Acusado de matar engenheiro na Barra é identificado com ajuda de bituca de cigarro

Material genético foi usado para comparação e, confrontado, ele confessou; crime foi em 2015

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  • Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2022 às 14:57

. Crédito: Reprodução

A Polícia Civil identificou nesta terça-feira (10) o suspeito pela morte do engenheiro Sérgio de Brito Domingos, assassinado dentro do apartamento em que morava na Barra, em 2015. O inquérito foi concluído, quase sete anos depois do crime, apontando que Domingos foi vítima de um latrocínio - roubo seguido de morte.

A identificação foi feita em investigação policial e com análise do Departamento de Polícia Técnica (DPT). O acusado, um homem de 31 anos que está preso na Penitenciária Lemos de Brito por latrocínio e furto, foi identificado por uma comparação de materiais genéticos. O material do suspeito estava em uma bituca de cigarro deixada na cena do crime.

Os dados do acusado foram inseridos no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), após o trabalho de investigação da 14ª Delegacia Territorial (DT) da Barra e de peritos da Coordenação de Genética Forense do Laboratório Central de Polícia Técnica (LCPT).

A partir daí, houve compatibilidade entre o material achado na cena do crime com o do acusado. A Polícia Civil destaca que isso só foi possível por conta de um trabalho iniciado em 2018 pelo DPT, dentro das unidades prisionais, para coletar o DNA de suspeitos condenados por crimes graves, inserindo-os no banco.

Em janeiro desse ano, a equipe de genética forense, responsável por realizar os exames dos materiais coletados e gerenciar o banco de dados, detectou a conexão dos materiais biológicos e apontou o principal suspeito do crime.

Depois da identificação, o homem, que não teve nome divulgado para a imprensa, foi interrogado por seis horas pela delegada Mariana Ouais, da 14ª DT, e confessou o crime de maneira fria e detalhada, diz a polícia.“Ele não aparentava estar arrependido por ter tirado uma vida, mas sim por que isso agravaria a pena. Durante a conversa ele tentava fugir dos assuntos, mas chegou o momento que ele confessou todo o crime”, diz a delegada.O inquérito foi concluído com o indiciamento do presidiário pelo crime de latrocínio e, se condenado, a pena poderá chegar a 30 anos de reclusão.

“Comemoramos a conclusão desse inquérito que gerou bastante comoção e muita angústia para a família. Eles estavam sem poder descansar e saber o que efetivamente aconteceu e poder dar essa resposta, sem dúvidas foi de extrema importância”, afirma a delegada.

Relembre o caso O engenheiro foi achado morto com as mãos e pés amarrados, muito ensanguentado, no dia 13 de setembro de 2015, no apartamento em que vivia na Barra. Ele tinha sinais de perfuração com faca, além de espancamento e estrangulamento. O corpo estava no banheiro de uma das suítes.

“Assim que os investigadores chegaram ao local, perceberam que o apartamento estava bastante revirado e com sinais aparentes de uma briga que antecedeu a morte”, conta Ouais.

Segundo a administradora Tita Imbassahy, sobrinha de Sérgio, o tio teria permanecido parte do domingo com ela organizando documentação de um carro que ela tinha acabado de comprar. "Ele ficou até umas 13h comigo. Depois disso, me deixou em casa e foi para a casa da minha avó, na Ladeira da Barra. Um pouco mais tarde, ele me disse que ia tomar um banho de mar. Ele também falou com outro tio meu, umas 20h, dizendo que estava em casa", contou. 

Ainda segundo Tita, Sérgio teria ido à Parada Gay, mas retornado para casa sozinho. "Quando chegamos na casa dele, os vizinhos nos contaram que ele chegou em casa sozinho. Depois de um tempo, a vizinha que mora no apartamento de cima ouviu um pedido de socorro e desceu para ver o que era. Ela percebeu que o varal da casa dele estava caído e entrou na casa de outra vizinha, que mora em frente ao apartamento dele (Sérgio). Lá dentro elas fizeram ligações para a delegacia. O cara (suspeito) ainda estava no apartamento, porque elas disseram que ouviram ele dizer que ia matar meu tio", relatou. "Ele era homossexual, mas era muito discreto, muito cuidadoso. Ele não tinha inimizade com ninguém. Acreditamos que quem fez isso foi alguém que sabia que ele tinha algum bem", analisou Tita na época.