Agronegócio: setor comemora o Dia do Produtor Rural em plena expansão 

Bahia é uma das maiores produtoras de alimentos do Brasil e a atividade agropecuária responde por 27% do PIB estadual 

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  • Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2022 às 06:00

. Crédito: Fotos: divulgação

Nesta quinta-feira (28) é dia de homenagear homens e mulheres que encontram na terra oportunidades de sustento, geração de empregos e desenvolvimento para o país. A comemoração é para o Dia do Produtor Rural, agente de uma potência econômica chamada agronegócio, que na Bahia está em plena expansão e já corresponde a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. 

Nas diferentes regiões baianas existem mais de 760 mil produtores registrados em cooperativas, associações e sindicatos espalhados pelo interior. Deste total a maioria é de pequenos produtores, o que torna essa organização de classe ainda mais importante. É desta forma que a categoria se torne cada vez mais participativa na formulação de políticas públicas e na defesa de suas reivindicações quanto à infraestrutura, segurança pública e segurança da vida das pessoas no campo.

Esta é uma das principais questões para os trabalhadores, principalmente em cidades interioranas, onde há ameaças de invasão de propriedades. A organização é de fundamental importância para que se possa cobrar dos poderes públicos todos esses pontos determinantes para a permanência das pessoas no campo com tranquilidade para que continuem trabalhando e gerando renda.

Os produtores rurais são os atores principais do crescimento do agronegócio, que coloca a Bahia e o Brasil em destaque, quando o assunto é produção no campo e desempenho de exportações. Para se ter uma ideia, o setor foi o responsável por praticamente metade de todas as exportações do estado no último ano. Para além de números e da capacidade econômica, o fortalecimento da atividade é essencial para a fixação das pessoas no campo, a partir da geração de emprego e renda nas pequenas cidades. Assim será possível evitar a migração para os grandes centros, sobretudo, para as periferias de cidades maiores. “Tudo isso sem contar que o segmento tem uma função social relevante quanto à produção de alimentos para que se controle a inflação e para que a cesta básica fique em um preço mais acessível para as famílias de baixa renda, que é a grande maioria do nosso estado”, comenta o presidente do sistema Faeb, Humberto Miranda. 

Igualdade 

A atividade agropecuária na Bahia vem se transformando e se diversificando a cada ano. Diversos fatores contribuem positivamente para isso:  a existência de três biomas no estado, climas definidos, solo fértil, bacias hidrográficas e rios importantes, a exemplo do São Francisco que corta o estado quase que de ponta a ponta. Tudo isso são condições naturais que favorecem o desempenho da atividade agropecuária baiana, o que faz Miranda afirmar que a retomada da economia e do desenvolvimento do estado pós-pandemia passam pelo setor agropecuário. 

O mesmo vale para a intensa busca por promoção de igualdade social, econômica e de oportunidade para as pessoas. Ou seja, ele defende que tudo isso aumentará quanto mais houver investimentos, por políticas públicas, para o setor. Na opinião de Miranda, para a permanência das famílias no campo e geração de empregos nas regiões interioranas, é preciso existir a descentralização dos investimentos da capital e dos grandes centros, fazendo com que esses recursos cheguem às pequenas localidades e ao campo para promover mais conectividade, saúde e educação. Ao resolver essas questões estruturantes, se garante vida digna às populações.

Volume de produção 

A Bahia vem, ano a ano, batendo recordes de produtividade no agronegócio. A previsão para safra 2022-2023 é ultrapassar os 11 milhões de toneladas só de grãos. Houve aumento significativo na produção de feijão, algodão, soja e milho, isso graças à inovação, tecnologia e utilização de modelos de produção sustentáveis, que os produtores têm aplicado em suas atividades. Modelos esses, aliás, extremamente alinhados com o que de mais moderno existe na agricultura mundial. O resultado é que a Bahia tem se transformado a cada ano em um grande produtor de alimentos. 

Por exemplo, atualmente o estado é o segundo maior produtor de fruta do país e consegue vender para vários mercados internacionais, como Europa e Estados Unidos. Além disso, a Bahia tem diversidade de produção. O Extremo Sul, por exemplo, conta com uma agricultura pujante e uma pecuária com rebanhos competitivos, tanto na pecuária de corte quanto na de leite. Aqui estão os maiores rebanhos de ovino e caprino. A Bahia também é a maior produtora de sisal, produto que gera muito emprego na exportação. "É um estado espetacular, com seu volume de produção ganhando destaque no âmbito nacional não apenas pela quantidade, mas também pela qualidade dos seus produtos", pontua Miranda.

Inovação e tecnologia beneficiam setor do agronegócio 

Substituir o trabalho braçal por máquinas, adotar modelos de produção mais adequados e recorrer a sistemas inteligentes trouxeram desenvolvimento à atividade agropecuária baiana. Além de produzir mais e melhor, o segmento experimentou a redução de custos e desperdícios e aumento de postos de trabalho. Além de condições naturais, a utilização de inovação e tecnologia beneficiam o crescimento do segmento Em regiões como o Oeste já se fala em agricultura 4.0 - 5.0, com máquinas de alta tecnologia, equipamentos auto dirigíveis, drones para mapeamento, robôs para monitoramento de campo, recursos inteligentes para identificação de pragas no campo, bem como para gestão e informação dentro dos escritórios. Todo esse aparato proporciona: redução de produtos na lavoura, produzir mais, gastando menos, e soluções mais rápidas e eficazes. O resultado representa benefícios para o meio ambiente e impacto econômico favorável para a atividade agrícola, tornando a produção mais competitiva.

O poder da agricultura de precisão cada vez mais apurado garantiu à fruticultura, por exemplo, gerar frutas de alta qualidade com muita segurança, livre de pragas e doenças que afetam a produção em outros estados e lugares do mundo. O modelo sustentável de produção, neste segmento, garante a integração da lavoura à floresta, já que se consegue a otimização do uso do solo, em muitos casos como acontece no Extremo Sul, produzindo embaixo das árvores.“Tudo isso é feito hoje com muita segurança ambiental, com condições de trabalho dos produtores, obedecendo todas as normas de exigências dos mercados nacional e internacional”, diz o presidente da Faeb.Ele ressalta, ainda, que o produtor rural baiano consegue produzir 11 milhões de toneladas de grãos de forma completamente alinhada com código florestal, cumprindo todas as normas de segurança ambiental, trabalhistas e seguindo rigidamente os controles de qualidade sanitárias que também são importantes, provando assim que a atividade econômica também preza pela preservação e proteção do meio ambiente. Não poderia ser diferente já que o maior patrimônio da agropecuária são exatamente a terra e a água, de onde o produtor rural tira o seu sustento. 

Atividade herdada da família David Schmidt nasceu e cresceu vendo o pai atuar na atividade agrícola. Hoje toca negócios de culturas diversificadas que geram 700 empregos  Grande parte dos produtores já nasce dentro de uma propriedade rural e aprende com a família o ofício, tomando gosta pelas coisas da terra. Foi exatamente assim com David Schmidt, que cresceu vendo o pai trabalhar. Após seu falecimento, em 2009, o jovem assumiu os negócios com a família e buscou aperfeiçoar o conhecimento através dos estudos.  Desde então ele toca um grupo que administra o agronegócio com diversidade de produção e a geração de até 700 empregos diretos. Soja, algodão, grãos, feijão verde, milho, banana e cacau são culturas produzidas em sua propriedade e a operação é grande, porque envolve também a venda de tudo isso para diferentes regiões. 

A soja e o algodão são voltados prioritariamente para a exportação, mas em alguns casos também atendem a mercados nacionais, como parte do algodão que vai para indústrias do Ceará e de Minas Gerais. Já a produção de banana atende ao Distrito Federal, Goiás e São Paulo, enquanto a cultura do cacau, ainda muito pequena, fica focada em parcerias da própria agroindústria, com a fabricação própria de chocolate para atender algumas redes e o mercado local. O feijão abastece a Bahia, mas o milho vai para alguns outros pontos do Nordeste, granjas e indústria de alimentos humanos. 

Como sua produção é muito diversificada, isso se reflete na geração de postos de trabalho e de oportunidades, desde a mais alta tecnologia para operação de máquinas especiais até trabalhos mais manufaturados, como no caso da fruticultura, onde se tem grande demanda de atividades manuais. "A gente acaba tendo uma miscelânea de oportunidades que geram em torno de 650 a 700 empregos, o que é muito bom, porque a geração de empregos está diretamente relacionada à distribuição de renda e isso é interessante para a economia local”, afirma David. 

Senar promove capacitação técnica e gerencial

Diante de todos os avanços da atividade agropecuária no estado era natural que os produtores rurais acompanhassem o crescimento e, também, buscassem maior profissionalização. Para isso, a categoria conta há quase 30 anos com cursos, treinamentos, consultorias e ampla assistência técnica e gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Trata-se de uma escola formal, que oferece curso de técnica em agronegócios, além da faculdade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e formação técnico em zootecnia. 

Este sistema atende mais de 20 mil produtores espalhados por todas as regiões do estado. Com o suporte das tecnologias digitais, a assistência atinge 408 municípios baianos. Além de capacitação à distância, os produtores rurais também contam com consultorias online realizadas por profissionais que atendem durante quatro horas uma vez por mês. Esses benefícios são garantidos a produtores, trabalhadores e jovens em busca de uma formação. "Atualmente também temos um número recorde de técnicos e profissionais, como médicos veterinários, agrônomos, zootecnista, técnicos agrícolas, engenheiros de produção... são mais de 600 profissionais de empresas terceirizados e parceiras do Senar, que estão espalhados pelo estado para atender os produtores e levar consultoria e fazendo cursos de formação profissional. Isso tem democratizado o acesso à informação. O Senar tem esse desafio e a nobre missão de mudar e transformar a vida das pessoas através do trabalho", ressalta o presidente Humberto Miranda. Números do agronegócio na Bahia30% dos empregos gerados no estado são ligados diretamente ao setor. Em 2021, o segmento respondeu por 27% do PIB do estado da Bahia ( R$ 350 bilhões). Hoje existem na Bahia 760 mil produtores rurais, sendo a grande maioria pequenos produtores.  Em 2020, o setor fechou o ano com expansão nacional recorde de 24,31% na comparação com 2019, crescimento de 2,06% no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio. * Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A previsão para safra 2022-2023 é superar 11 milhões de toneladas de grãos.  O Projeto Dia do Produtor Rural é uma realização do Correio com patrocínio do Senar e apoio de Comdados, Jotagê e AJL.

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