‘Achava que a literatura era apenas uma obrigação’, diz Lázaro Ramos

Ator e escritor é uma das atrações do Festival Literário Nacional (Flin)

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  • Laura Fernades

Publicado em 9 de novembro de 2019 às 05:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: TV Globo/Divulgação

Mesmo com a agenda corrida, o ator, apresentador, cineasta, roteirista e escritor Lázaro Ramos arranjou um tempo na agenda para participar do Festival Literário Nacional (Flin), que acontece em Cajazeiras a partir de terça-feira (12). O motivo, segundo ele, está na relação afetiva com o bairro e no fato de poder alimentar seu sonho de ver a cultura circular por todos os lugares.

No primeiro dia do evento, Lázaro bate um papo com a cantora e compositora Luedji Luna, baiana radicada em São Paulo que ganhou destaque nacional com seu disco de estreia Um Corpo no Mundo. Além de falar sobre a relação entre as diferentes linguagens artísticas, Lázaro compartilha um pouco sobre sua relação com a literatura, que não começou bem.

“Infelizmente não foi por prazer, eu achava que a literatura era apenas uma obrigação para cumprir tarefa escolar. Eu demorei muito tempo, só quando comecei a fazer teatro, para entender que literatura era prazer, companhia, lugar de informação para eu ser pleno”, revela o ator. Confira a entrevista.

O que acha da descentralização proposta pelo Flin? Importantíssima. Aliás, foi isso que fez com que eu movesse o mundo para estar aí. Vai ser uma visita rápida, vou e volto no mesmo dia, mas acho importantíssimo. Ainda mais Cajazeiras, que conheço por causa de minha família e do tempo em que morava em Salvador e frequentava muito. Conheço essa realidade e sei como um evento desse faz diferença na vida das pessoas que habitam Cajazeiras.

Em entrevista, o curador do Flin destacou que você é muito simpático a tudo o que acontece fora dos centros. Concorda? Isso é um grande sonho que eu alimento, ver cultura, literatura, informação circular por todos os lugares. Todo tipo de cultura, em todo tipo de lugares, sendo apreciado por todos, reconhecendo talentos locais, porque isso é importante, estimulando pessoas a terem sua voz, e isso só se faz com esse contato, com essa circulação.

No Flin, vemos uma programação que dialoga literatura com música, cinema, teatro e outras linguagens artísticas. O que os leitores e a própria literatura ganham com esse diálogo? Essa pergunta eu vou responder com outras perguntas. O que se ganha quando se proporcionam encontros, quando a gente compartilha experiências, quando a gente divide espaços para produzir algo novo? Acho que é isso que pode acontecer dessa possibilidade de múltiplas expressões artísticas. Sem falar que é um grande entretenimento, né? Entretenimento com informação é sempre um ganho.

Na abertura do Flin, você vai bater um papo com Luedji Luna. Como será esse encontro e qual é sua expectativa em relação à sua participação no evento? Tô com a melhor expectativa possível. Acho que a Luedji é uma artista muito interessante, a cada dia que passa ela tem encontrado mais sua voz, enquanto cantora, artista e pensadora. Vai ser lindo encontrá-la, que não é da mesma geração, porque sou um pouquinho mais velho, mas tem muito a oferecer para as pessoas e pra mim também. Estou com a expectativa de ser um encontro rico, onde as pessoas se sintam à vontade pra bater esse papo com a gente e onde a gente possa ser útil para as pessoas também. Espero que sejamos.

Como foi seu primeiro contato com a literatura? Qual é a magia da leitura? Infelizmente não foi por prazer. Eu achava que a literatura era apenas uma obrigação para cumprir tarefa escolar. Eu demorei muito tempo, só quando comecei a fazer teatro, para entender que literatura era prazer, companhia, lugar de informação para eu ser pleno. É uma pena, porque acho que perdi um grande tempo da minha vida sem encontrar os livros que eu gostaria, sem pesquisar através dos livros por prazer, tanto é que hoje em dia eu vivo correndo atrás desse tempo perdido, porque nos livros eu me completo, me encontro e descubro novos mundos. E sem preconceito com nenhum tipo de literatura. Hoje em dia leio de tudo, me dou o direito inclusive de escolher os livros que vão falar mais ao meu coração nas fases da minha vida.