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Tailane Muniz
Publicado em 11 de junho de 2019 às 17:41
- Atualizado há 2 anos
O pintor Edson Rodrigues dos Santos, 28 anos, acusado de agredir e matar o estudante de Engenharia Kaíque Moreira Abreu, 22, em fevereiro de 2018, foi condenado a 14 anos de prisão, nesta terça-feira (11). >
O julgamento foi no Fórum Ruy Barbosa e começou pouco depois das 9h. Foram intimadas cinco testemunhas, sendo que uma não compareceu ao Fórum, em Nazaré. >
Edson já havia confessado o crime. Preso desde o mês do assassinato, ocorrido durante o Carnaval, ele deixou o Complexo Penitenciário da Mata Escura para o julgamento.>
De acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o júri popular só foi encerrado quase oito horas depois, próximo das 17h. A corte informou, ainda, que não poderia dar maiores detalhes sobre o julgamento, até que o resultado seja publicado no Diário Oficial.>
Em sua defesa, Edson manteve a versão de que havia brigado antes, que descontou a raiva no universitário por impulso, mas que não tinha intenção de matá-lo. >
Durante interrogatório, Edson disse ao Ministério Público que foi coagido pelos policiais a dizer em depoimento que fez uso de maconha antes de atacar Kaíque. No entanto, o promotor trouxe à tona trechos das declarações da mulher de Edson, que afirma que ele é usuário de drogas. Questionado pelo MP-BA sobre as declarações, o réu respondeu: "Não sei dizer por que ela falou isso. Só sei que sou inocente". >
Perguntado pela defesa se estava arrependido, Edson disse que sim. "Estou muito arrependido. Naquela ocasião, não sabia que iria machucar".>
Familiares da vítima, com exceção da mãe, foram ao julgamento. "Ela está muito abalada e, por uma questão de saúde, não veio. Mas o pai, tios, estão todos aqui", disse Igor Aquino, 40, tio do jovem. Kaíque tinha 22 anos e sofreu traumatismo craniano após a agressão.>
O crime "Eu estava com raiva porque apanhei. Aí, eu vim gingando e meti nele. A minha intenção não era de matar", disse o pintor ao CORREIO, em fevereiro de 2018, quando foi preso na madrugada do dia 14 de fevereiro após agredir o estudante cinco dias antes. >
Durante a apresentação, Edson chegou a tratar o caso como uma fatalidade e disse que apenas falaria na presença de um juiz. Mas, ao sair da coletiva, ele disse: "Eu não queria matar. Eu apanhei e fiquei com raiva. Meu celular ficou todo quebrado". Edson disse que queria descontar raiva em alguém (Fotos: Almiro Lopes/Arquivo CORREIO/ Reprodução) Investigações Segundo a delegada Carmen Dolores, titular da 14ª Delegacia (Barra), que investigou o caso, a polícia só conseguiu chegar ao acusado porque imagens de câmeras de segurança da rua captaram a placa e o modelo do caminhão no qual Edson estava. O motorista que deu fuga a Edson estava nas imediações da Avenida Centenário um dia antes da prisão do pintor.>
Com ele estava o adolescente de 15 anos que prestava serviços ao motorista. Ainda segundo a delegada, o motorista conhece um amigo de Edson. O veículo, no dia do crime, estava estacionado a cerca de 10 metros de onde o crime aconteceu. De acordo com o delegado José Bezerra Júnior, diretor do DHPP, nas imagens das câmeras de segurança é possivel ver que o veículo estaciona na rua por volta das 22h da quinta-feira (8) de fevereiro. E, já por volta das 2h50, é possivel ver duas pessoas caminhando rápido em direção ao caminhão, um deles seria Edson e o outro seria o adolescente de 15 anos.>
Segundo a delegada Carmen Dolores, Edson possuia histórico de agressão – além de ter baleado uma pessoa, já respondeu por violência doméstica.>
Dia do crime De acordo com a família, era o terceiro Carnaval do estudante que se formaria no próximo ano. Às 23h30, Kaíque saiu da casa de um amigo, na Rua Manoel Barreto, na companhia de um primo e mais três amigos para o circuito Dodô. Minutos depois ele se perdeu do grupo no meio da multidão. Sozinho, Kaíque decidiu voltar para casa, às 3h, quando a pouco menos de 500 metros foi supreendido com um soco no rosto. Ao cair, a vítima ainda levou um chute do agressor. >
Desacordado, o estudante ainda chegou a ser socorrido por uma família que passava pelo local. Um dos membros era uma médica, que aguardou no local até a chegada Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) às 3h30. Apesar de socorrido com vida para o Hospital Português, o jovem teve morte cerebral cinco dias depois - a confirmação ocorreu no dia 14 de fevereiro de 2018.>