Além de Iemanjá, candomblé tem outras divindades femininas, as Yabás, como Oxum e Iansã

Só em 2013 foram mais de 300 mil baianos e turistas, de acordo com a Colônia de Pesca Z-1, que organiza o evento

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  • Victor Villarpando

Publicado em 2 de fevereiro de 2014 às 17:28

- Atualizado há um ano

Iemanjá é, sem dúvida, a orixá mais pop do calendário religioso de Salvador. Basta ver a comoção que sua festa causa na cidade. Todo ano, centenas de milhares de pessoas lotam as ruas do Rio Vermelho durante todo o dia 2 de fevereiro. Só em 2013 foram mais de 300 mil baianos e turistas, de acordo com a Colônia de Pesca Z-1, que organiza o evento.

Oxum, Iansã, Nanã, Euá e Obá, as outras Yabás - nome dado às orixás mulheres - não são tão populares como a Rainha do Mar, mas têm seu lugar. “Se alguém me olha por mais de 30 segundos, eu cumprimento”, explica a faceira Rita Batista depois de dar um sonoro bom dia para um estranho na rua. Ela é assim, dada. Basta falar de amor, que os olhos da moça brilham. “As mulheres de Oxum cultuam o belo, cultivam a beleza do mundo. Tenho muito disso, tento tirar o melhor das pessoas, combater a sisudez e a rigidez com amor. Tem coisa mais bela no mundo que o amor?”, derrete-se, cheia do mais cantado sotaque baiano. Conversar com Rita é um deleite. Para os ouvidos e os olhos. “Do arquétipo de Oxum, tento honrar a elegância. Sei que as vezes não sou, mas eu juro que tento!”, diz a apresentadora, aos risos. Para a ialorixá Ganzelé:, do Ilê Axé Onzó Bamburucema, terreiro onde Rita foi consagrada como Ekedi suspensa de Oxum, “ela é inteligente, graciosa, doce, amável e determinada”. A bela gosta de joias e acessórios em geral, mas seu adorno preferido é o colar com penca. “Fui construindo ao longo do tempo. Comprei uma coisa de cada vez”, conta Rita.Iansã, por exemplo, divide o dia 4 de dezembro com a católica Santa Bárbara e recebe, como oferenda, fartos carurus. E se nessa cidade todo mundo é d´Oxum, como canta Gerônimo, dá para esquecer da doce e dourada orixá dos rios e cachoeiras? Jamais.  Cheios de particularidades, os arquétipos das orixás se traduzem nos comportamentos, gostos, gestos e no visual de suas filhas. Para mostrar um pouco do estilo das mulheres de Oxum e de Iansã, convidamos a apresentadora de TV Rita Batista e a instrutora de turbantes Cristiele França. Elas posaram, respectivamente, no Dique do Tororó e no alto de um prédio em Patamares. “Não mande eu me espalhar, porque pra juntar dá trabalho!”, exclama Cristiele, com o riso farto e a voz alta que lhes são característicos. A jornalista, de 29 anos, nunca teve medo de ser extravagante. “Adoro estampas, cores fores, muitas pulseiras e anéis... Gosto de me enfeitar! Às vezes acho que estou simples, mas o meu discreto, para alguns, é muito espalhafatoso”, diz a moça. Do arquétipo de Iansã, ela se identifica com o espírito guerreiro. “Sou um pouquinho desaforada, tenho sangue quente, e não sou de levar desaforo pra casa e injustiça me tira do sério”. No visual, ela já teve cabelo alisado, com permanente, black power, trançado... “Gosto de inovar, não quero ficar o tempo todo com a mesma cara”, diz. Daí surgiu uma de suas paixões, os turbantes. “Sempre gostei muito e fui descobrindo maneiras diferentes de amarrar. Por conta dos elogios, resolvi ensinar as pessoas a fazerem os seus”, conta. A próxima oficina, inclusive, acontece no próximo domingo, dia 9, no restaurante Ajeum da Diáspora, na Mouraria.