'Acredito que a esposa armou tudo isso', diz parente de zelador morto por traficantes

Clécio foi espancado após brigar com a esposa na Chapada do Rio Vermelho

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  • Eduardo Dias

Publicado em 22 de julho de 2019 às 17:42

- Atualizado há um ano

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Familiares do zelador Clécio Conceição Matos, de 39 anos, morto após ser espancado por supostos traficantes, na noite de domingo (21), conversaram com o CORREIO na manhã desta segunda-feira (22). Eles, que pediram para não ter seus nomes expostos, falaram sobre o crime e apresentaram uma nova versão para os fatos. Clécio foi morto por traficantes (Foto: Reprodução) À reportagem, eles contaram que Clécio trabalhava como zelador em um condomínio no bairro da Pituba há 10 anos. Foi lá onde ele que ele conheceu Joyce Marques, com quem mantinha uma relação amorosa desde então. Buga, como era conhecido, iria entrar de férias no mês de agosto e estava planejando uma viagem com a esposa. O advogado Marcelo Duarte , que representa Joyce, diz que os dois estavam separados há sete meses e que Clécio não aceitava o fim da relação.

Segundo a família, a relação amorosa não atrapalhava a vida profissional deles. No entanto, quando Joyce foi demitida do emprego de empregada doméstica, o casal resolveu morar junto, na Chapada do Rio Vermelho. Foi a partir daí, segundo narra a família, que o relacionamento ficou conturbado, com muitos episódios de ciúmes e brigas.

No último domingo (21), enquanto o casal discutia, Joyce atacou o zelador e o teria ferido no peito. Segundo a família, após a confusão a esposa contatou traficantes do bairro e alegou que havia se defendido do companheiro depois de sofrer uma tentativa de estupro. Sem procurar saber detalhes do que aconteceu, cerca de 20 criminosos foram até a casa do casal.

Eles invadiram a casa e espancaram Clécio a pauladas, coronhadas e pedradas. O zelador chegou a ser socorrido pelo irmão para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. 

Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil informou, por meio da assessoria de comunicação, que as informações registradas no boletim de ocorrência do HGE são relatos preliminares passados à Polícia Militar, e que ainda não é possível atestar a veracidade do que consta na ocorrência.

Ainda segundo a polícia, Joyce e os familiares de Clécio ainda não foram ouvidos na 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), à frente da investigação do crime. Todos serão intimados a prestar depoimentos.

O casal Um dos familiares contou que o zelador era uma pessoa do bem e disse que jamais imaginaria que uma brutalidade desse tipo pudesse acontecer com o parente. Para ele, Joyce armou a emboscada para Clécio por ciúmes.“A gente quase não ouvia a voz dele, era uma pessoa que não gostava de falar muito. A mulher dele é muito ciumenta, eu acredito que a esposa armou tudo isso para ele, pois trata-se de uma pessoa controladora, que não deixava ele ir na casa da família, nem nada. Ela deu uma facada nele, estavam com problemas na relação. Como eu o conhecia bem e sei o jeito que ele era, ele apanhava calado. Ela o afastou completamente da gente. O bairro está totalmente de luto, todas as pessoas de bem gostavam dele”, contou.Já um colega de trabalho de Clécio, que também pediu para ter seu nome preservado, afirmou ter ficado surpreso quando soube da notícia e da forma como o amigo foi morto.

“Eu conhecia os dois desde antes de começarem a namorar. Trabalhavam aqui no prédio, mas cada um na sua, sem atrapalhar o serviço do outro. Clécio era um ótimo colaborador, muito quieto, quase não abria a boca para falar nada, ia e voltava de bicicleta. Construímos uma grande amizade durante todos esses anos, vivíamos conversando sobre tudo. Ele era muito querido aqui no prédio e no bairro dele também, pelo que ele contava. É uma pena ter acontecido esse tipo de coisa com ele”, lamentou o colega.

O advogado de Joyce negou que ela tenha armado uma emboscada contra Clécio e afirmou que o zelador a agrediu inclusive com uma facada na mão - e que ela não revidou, fugindo da casa com a filha em busca de socorro. Ele garantiu que Joyce sequer conhece traficantes da região. “(Ela é) Uma pessoa que eu conheço há muitos anos, cuida de uma idosa, na Barra, e é muito querida por todos. Ela está apavorada com tudo isso, com medo dos julgamentos prévios e nós vamos provar que ela nunca agrediu o ex-companheiro e, sim, foi agredida”, afirma ele, ao acrescentar que não está cobrando pela defesa da mulher.

Além de zelador, Clécio também era percussionista e fazia bicos de músico em algumas bandas em Salvador. O enterro dele está marcado para esta terça-feira (23), no Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas.

Relembre o caso O zelador Clécio foi espancado dentro de casa por traficantes na Rua Coreia do Sul, na Chapada do Rio Vermelho, em Salvador. Ele foi socorrido para o HGE e morreu horas depois.

Em nota, a Policia Militar disse que policiais da 40ª Companhia Independente da Policia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina) foram acionados após informações de que um homem havia sido vítima de espancamento no bairro. Ao chegarem ao local, a equipe da PM foi informada que a vítima já havia sido socorrida para a unidade de saúde.

Também em nota, a Polícia Civil informou que Clécio foi vítima de agressões e, posteriormente, foi socorrido para o HGE. Já a ocorrência, registrada no posto da unidade hospitalar, será encaminhada para a 28ª Delegacia (Nordeste de Amaralina), responsável por apurar o caso.

* Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier