança, vão conseguir ter acesso a um capital mais barato, a um custo menor, uma facilidade. Se a iniciativa privada implantar isso no seu dia-a-dia, ela empurra o governo”, explica.

Já o presidente do Sindimiba e CEO da Largo Resources (Vanádio de Maracás), Paulo Misk, falou sobre como muitas dessas ações já estão implementadas nas mineradoras.“Há algum tempo já existe uma consciência muito forte das mineradoras em assumir as responsabilidades, ter consciência socioambiental e garantir que isso seja feito de maneira sistemática. Aí entra o G, de governança. Não são ações isoladas, precisa estar incorporado dentro da forma da que a empresa trabalha”, diz.A integração entre a mineração e outros setores da economia também foram destacados por Misk. “Inicialmente, o Sindimiba tinha um desafio que era abrir as portas das empresas de mineração para dialogar com a sociedade. A gente fez isso, desde lá de trás, com uma série de seminários integrando todos os setores. Convidamos o Inema, a CBPM, o Crea. Isso teve um efeito muito favorável na Bahia, que é o estado que melhor reconhece a mineração como um setor que contribui para levar o desenvolvimento social e econômico para o interior. São regiões em que a parte ambiental também é muito frágil e exige das empresas uma ação muito responsável.”, afirma.

“Se pegarmos o exemplo da Ferbasa, desde o início foi feito um trabalho maravilhoso, que eu não conheço similar no Brasil. Montou uma fundação, para cuidar das pessoas. Ela mantém milhares de estudantes, incorporou a educação como pedra fundamental para desenvolver as pessoas. E não só a Ferbasa. Se você for para a Mineração Caraíba, ela abastece duas comunidades enormes com água potável. Isso já vem lá de trás.”, completa Misk.

Segundo o advogado e colunista da revista In the Mine, William Freire, a ESG é um estado de espírito."A ESG se antecede ao que determina a legislação. Nós temos leis, de trabalho, ambientais, mas a própria evolução da sociedade vai levar a uma aprimoração dessas leis e levar a uma melhoria das condutas. O empreendedor não deveria esperar a normatização para adotar a ESG", diz. Luiz Fregadolli, gerente de Sustentabilidade da Equinox Gold, informou que apesar de as obras para implantação da empresa em Santaluz estarem programadas para encerrar em novembro, as equipes de processos, meio ambiente, comunidades e segurança, já estão no município, atuando para implementar desde já as normas de qualidade e proteção ao ambiente e às pessoas necessárias. "A Equinox tem um relatório de ESG no site dela, que determina a combinação entre o desempenho financeiro e o ambiental. É isso que vai ser o sucesso da empresa", disse.

A Equinox está reativando a produção de ouro na mina C1 em Santaluz após mudar o método de beneficiamento do minério."Antes era feito um processo utilizando carbono, que tinha uma baixa eficácia e se mostrou inviável. Nós estamos adotando um método inovador com resina, que é inédito na América Latina”, disse Fregadolli. Na visão do diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil, Eduardo Athayde, o mundo inteiro está envolvido com ESG. “Não há recurso mais para empresas que não se enquadram nesses padrões. Mas é importante notar que não existe um manual padrão. A ESG vive e é impulsionada pela criatividade dos gestores. Na visão globalizada de ESG, não existe interior. Todos os lugares são pontos no globo que merecem igual atenção. O empresário precisa entender o ambiente no qual ele está atuando”, afirma.“Nessa nova bioeconomia global, o mundo está buscando o Brasil. Nós temos 16% do biopotencial do planeta. Nós somos a maior biopotência do planeta. A mineração não se enquadra em biopotência, mas ela está na biopotência. Tudo que está em volta da mineração, as pessoas, o ambiente, fazem parte dessa biopotência global. Quem melhor usar sua criatividade para implantar o ESG vai sair na frente e competir melhor. Mas competir em uma nova visão, que não separa a economia e a ecologia. Estamos montando um mundo novo para entregar aos nossos filhos e netos”, finaliza Athayde.Este conteúdo tem apoio institucional da CBPM e WWI e oferecimento da Mineração Caraíba e Vanádio de Maracás.