Agressor da ex, filho de prefeito tem depressão, afirma advogado

Filipe Pedreira, que agrediu Clara a socos e mordidas, não sai de casa há uma semana

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 17 de maio de 2018 às 15:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

A universitária Clara Vieira, 20, foi agredida no rosto e ficou com olho roxo (Foto: Reprodução) A vida do estudante de Direito Filipe Pedreira, 19 anos, mudou de forma radical, desde que ele agrediu, dia 8 de maio, em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, a socos, mordidas e ponta-pés, a ex-esposa e também estudante de Direito Clara Emanuele Santos Vieira, 20, a quem ainda feriu as unhas e cortou o cabelo usando uma faca.

Acostumado a ir a festas de som de paredão, onde ia armado e dava tiros para cima, impondo respeito, e a viajar pelo Recôncavo usando veículos do pai, o prefeito de Salinas da Margarida Wilson Pedreira (PSD), Filipinho, como é conhecido, não bota a cara na rua há uma semana, teve de apagar as contas em redes sociais da internet e está com depressão – mas um psicólogo o auxilia.

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A vida dele, agora, é colado no smartphone na casa dos pais, em Salinas da Margarida, cidade de 15 mil habitantes. O jovem, que gosta de andar armado, tem medo de sair e ser enxovalhado pela sociedade, após ter sido, segundo o advogado de defesa Eldo Lago, apontado pela família de Clara e pela imprensa como “marginal”, termo considerado pelo defensor como exagerado.

O crime que Filipe cometeu tem rendido, até o momento, apenas uma lesão corporal leve, segundo as investigações policiais. Lesão corporal leve é quando a pessoa fica impedida de trabalhar por até 30 dias; a média por mais de 30 dias e a lesão grave por mais de 60 dias de impossibilidade de exercer as atividades.  Agressor tentou arrancar unhas da vítima (Foto: Reprodução) A “pena” de Filipe, por enquanto, tem sido a de não poder se aproximar a uma distância de 100 metros de Clara e do filho deles dois, que tem 1 ano leva o nome do pai. No caso de Clara, a determinação judicial é por seis meses, e para o filho vale por três meses.

E a causa da depressão, segundo o advogado Eldo Lago, tem sido justamente ficar longe do menino, a quem Filipe atingiu com spray de pimenta durante as agressões ao pai de Clara, o prefeito da cidade de Muniz Ferreira, Wéllington Vieira, do PSD e amigo de Wilson Pedreira.

“Ele é um pai exemplar”, diz Lago sobre Filipe. “O spray de pimenta não foi direcionado ao filho. Acabou pegando, mas não foi por culpa”, completa. A criança, no dia da agressão, foi levada desmaiada para o hospital, segundo relato de Clara, que apanhava de Filipe até quando estava grávida, mas escondia as agressões. Eles estavam juntos desde o São João de 2015. Filipe também mordeu Clara em diversas partes do corpo (Foto: Reprodução) Sobre os fatos do dia 8 de maio, o advogado diz que “foram agressões mútuas” e que “ele foi ferido [pelo pai de Clara], bateram nele, desmaiou”. Lago informou que tem outra queixa por agressão a Filipe que está sendo apurada em outro inquérito.“Pode ter certeza que a maior penalidade que ele pode estar cumprindo é estar passando por toda essa situação. Ele está preso, não pode sair à rua, não pode estar em nenhuma rede social porque as pessoas começam com xingamentos. É uma situação complicada”, argumenta Lago.O caso, para o advogado, “tomou proporção imensa que não há necessidade”. “Pegou um caso de família e jogou de uma forma grande, sendo que existem também outras mulheres que sofrem agressões todos os dias e ninguém comenta”, ele disse. Clara, de 20 anos, e Filipe, de 19, se casaram em dezembro de 2016. O filho do casal tem apenas um ano (Foto: Reprodução) O inquérito sobre as agressões a Clara deve ser concluído na semana que vem, segundo informou a delegada Patrícia Jackes, do Núcleo de Proteção à Mulher, de Santo Antonio de Jesus.

Não está previsto pedido de prisão preventiva porque o crime de lesão corporal prevê pena máxima de até 3 anos de reclusão -- o pedido só pode ser feito quando a pena é a partir de 4 anos de reclusão.

Por ser réu primário e ter residência fixa, Filipe “pegaria uma pena mínima de um ano e já estaria em liberdade”, avalia o advogado Eldo Lago.