Abastecimento provoca gargalos na indústria e empresas usam criatividade manter negócios em alta

Pandemia provocou escassez de insumos e setor adaptou planejamento às limitações

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  • Do Estúdio

Publicado em 25 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação / Unipar

Dentre as dificuldades impostas pela pandemia, uma das que mais impactou a rotina da indústria foi o desabastecimento de insumos para alimentar a produção. Não foram poucos os casos de atrasos nas entregas das empresas por falta de matéria prima ou componentes que os fornecedores não estavam conseguindo suprir a demanda das fábricas. As estratégias utilizadas para contornar as limitações foram as mais variadas e toda a situação deixou um legado de aprendizados, que foram valiosos para as atividades de todo o setor.  

O superintendente da Fieb, Vladson Menezes, acredita que o cenário de desabastecimento foi provocado por uma conjunção de fatores, entre eles o impacto inicial provocado pela suspensão das atividades.“O primeiro problema foi sem dúvida a paralisação das atividades econômicas em todo o mundo. Em seguida, o baixo estoque de insumos na indústria, somado à baixa oferta dos fornecedores acabou provocando essa dificuldade de reposição”, explica Vladson Menezes, superintendente da Fieb. Vladson explica que para contornar a situação muitas empresas tiveram que deixar de procurar o fornecedor e buscar comprar diretamente dos produtores, além de tentar sensibilizar o cliente final sobre o problema para não perder negócio. “Todo esse quadro acabou provocando a elevação do preço de insumos, segundo o IBGE. O custo geral das empresas nos últimos meses, cresceu cerca de 33.7%, que é uma quantia elevada e acaba afetando toda a organização da produção”, afirma.  Vladson Menezes, superintendente da Fieb (Arquivo/Sistema Fieb) Uma das empresas que acabaram por registrar um crescimento na demanda por seus produtos e precisou pensar rápido para não deixar de cumprir os seus compromissos com os clientes foi a Unipar, que, por conta dos investimentos na eficiência e segurança das operações nas unidades industriais, pode obter uma melhor previsibilidade às operações e diminuiu a níveis mínimos as paradas técnicas imprevistas, conferindo agilidade da produção e garantindo a continuidade do crescimento sustentável da companhia. A companhia chegou a estabelecer um comitê de crise para conseguir adotar as ações em caráter de urgência. 

Já a Sotero, empresa que presta serviços no setor de limpeza urbana em Salvador, manteve o seu caráter essencial durante a pandemia e procurou promover a racionalização. O consumo consciente dos insumos foi fundamental, com aplicação de metodologias de controle que permitem monitorar e fazer aplicação mais econômica e eficiente nos processos. A empresa também buscou incluir no planejamento a implantação de produtos com alta tecnologia com uma maior vida útil. 

Diálogo  Com desempenho abaixo do esperado há alguns anos, o superintendente da FIEB compreende que revisar o planejamento e procurar adaptar a rotina aos novos desafios, é a melhor forma de contornar os altos preços provocados pelos efeito dominó da pandemia, já que a situação pode permanecer inalterada por algum tempo. “O aumento de preços é natural, já que há uma demanda maior que a oferta. Porém, nesse momento vemos a logística internacional sendo retomada e, aos poucos, os custos começarão a se normalizar”, explica. “Porém, até o fim do ano, o frete dificilmente cairá, e o dólar também não. Então, vejo muitas empresas revendo contratos e chamando o cliente para dialogar, pois ainda teremos que aguardar a normalização por algum tempo”, completa. 

O planejamento da Larco, por exemplo, precisou ser revisto. Com grandes investimentos ao longo de 2020, a empresa enfrentou dificuldades com o fornecimento das refinarias no início da pandemia. A partir daí, a empresa precisou buscar fornecimento internacional e parcerias com usinas para garantir a continuidade das operações. O diretor de operações da Larco, Márcio Salles, também explicou que a relação com parceiros e clientes passou a ser retrabalhada, e a sensibilização permitiu que a companhia solidificasse ainda mais a credibilidade da marca. 

A AJL, companhia de locação de veículos para empresas, viu o valor do seu principal produto disparar no mercado e contar com um aumento também no prazo de entrega, já que as montadoras reduziram o ritmo da produção. O sócio diretor da empresa, Adriano Lima, aponta que com o prazo de entrega das fábricas automotivas girando em torno de três a seis meses, fez com que a locadora buscasse veículos no mercado de seminovos, e assim conseguiu manter os contratos abastecidos.  

O principal desafio, segundo Adriano, foi o diálogo com os clientes que no primeiro momento tentaram negociar uma redução nos valores dos contratos. Porém, o diálogo permitiu um entendimento que não gerou prejuízo para nenhuma das partes. Mesmo com todas obstáculos de produção, Vladson Menezes acredita que alguns setores da indústria baiana conseguirão normalizar os seu processos, principalmente na obtenção de insumos com mais agilidade, e essas empresas vão puxar o crescimento industrial, que esse ano deve girar em torno de 5%, mas com perspectiva de melhora a partir do próximo ano com a retomada do consumo, impulsionada pela demanda reprimida.

O Indústria Forte é uma realização do Correio, com o patrocínio da CF Refrigeração, Jotagê Engenharia, Unipar, Tronox, Bracell, o apoio da AJL Locadora, Wilson Sons, Sotero Ambiental, Larco, SINDIMIBA e o apoio institucional da FIEB e Prefeitura de Camaçari.

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